Profilaxia é vital em casos de raiva humana; paciente internada no Oswaldo Cruz não realizou o procedimento
Soro e vacina podem ser encontrados na rede pública de saúde. No entanto, nas unidades hospitalares municipais, apenas a vacina é disponibilizada
A raiva humana, uma das doenças mais letais conhecidas possui a taxa de mortalidade, estimada em quase 100%.
No Recife, uma mulher de 56 anos, moradora de Santa Maria do Cambucá, no Agreste, luta contra a infecção após ser atacada por um sagui no dia 28 de novembro de 2024.
O caso, que foi confirmado nesta terça-feira (09), reacende o alerta para a importância da profilaxia antirrábica, realizada com soro e vacina, fundamental para diminuir a gravidade da doença após exposição ao vírus. De acordo com médica responsável pelo caso, a paciente internada no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), não realizou o procedimento.
A mulher segue em estado grave, submetida ao mesmo protocolo de tratamento que salvou, em 2008, Marciano Menezes da Silva, único caso de sobrevivência registrado no Brasil.
O que é profilaxia?
Profilaxia é o conjunto de medidas preventivas adotadas para evitar o surgimento de uma doença, especialmente em casos de exposição a agentes infecciosos.
No contexto da raiva, o procedimento é fundamental, já que a doença é fatal na maioria dos casos. A profilaxia antirrábica humana consiste na administração de vacina e soro antirrábico.
Assim que uma pessoa é exposta ao vírus, deve procurar imediatamente uma unidade de saúde para avaliação e início do protocolo.
No Estado, os soros são disponibilizados nas unidades regionais de saúde, pois têm um custo maior de produção, enquanto as vacinas estão disponíveis em todos os municípios. De acordo com a médica Ana Flávia Campos, do Huoc, a paciente de Santa Maria do Cambucá não teria realizado a profilaxia.
"Uma vez que o profissional de saúde indica a profilaxia, é o soro e a vacina. Ela procurou o hospital municipal, onde só existe a vacina. Nos hospitais regionais, tem o soro, pois o soro é mais caro para produzir. Ela foi orientada a procurar o hospital regional de Caruaru, depois ela voltaria ao município para tomar as doses. Ela não foi tomar o soro e consequentemente não tomou a vacina", explicou a médica em entrevista ao JC.
As informações foram passadas para a equipe médica do Huoc pelos familiares e pela própria paciente quando deu entrada no hospital.
Protocolo de tratamento
A especialista explica que o tratamento consiste no uso de antivirais e monitoramento rigoroso para identificar e intervir em complicações.
"A paciente foi atendida no dia 31 dezembro e, no dia 2 de janeiro, teve uma piora significativa, indo para a ventilação mecânica e apresentando um quadro neurológico grave de agitação, além de insuficiência respiratória", disse a especialista.
A paciente apresenta insuficiência respiratória e está em sedação profunda, mas, até o momento, não há infecções secundárias que comprometam ainda mais sua condição.
"O prognóstico (previsão de como uma doença pode evoluir) é muito ruim, pois a raiva é quase 100% fatal. Mas a gente está aplicando nela o mesmo protocolo de Marciano, a fim de oferecer tudo o que é possível para que a paciente supere a doença, com o mínimo de sequelas. Mas não há garantias (de sobrevivência)", esclarece.