Menos tempo no hospital e melhor qualidade de vida: saiba mais sobre a endoscopia biportal
Técnica minimamente invasiva, com cortes de cerca de 1 cm, possibilita ao paciente uma recuperação e alta hospitalar mais rápidas
Dores crônicas na coluna vertebral podem limitar significativamente a qualidade de vida. Contudo, avanços da medicina proporcionam tratamentos cada vez menos invasivos e mais eficazes para tratar diversas condições da coluna. A endoscopia biportal é um desses tratamentos, que permite aos pacientes voltar às suas atividades diárias mais rapidamente, com menos dor e uma melhor qualidade de vida.
O que é endoscopia biportal?
A técnica biportal (UBE - unilateral biportal endoscopy em inglês) consiste no uso de dois acessos para a coluna de forma endoscópica - cirurgia por vídeo. “Um portal usamos para colocar o endoscópio e o outro utilizamos para passar pinças, tesouras, e outros instrumentos para realização da cirurgia”, explica Erlan Pércio, neurocirurgião do Real Hospital Português (RHP).
Os portais são feitos com cortes mínimos, de cerca de 1 cm. Em comparação à técnica convencional (Uniportal), a biportal proporciona maior amplitude de movimentos de ambas as mãos durante a operação, facilitando a criação de um campo cirúrgico mais amplo e maior visualização das estruturas.
A técnica minimamente invasiva tem menor dano tecidual, menor dor pós operatória e recuperação mais rápida. Assim, o paciente pode ter alta hospitalar após o intervalo de, no máximo, 12h a 24h do procedimento.
“Pelo fato de permitir uma visão mais ampla da região operada, possibilita consequentemente maior descompressão dos nervos, e o paciente tem uma recuperação dos nervos de forma mais rápida. Geralmente a melhora dos sintomas de hérnia de disco é sentida logo no pós imediato”, detalha o neurocirurgião.
De acordo com Erlan, outras patologias que podem ser tratadas pela endoscopia biportal são: apertos do canal vertebral (estenose), instabilidade da coluna com necessidade da fixação (artrodese), tumores e biópsias. “Não existe uma contraindicação absoluta da técnica, mas nos casos em que há necessidade de artrodeses longas, como por exemplo casos de escoliose, optamos por outras técnicas mais convencionais”, acrescenta.
A técnica também pode ser utilizada no tratamento de tumores limitados às vértebras e à região dos nervos. “Por exemplo metástases com necessidade de ressecção e retirada de fragmentos para biópsia”, exemplifica o especialista.
Tecnologia e futuro
Erlan também comenta sobre a conexão da técnica à inteligência artificial (IA). “O uso da IA associada com a UBE, por exemplo, com uso de robôs e navegação intra operatória já é uma realidade. A IA pode possibilitar guiar o cirurgião sem a necessidade do uso de raio-x durante a cirurgia, observando em tempo real a sua localização e a necessidade de mais ou menos descompressão dos nervos”, explica.
O neurocirurgião afirma que as técnicas continuam sendo aprimoradas: “Já se fala em dia de técnicas multiportais, ou seja, com múltiplas visões de ângulos diferentes para determinada região. Então, futuramente, poderemos ter aparelhos de endoscopia que possibilitam visões ainda mais amplas em casos oncológicos.”
Real Hospital Português
Referência no setor hospitalar e no atendimento, o Real Hospital Português (RHP) conta com infraestrutura diferenciada e equipamentos modernos.
O neurocirurgião Erlan destaca a instituição como vanguardista nos procedimentos modernos, inclusive de cirurgia da coluna. “Realizei a primeira UBE do Recife no RHP. O hospital sempre proporciona a realização dessas técnicas mais modernas e isso representa um grande diferencial no tratamento das patologias da coluna”, finaliza.