A importância do brincar para o desenvolvimento infantil
Neuropediatra destaca que uso excessivo de telas no lugar de brincadeiras pode ser prejudicial para a saúde física e mental dos pequenos
É na primeira infância que acontecem os marcos de desenvolvimento físico, emocional e cognitivo. Nesse processo, a brincadeira desempenha um papel central.
No entanto, à medida que a tecnologia ocupa cada vez mais espaço na vida das crianças, elas têm trocado atividades tradicionais de interação e exploração pelo uso excessivo de telas.
"Sabemos que o uso prolongado de dispositivos eletrônicos pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades essenciais para as crianças, como a interação social, a resolução de problemas e o controle emocional", explica Paulo Scatulin, neuropediatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
O médico enfatiza que o tempo excessivo em frente às telas pode inibir o desenvolvimento de capacidades cognitivas e emocionais fundamentais para a vida adulta.
O impacto das telas no desenvolvimento infantil
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção de pessoas com 10 anos ou mais que utilizam a internet regularmente subiu de 66,1% em 2016 para 88% em 2023.
Esse aumento reflete uma maior exposição das crianças às telas, seja por meio de celulares, tablets ou computadores, o que tem elevado as preocupações quanto aos impactos no desenvolvimento infantil.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças menores de 2 anos não sejam expostas a telas e que, para aquelas entre 2 e 5 anos, o tempo de tela seja limitado a no máximo uma hora por dia.
"O uso excessivo de telas diminui a oportunidade de a criança explorar o mundo ao seu redor, limitando o desenvolvimento da imaginação e da autonomia", comenta o Dr. Paulo Scatulin.
A brincadeira como ferramenta de aprendizado
Se, por um lado, o uso excessivo de tecnologia pode limitar o crescimento infantil, por outro, a brincadeira oferece um universo de oportunidades para o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional.
"O cérebro infantil é cheio de conexões que precisam ser ativadas, e a brincadeira é uma das formas mais eficazes de estimular essas redes neurais", explica o neuropediatra.
O especialista também destaca que crianças que brincam frequentemente tendem a desenvolver melhor suas habilidades de resolução de problemas, pensamento crítico e capacidade de adaptação.
O risco da ausência de brincadeiras
Crianças que não têm oportunidades de brincar ao ar livre ou de interagir socialmente com seus pares podem apresentar maiores dificuldades de atenção, além de um aumento nos níveis de ansiedade e irritabilidade.
"Sem a brincadeira, a criança perde uma das principais ferramentas para aprender a gerenciar suas emoções e enfrentar os desafios do dia a dia", alerta o Dr. Scatulin.
A longo prazo, a falta de estímulos lúdicos pode comprometer o desempenho acadêmico e o desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida adulta.
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Equilibrando tecnologia e brincadeiras
"Os pais não precisam proibir completamente o uso de dispositivos eletrônicos, mas devem garantir que seus filhos tenham um tempo adequado para brincar e interagir com o mundo ao redor", sugere o neuropediatra.
Ele reforça que o tempo de tela deve ser monitorado e equilibrado com atividades criativas e interativas.