Uma operação da Polícia Civil de Pernambuco, nesta quinta-feira (1º), cumpriu oito mandados de busca e apreensão em empresas fantasmas e na casa de suspeitos de integrar uma organização criminosa suspeita de homicídios, tráfico de drogas roubos e até golpe em seguradoras. Há policiais civis e militares, além de um ex-vereador de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, entre os envolvidos.
Segundo as investigações, o grupo tem ligações com criminosos de outros Estados - inclusive com a facção Comando Vermelho, que tem forte atuação no Complexo da Maré (Rio de Janeiro). Na casa do ex-vereador, cujo nome não foi revelado pela Polícia Civil, foram encontrados comprovantes bancários com nome e CPF de um integrante da facção carioca.
"Há indícios de ligações desse grupo com traficantes daquele Estado (Rio)", revelou o delegado Ivaldo Pereira, titular do Grupo de Operações Especiais (GOE), durante coletiva de imprensa.
Na chegada dos policiais à residência, o político tentou se desfazer dos comprovantes bancários, jogando-os no vaso sanitário - mas os documentos foram recuperados e passarão por perícia. Com isso, o número de investigados deve aumentar.
Na operação, autorizada pela Segunda Vara Criminal da Comarca de Jaboatão dos Guararapes, também houve o bloqueio de R$ 64 milhões ligados ao grupo criminoso.
As investigações tiveram início em 2020, mas o grupo já estaria atuando no Grande Recife há pelo menos cinco anos. Um perito papiloscopista, três policiais militares de Pernambuco e um de Alagoas, um ex-PM, além de outras pessoas, já foram identificados.
Os policiais seriam os líderes. "Eles atuavam diretamente no crime. Facilitavam a atuação de outros indivíduos, porque se utilizavam da questão de ser servidor público para facilitar a execução dos crimes", declarou o delegado.
"Nós temos o envolvimento em homicídios, lavagem de capitais, organização criminosa, receptação, tráfico de drogas, roubos. Então, o cardápio em relação aos ilícitos penais é bastante vasto."
"Seguindo esse caminho do dinheiro, descobrimos que o tráfico de drogas era realizado através de uma das empresas, que foi alvo da operação, que enviava esse capital para os Estados de Roraima, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, para aquisição dessa droga", contou Ivaldo Pereira.
O grupo também aplicava golpes em seguradoras.
"São vários boletins de ocorrência registrando roubos de veículos. Só de 17 investigados, são 30 veículos que existem B.Os de roubo. Só de um indivíduo, há nove B.Os de roubo. É o mesmo padrão: dois indivíduos chegaram na moto e roubaram o veículo dessa pessoa. Então, fica claro que existe aqui um golpe na seguradora. Eles realmente recebiam esses valores da seguradora. E também houve indivíduos presos em flagrante por roubo e receptação", explicou.
Em relação aos homicídios, o delegado afirmou que teriam como motivação a queima de arquivo.
"Há vários homicídios em Jaboatão dos Guararapes. A informação é de que eles mesmos estavam se matando por queima de arquivo. Temos dois investigados que desapareceram e temos informação de que eles foram mortos por membros desse grupo. Estamos prosseguindo com a investigação para ver se a gente consegue localizar esse pessoal e também chegar à conclusão desses homicídios", disse Ivaldo Pereira.
Durante a operação, a Polícia Civil apreendeu também carros, armas, munições, computadores e celulares.