O que é dislexia? Entenda origem, sinais e diagnóstico do transtorno

No mês de outubro é celebrado o mês de conscientização sobre a dislexia, desinformação sobre o transtorno gera preconceito e dificulta diagnóstico

Publicado em 07/10/2024 às 21:56

Ter dificuldades para ler, escrever ou fazer cálculos é comum durante a infância, mas quando isso acontece de forma intensa e prolongada, pode indicar um transtorno do neurodesenvolvimento ligado a aprendizagem, a dislexia.

Outubro é o mês de conscientização sobre esse transtorno que afeta diretamente as habilidades de leitura e linguagem, impactando o desempenho escolar e o bem-estar emocional de milhões de crianças e adultos.

Embora seja o distúrbio de maior incidência nas salas de aula, a dislexia ainda é cercada por desconhecimento, o que frequentemente gera estigmas e afeta a autoestima dos estudantes, que são muitas vezes incompreendidos por colegas e professores.

O que é a dislexia?

A dislexia é um distúrbio de origem genética, resultante de uma alteração cromossômica hereditária. "Estima-se que entre metade e um terço das pessoas com dislexia tenham um parente disléxico", explica a psicóloga Frínea Andrade, diretora do Instituto Dimitri Andrade.  

Indivíduos com dislexia enfrentam dificuldades em diferentes graus, especialmente para estabelecer a memória fonêmica, o que impacta a capacidade de organizar letras e formar palavras de maneira eficiente.

"Por razões ainda desconhecidas, o cérebro do indivíduo tem dificuldade de organizar as letras e formar as palavras, não associando os sons às sílabas", destaca a psicóloga.

Um aspecto importante a ser ressaltado é que a dislexia não está relacionada a um baixo Q.I., embora existam muitos estigmas sociais em torno da condição.

Quais os principais sinais da dislexia?

"Não há um padrão de comportamento estabelecido entre pessoas com dislexia. Elas podem ser desorganizadas ou metódicas, falantes ou tímidas”, ressalta a esepecilista.

Contudo, alguns dos principais sinais são:

  • Atraso no desenvolvimento da fala;
  • Dificuldade para decodificar palavras
  • Dificuldade na produção textual, com velocidade abaixo do esperado para a idade e a escolaridade.
  • Trocar letras e sílabas, principalmente quando elas possuem sons parecidos, inverter, omitir ou acrescentar letras e sílabas,
  • Dificuldade de organização temporal, espacial e motora, como reconhecer ‘direita’ e ‘esquerda’, Discalculia
  • Dificuldade de compreensão do texto escrito

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da dislexia geralmente ocorre na infância, especialmente durante a fase de alfabetização, quando os primeiros sinais começam a aparecer.

Caso esses sinais persistam, é essencial buscar a orientação de especialistas.

"O diagnóstico é feito por psicólogos, fonoaudiólogos e neurologistas que vão diferenciar a dislexia de outros transtornos, como o TDAH, por exemplo, e ainda, descartar problemas emocionais que interfiram na leitura", ressalta a psicóloga.

Curiosamente, durante a anamnese realizada para entender o histórico da criança, os pais acabam percebendo que enfrentaram questões semelhantes na própria infância, mas sem o devido diagnóstico na época.

 

A dislexia tem cura?

A dislexia não tem cura, mas é possível levar uma vida normal se houver diagnóstico precoce e acompanhamento especializado desde cedo.

O tratamento consiste na participação de pedagogos, psicólogos e fonoaudiólogos que vão auxiliar a criança, criando estratégias para que ela supere as dificuldades com as palavras, além de estimular outras habilidades.

“Os pais devem estimular a criança a desenhar, pintar, aprender a tocar instrumentos musicais e praticar esportes. O diagnóstico precoce e a discussão do tema é a melhor maneira de evitar prejuízos no desempenho escolar e social, evitando rótulos depreciativos que levam essas pessoas a desenvolverem baixa autoestima e até mesmo ansiedade e depressão”, alerta a psicóloga Frínea Andrade.

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