Imip coordena Rede de Vigilância Digital de Doenças Transmitidas por Vetores no Brasil
Iniciativa debate soluções de vigilância para ampliar ferramentas digitais já implantadas no Nordeste do País e na Ilha da Madeira, em Portugal

O Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) foi escolhido para sediar o lançamento da Rede de Vigilância Digital de Doenças Transmitidas por Vetores no Brasil. O evento ocorre, desde a segunda-feira (17), na sede da instituição, na Boa Vista, Centro do Recife.
A iniciativa tem como objetivo promover soluções de vigilância digital para doenças transmitidas por vetores em todo o Brasil, a fim de ampliar as ferramentas digitais que foram implantadas no Nordeste do Brasil e na Ilha da Madeira, em Portugal.
A rede desponta para harmonizar os processos de vigilância de vetores e apoiar a tomada de decisões de saúde pública baseada em dados. Além disso, o trabalho visa o desenvolvimento de modelos baseados em inteligência artificial para identificar pontos de alto risco para a transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya.
Através da colaboração transatlântica com uma rede irmã em Portugal e no Sul da Europa, esse esforço tem como foco melhorar os sistemas de alerta precoce e contribuir com a saúde pública no Brasil.
Presente no evento, a professora de saúde digital Patty Kostkova, do University College London, no Reino Unido, chama a atenção para o aumento dos casos de arboviroses em todo o mundo.
"Com isso, destacamos a expansão geográfica das doenças em regiões de clima temperado, e não apenas de zonas tropicais. Isso tudo é decorrente do aquecimento global. Então, precisamos estar preparados para proteger a população devido ao aquecimento global", diz Patty Kostkova, que dirige o departamento de Saúde Pública Digital para Emergências do University College London.
O lançamento reúne, no Imip, pesquisadores, autoridades de saúde pública, formuladores de políticas e especialistas em tecnologia, incluindo as principais partes interessadas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas Brasil), secretários municipais, instituições acadêmicas, agências municipais e estaduais de controle de vetores.
"Temos uma colaboração com a professora Patty Kostkova que vem de muitos anos de discussões, durante crises epidemiológicas. Agora, estamos trazendo os agentes para poder colocar seus problemas e desafios, com destaque para a inovação e a tecnologia, o que ajuda a enfrentar melhor essas doenças desafiadoras", afirma o médico e pesquisador Jailson Correia, assessor de cooperação internacional do Imip.
Para ele, a vigilância aumentada das doenças transmitidas por vetores precisa ser melhor estruturada. "A internet das coisas e os sensores ambientais, por exemplo, podem ver as variações climáticas no microclima, não só o que acontece no mundo inteiro, como El Niño ou La Niña, mas também no microclima de uma região, de um bairro, de uma cidade, de um Estado. Todas essas camadas de informação podem produzir uma base de dados que permita a inteligência artificial e os algoritmos predizerem melhor o risco das comunidades e, assim, pode-se antecipar as ações de saúde", acrescenta Jailson.
O evento, que termina nesta terça-feira (18), contou ainda com a participação remota da líder da equipe sobre arbovírus da OMS Diana Rojas Alvarez.