Às vésperas do Carnaval, Pernambuco se prepara para enfrentar aumento de doenças respiratórias em crianças
No período entre o outono e o inverno, historicamente há uma intensificação circulação dos vírus respiratórios no Estado de Pernambuco

Em Pernambuco, a sazonalidade dos vírus respiratórios normalmente ocorre de março a agosto e acomete principalmente crianças. A bronquiolite é a principal preocupação das famílias e pediatras nesse período, pois é a responsável pela maior parte das internações, com maior frequência em menores de 2 anos.
Infecção viral que acomete a parte mais delicada do pulmão dos bebês (os bronquíolos: eles são a continuidade dos brônquios, que distribuem o ar para dentro dos pulmões), a bronquiolite aguda é, na maior parte das vezes, causada pelos vírus respiratórios. O principal deles o vírus sincicial respiratório (VSR).
Para evitar superlotação e fila por vaga em unidade de terapia intensiva (UTI) como nos anos anteriores, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) publicou, nesta terça-feira (18), o Plano de Contingência para Doenças Respiratórias na Infância 2025. A meta é reforçar o atendimento da rede pública para o enfrentamento a doenças respiratórias e suas complicações em crianças.
O secretário-executivo de Gestão Estratégica e Coordenação Geral da SES-PE, Anderson Oliveira, diz que o Estado se prepara para abrir, de forma escalonada, mais leitos do que em 2024. "Foram 445 vagas no ano passado, juntando UTI e enfermaria. Para este ano, devemos superar este número e ofertar mais leitos à medida em que a Vigilância em Saúde sinalizar a necessidade. Queremos passar por esta sazonalidade sem tanta pressão", afirma Anderson.
O gestor destaca que o plano prevê a ampliação da capacidade de atendimento, mas não antecipa a quantidade de leitos que será colocada à disposição da população pediátrica que precisará de assistência especializada. O plano também inclui o monitoramento contínuo de solicitações por leitos e a intensificação das ações de imunização.
Sazonalidade dos vírus respiratórios em Pernambuco
Especificamente em Pernambuco, o período sazonal ocorre entre março e agosto. Esse fenômeno está relacionado a diversos fatores, como condições climáticas, alta umidade e mutações virais, além da maior exposição das crianças a ambientes fechados, como creches e escolas. O cenário contribui para o aumento da transmissibilidade dos vírus.
Esses fatores favorecem a disseminação de vírus respiratórios, como vírus sincicial respiratório (VSR), rinovírus e influenza, o que eleva o risco de evolução para casos graves (síndrome respiratória aguda grave - srag) e internações, especialmente entre populações vulneráveis, como idosos e crianças menores de 5 anos.
"O plano de contingência será agora implementado de forma permanente. É uma medida de responsabilidade para garantir a preparação da rede de saúde diante do aumento de casos", ressalta a secretária Estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti.
"É fundamental que os pais mantenham a caderneta de vacinação em dia, assegurem a higiene das mãos, usem máscaras quando necessário e evitem levar crianças gripadas para a escola. Além disso, proteger bebês menores de 6 meses da exposição a locais públicos é essencial para preservar a saúde infantil e das futuras gerações", alerta.
As doenças respiratórias representam uma das principais causas de internação e mortalidade em crianças, especialmente em grupos vulneráveis.
Durante os meses de baixa circulação viral (setembro a fevereiro), a SES-PE assegura que mantém foco no monitoramento e na preparação. Já no período sazonal (março a agosto), a prioridade é aumentar a capacidade de resposta, com reforço em leitos de UTI e ações educativas para prevenir o contágio.
NÍVEIS DE RESPOSTA
O Plano de Contingência da Sazonalidade prevê quatro níveis de resposta em saúde, a partir da identificação das ameaças. Os níveis vão de 0 a III. O primeiro deles inicia-se com o monitoramento de eventos e taxas de solicitação e ocupação de leitos. O seguinte - no caso, o nível I - é o de alerta e preparação, a partir da identificação da ocorrência de eventos de interesse em saúde pública e que podem vir a se tornar uma emergência em saúde pública.
A resposta II será acionada quando identificado certo nível de sobrecarga na rede de atenção; e o III quando uma situação de emergência estiver estabelecida, que provoque impacto nas diferentes esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), exigindo amplas resoluções.
Além disso, o Plano inclui ações de conscientização voltadas à sociedade. Para mobilização da sociedade quanto à importância da prevenção contra os vírus respiratórios, a Secretaria Estadual de Saúde irá aproximar a temática da população, por meio de campanha composta por peças gráficas e digitais.