INVESTIGAÇÃO

Polícia Militar investiga ameaça a uma subcomandante de batalhão no Recife

Ameaça foi escrita na parede do auditório do 16º Batalhão da PM, que fica na área central do Recife

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 16/01/2023 às 13:24 | Atualizado em 16/01/2023 às 14:02
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Sede do 16º Batalhão da Polícia Militar de Pernambuco, na área central do Recife - FOTO: TV JORNAL/REPRODUÇÃO

Menos de um mês após um soldado da Polícia Militar entrar na sede do 19º Batalhão e atirar em quatro colegas de farda, um caso de ameaça contra uma subcomandante está sendo investigado no Recife.

Por volta das 17h40 desse domingo (15), um tenente que estava de plantão no 16º Batalhão, no bairro de São José, área central do Recife, informou ao seu superior que havia encontrado na parede do auditório a seguinte mensagem: "Cuidado Maj para não ser a próxima".

O nome da major, que é subcomandante do batalhão, foi escrito na parede. Mas não será informado na reportagem por motivo de segurança. 

Após a descoberta da mensagem, o local foi isolado e passou pela perícia do Instituto de Criminalística. O laudo ainda será entregue.

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Ameaça à subcomandante do 16º Batalhão da PM foi escrita em parede de auditório - REPRODUÇÃO

A suspeita é de que a mensagem tenha sido escrita por um policial militar lotado no batalhão, visto que o acesso ao imóvel é bastante restrito. 

Em nota, a Polícia Militar de Pernambuco declarou que "os fatos estão sendo apurados em investigação específica, inclusive com os procedimentos periciais necessários, de maneira a identificar circunstâncias e autoria, para completa elucidação da questão". 

O prazo legal para conclusão do inquérito policial militar é de 40 dias, podendo ser prorrogado por mais 20. 

A Coluna Segurança questionou à assessoria da Polícia Militar sobre quais medidas foram adotadas para garantir a segurança da subcomandante do 16º Batalhão, mas não houve resposta.

A coluna apurou que, já há algum tempo, o clima no batalhão é de muita insatisfação entre os militares. Os relatos são de pressão por queda nos números da violência, perseguição e excesso de plantões extras. Fatos que podem ter relação com a ameaça à subcomandante. 

TIROS E MORTES NO 19º BATALHÃO

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Na sala de monitoramento do 19º batalhão, uma câmera filmou o momento em que tiros são disparados pelo soldado Guilherme Barros. Imagens mostraram PMs tentando se proteger - REPRODUÇÃO

Enquanto instaura investigação para apurar o responsável pela ameaça à subcomandante do 16º Batalhão, a Polícia Militar de Pernambuco ainda não concluiu o inquérito relacionado ao caso do soldado da Polícia Militar Guilherme Santana Ramos de Barros, de 27 anos.

Depois de assassinar a esposa grávida no Cabo de Santo Agostinho, o policial seguiu até o 19º Batalhão, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, onde atirou em quatro militares e depois teria se matado.

Enquanto seguia para batalhão, o soldado disse a um motorista de aplicativo, rendido por ele, que iria "matar os inimigos". 

Na sede do 19º Batalhão, o sargento Maurino Uchoa foi baleado de raspão na cabeça. Já o cabo Paulo Rebelo foi ferido no ombro. Ambos receberam alta na mesma semana e já foram ouvidos pelos investigadores.

Também foram atingidos pelos tiros o 2º tenente Wagner Souza do Nascimento, de 30 anos, que morreu na hora, e a major Aline Maria Lopes dos Prazeres Luna, 42, que era subcomandante do 19º Batalhão. A PM chegou a ser socorrida e levada para o Hospital Português, mas faleceu no mesmo dia.

A investigação militar vai apontar o que motivou o soldado a atacar os colegas. Deve explicar também se ele cometeu suicídio ou foi morto em legítima defesa. Câmeras se segurança do batalhão também já foram analisadas.

Em paralelo, a Polícia Civil já concluiu que o soldado cometeu o feminicídio da esposa, Cláudia Gleice da Silva, 33, porque não aceitava o fim do relacionamento. O caso será arquivado pela Justiça, já que ele está morto.

SAÚDE MENTAL DOS POLICIAIS MILITARES

A tragédia envolvendo o soldado do 19º Batalhão e agora o caso de ameaça à subcomandante do 16º reforçam a necessidade de atenção à saúde mental dos profissionais de segurança. 

O novo comandante geral da PM, coronel Tibério César dos Santos, afirmou que está em análise a contratação de mais psicólogos para atendimento ao efetivo policial. 

"O objetivo é lutar para que cada batalhão tenha um psicólogo no seu quadro para dar prevenção, orientação e identificar possíveis comportamentos que precisam de atenção", explicou, em entrevista à Coluna Segurança.

A corporação pernambucana conta, atualmente, com pouco mais de 16 mil policiais militares na ativa. Os profissionais estão divididos em 26 batalhões - sem contar as outras 14 unidades especializadas (a exemplo do Batalhão de Polícia de Radiopatrulha e Batalhão de Operações Especiais). 

"A Polícia Militar já tem a Diretoria de Ação Social, com psicólogos (fica no Recife). Nossa proposta é aumentar a quantidade desses profissionais, através de contratação junto ao governo do Estado. Nós também temos núcleo de assistência no município de Petrolina, com psicólogos que atendem também Salgueiro e Cabrobó. Nós temos em Serra Talhada, que atende Afogados da Ingazeira", citou o comandante.

Também há centros de assistência à saúde da PM em Palmares, na Mata Sul do Estado, e em Caruaru, no Agreste. 

Em vistoria no 19º Batalhão, há pouco mais de um ano, promotores de Justiça da Capital identificaram  um número alto de licenças-médicas de policiais militares por problemas de saúde mental

Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, sete policiais militares da ativa cometeram suicídio em Pernambuco em 2021. Já em 2020, foram quatro óbitos.

O comandante geral da PM não deu prazo para aprovação do projeto de contratação dos psicólogos para cada batalhão. 

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Na sala de monitoramento do 19º batalhão, uma câmera filmou o momento em que tiros são disparados pelo soldado Guilherme Barros. Imagens mostraram PMs tentando se proteger - FOTO:REPRODUÇÃO
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Ameaça à subcomandante do 16º Batalhão da PM foi escrita em parede de auditório - FOTO:REPRODUÇÃO

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