Histeroscopia: o procedimento seguro da ginecologia moderna

Em entrevista ao JC PE a ginecologista Tânia Filgueira destaca os benefícios e aplicações do procedimento minimamente invasivo

Publicado em 16/10/2024 às 5:00

A histeroscopia — método de endoscopia, onde é utilizado soro fisiológico sob pressão para visualizar e tratar patologias da cavidade uterina — tem se destacado na ginecologia como uma ferramenta para diagnósticos e para tratamentos dentro da cavidade uterina.

Em entrevista ao JC PE, a ginecologista Dra. Tânia Filgueira, que realiza cirurgias no Hospital Jayme da Fonte, disse que o procedimento é considerado o "padrão-ouro na ginecologia" devido à sua precisão e ao seu caráter minimamente invasivo.

"Com essa técnica, conseguimos tratar diversas patologias sem a necessidade de uma cirurgia mais invasiva, como a histerectomia (retirada do útero)", explica a especialista. Entre suas principais vantagens está o fato de não exigir internação, com a paciente podendo retornar para casa no mesmo dia, salvo raras exceções em casos de observação.

Tipos de histeroscopia

Existem dois tipos de histeroscopia: a diagnóstica e a cirúrgica. A primeira é utilizada principalmente em casos de sangramento uterino anormal sem diagnóstico preciso por outros métodos, como ultrassom.

"Ela também é indicada para investigar espessamento endometrial em pacientes na menopausa e para avaliar casais com dificuldades para engravidar", destaca a Dra. Tânia. Já a histeroscopia cirúrgica é empregada para a retirada de miomas submucosos, pólipos, restos placentários, além de ser útil para liberar aderências intracavitárias ou remover dispositivos intrauterinos (DIUs) posicionados de maneira inadequada.

"A histeroscopia nos permite resolver uma ampla gama de problemas ginecológicos sem necessidade de uma intervenção maior, como a retirada do útero", reforça a médica, mencionando que o procedimento também é utilizado para tratar malformações uterinas e realizar ablações endometriais em casos de sangramentos recorrentes.

Benefícios

Um dos principais atrativos da histeroscopia é o fato de ser menos invasiva do que outras alternativas, como a histerectomia. "Além de evitar uma cirurgia maior, a recuperação das pacientes é muito mais rápida", afirma a ginecologista. "Em geral, elas estão completamente recuperadas em cerca de uma semana", completa.

A Dra. Tânia Filgueira também destaca que a histeroscopia tem um papel fundamental na detecção precoce de câncer de útero. "Os avanços na medicina permitiram que esse procedimento se tornasse uma ferramenta valiosa para diagnosticar doenças em estágios iniciais, o que aumenta significativamente as chances de cura", comenta.

Junior Souza/JC Imagem
A ginecologista Tânia Filgueira - Junior Souza/JC Imagem

O procedimento

A histeroscopia é realizada com a paciente sedada e posicionada em mesa ginecológica. Após a assepsia vaginal, o médico introduz o histeroscópio — um instrumento equipado com uma ótica de 30º — para visualizar a cavidade uterina, que é distendida com soro fisiológico.

"Na histeroscopia cirúrgica, utilizamos uma alça bipolar para ressecar as lesões encontradas, que depois são enviadas para análise", explica a especialista. O tempo de duração do procedimento varia, mas a versão cirúrgica costuma durar cerca de 20 minutos, dependendo da complexidade do caso e da condição do colo uterino.

Riscos e contraindicações

Embora seja considerada uma técnica segura, a histeroscopia pode apresentar algumas complicações, especialmente na versão cirúrgica. "Perfurações uterinas e sangramentos são raros, mas podem ocorrer", alerta a Dra. Tânia. Além disso, o uso inadequado do soro fisiológico sob pressão pode ocasionar acúmulo de líquido nos pulmões, exigindo atenção redobrada do cirurgião durante o procedimento.

No pós-operatório, a médica orienta repouso relativo por cinco dias, evitando atividades físicas e relações sexuais por até 10 dias, além de banhos de mar ou piscina. "Esses cuidados são importantes para garantir que o colo do útero, que fica momentaneamente aberto, se feche de forma adequada e evite infecções", pontua.

O procedimento é contraindicado para pessoas grávidas ou com infecções pélvicas agudas. Contudo, é altamente recomendado em casos de infertilidade conjugal, quando o médico precisa avaliar a cavidade uterina e a ovulação. "Nos casos de infertilidade, a histeroscopia pode ser determinante para planejar uma fertilização in vitro ou outras abordagens terapêuticas", conclui Dra. Tânia.

É importante ressaltar que a escolha de um profissional experiente e de um hospital com estrutura adequada é fundamental para garantir a segurança do paciente.

Hospital Jayme da Fonte

O Hospital Jayme da Fonte conta com toda a estrutura necessária para a realização de procedimentos como a histeroscopia. O centro cirúrgico e a equipe médica do hospital garantem todo o suporte necessário para que as pacientes recebam um atendimento completo e de qualidade.

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