Os direitos humanos, tão criticados pelos bolsonaristas, garantiram a liberdade de parte dos golpistas após os atos violentos em Brasília registrados no último domingo (08).
Por "questões humanitárias", a Polícia Federal liberou 599 pessoas que foram detidas após as invasões e vandalismo nos prédios da Praça dos Três Poderes. A informação foi divulgada na tarde desta terça-feira (10).
Segundo a Polícia Federal, foram conduzidas pela Polícia Militar do Distrito Federal mais de 1.500 pessoas envolvidas nos atos antidemocráticos do último domingo para a Academia Nacional de Polícia, após determinação do Supremo Tribunal Federal.
A maioria dos detidos estava nos acampamentos instalados ao lado do Quartel-General do Exército.
"Até o momento, 727 pessoas foram presas. Por questões humanitárias foram liberados 599 detidos, em geral idosos, pessoas com problemas de saúde, em situação de rua e mães acompanhadas de crianças", disse a PF.
Os presos estão sendo apresentados à Polícia Civil do Distrito Federal, responsável pelo encaminhamento dos detidos ao Instituto Médico Legal e, posteriormente, ao sistema prisional.
Os procedimentos estão sendo acompanhados, ininterruptamente, pela Ordem dos Advogados do Brasil, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Saúde do DF, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Defensoria Pública da União.
"Todos estão recebendo alimentação regular (café da manhã, almoço, lanche e jantar), hidratação e atendimento médico quando necessário", afirmou a PF.
O governo do Distrito Federal divulgou, na noite desta terça-feira, uma lista com 412 nomes de pessoas que já foram encaminhadas aos presídios. (Veja lista aqui)
Os homens que fazem parte da lista foram levados para o Centro de Detenção Provisória 2, na Papuda. Já as mulheres foram para a Penitenciária Feminina do DF.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, declarou que setores do agronegócio participaram do financiamento de grupos bolsonaristas envolvidos nas invasões e depredações nas sedes do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
"Eu prefiro não me intrometer em investigações que competem à PF (Polícia Federal) e é precoce porque pode revelar ideia de generalização. Há pessoas vinculadas a este segmento econômico que participaram, é inequívoco, mas isso não significa generalização. Sejam quem for, serão chamados à responsabilização penal e civil", afirmou Flávio Dino, em entrevista coletiva nessa segunda-feira (09).
Segundo o ministro, a identificação dos financiadores dos atos antidemocráticos vai começar pelos contratantes dos ônibus que levaram os bolsonaristas ao Distrito Federal.
"Não é possível distinguir nitidamente possibilidades de financiamento. O que é possível é dizer cabalmente que há financiamento", destacou.
Denúncias sobre os atos antidemocráticos podem ser feitas para o e-mail do Ministério da Justiça: denuncia@mj.gov.br.