Atraídas por boas propostas de emprego e melhores condições de vida, mais de 100 pessoas teriam sido vítimas de tráfico humano em Pernambuco nos últimos anos. É o que aponta o levantamento do Disque 100 divulgado, nesta terça-feira (29), pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Cerca de 62% das denúncias são de trabalho escravo, mas há também casos de vítimas de exploração sexual e até de adoção ilegal.
Os números mais atualizados são referentes às denúncias registradas entre os anos de 2012 e 2019. Outra informação chama a atenção: a maior parte (38%) são de vítimas aliciadas nos municípios do Recife e do Jaboatão dos Guararapes.
O número de crianças e adolescentes que teriam sido vítimas de tráfico humano no Estado é ainda maior. Foram registradas 177 denúncias entre 2012 e 2019. Desse total, 75% apontaram para o trabalho escravo e 25% para a exploração sexual e comercial.
“Quando pensamos em tráfico de pessoas, logo vem à cabeça a ideia de pessoas sendo levadas para outros países, em um avião, para exploração sexual ou remoção de órgãos. Ocorrências como essas existem, mas não podemos esquecer que há casos intermunicipais e interestaduais. O tráfico de pessoas está mais próximo do que pensamos", afirmou a procuradora do Trabalho e coordenadora regional de combate a erradicação do trabalho escravo e enfrentamento ao tráfico de pessoas (Conaete), Débora Tito.
Diante do alto número de denúncias, o MPT em Pernambuco, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, a Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal e o Grande Recife Consórcio de Transporte, está lançando uma campanha estadual de combate ao tráfico de pessoas. A iniciativa chama atenção da sociedade para casos próximos, que podem ocorrer entre os municípios e nas áreas limítrofes do Estado.
Na primeira fase da campanha, cartazes informativos serão distribuídos nos 66 terminais de transporte intermunicipal do estado e nos 2.316 veículos da frota de ônibus que circulam na Região Metropolitana do Recife.
As peças lembram a importância de estar atentos a propostas de trabalho tentadoras; alertam que casos de tráfico de pessoas não sugerem tratar-se de um crime à primeira vista; e advertem sobre a importância de tomar todos os cuidados necessários ao viajar para assumir uma proposta de emprego em outra cidade.
“Qualquer sinal estranho, que possa configurar uma relação abusiva, precisa ser informado imediatamente às autoridades. A sociedade precisa estar ciente de que o tráfico de pessoas existe e esta ação criminosa está mais próxima do que imaginamos”, declarou o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Tomé Franca.
“A denúncia, muitas vezes, é o ponto de partida para que as instituições competentes desenvolvam o seu trabalho e realizem o resgate de vítimas do tráfico de pessoas. Toda a sociedade deve estar atenta. Combater esse crime deve ser um esforço de todos”, disse Débora Tito.
Denúncias podem ser feitas ao Disque Direitos Humanos (Disque 100) ou também à Polícia Federal. Pessoas que tenham sido abordadas com propostas de sair do Estado, ou que saibam de abordagens parecidas, por exemplo, podem entrar em contato pelo número: (81) 9.9603.0384 ou pelo e-mail: interpol.drex.srpe@pf.gov.br.