VIOLÊNCIA

Pernambuco fecha 2023 com aumento de 5,98% nas mortes violentas intencionais

Estatísticas preliminares, obtidas pelo JC, apontam que 3.632 pessoas foram assassinadas no último ano

Imagem do autor
Cadastrado por

Raphael Guerra

Publicado em 02/01/2024 às 12:06 | Atualizado em 06/01/2024 às 8:55
Notícia
X

Pernambuco fechou o ano de 2023 com aumento nas mortes violentas intencionais. Estatísticas preliminares do governo estadual, obtidas pelo JC, apontam que ao menos 3.632 pessoas foram assassinadas. O crescimento foi de 5,98% em relação a 2022, quando 3.427 vidas foram perdidas por causa da violência.

Quando se fala em mortes violentas intencionais, como são classificadas pela Secretaria de Defesa Social (SDS), estão englobados os homicídios, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e os óbitos em intervenções policiais. 

Só no último mês de dezembro, 343 pessoas foram mortas no Estado. Ao todo, 36 ocorrências a mais do que no mesmo período de 2022, segundo os dados preliminares. 

Questionada pelo JC, durante solenidade para entrega de novas motocicletas para a Polícia Militar, nesta terça-feira (2), a governadora Raquel Lyra argumentou que está trabalhando para reverter os números ao longo dos próximos três anos.

"Todo mundo sabe que esse trabalho de combate à criminalidade no nosso Estado precisa ser um trabalho que seja sustentável. A criminalidade em Pernambuco não aumentou da noite para o dia. Agora a gente está fazendo uma estruturação das forças operacionais de polícia, trabalhando com sistema de inteligência policial, fortalecendo o sistema penitenciário e garantindo um trabalho de prevenção social", declarou, no Palácio do Campo das Princesas.

"Esse trabalho, com essa meta do Junto pela Segurança, nós vamos reduzir a criminalidade em 30% até o ano de 2026. Mas é um trabalho que tem começo, meio e não tem fim", completou Raquel. 

A meta de redução em 30% nos números da violência tem como base o resultado de 2022. Além das mortes violentas intencionais, o governo estadual promete a queda nos crimes patrimoniais, nos roubos e furtos de veículos e na violência contra a mulher. 

ESPERA POR REUNIÕES PERIÓDICAS

Em meio ao aumento das mortes violentas intencionais, existe uma expectativa - e até cobrança de políticos da oposição - para que a governadora Raquel Lyra dê início a reuniões periódicas com os gestores da segurança pública (chefes da Polícia Civil, comandantes da PM, entre outros) para avaliar resultados, discutir ideias e autorizar investimentos dentro do Juntos pela Segurança - como ocorria mensalmente no Pacto pela Vida, nos 16 anos de gestão do PSB. 

Nos bastidores, inclusive, secretários municipais de pastas similares à SDS também criticam a demora por uma reunião da governadora para discutirem parcerias e ideias de como as prefeituras podem contribuir com a redução da violência - com ajuda de recursos repassados pelo Estado. 

ENTREGA DE MOTOS PARA A POLÍCIA MILITAR

Hesíodo Góes/Secom
Novas motos para a Polícia Militar foram entregues nesta terça-feira (2) - Hesíodo Góes/Secom

No primeiro dia útil de 2024, a governadora Raquel Lyra entregou 105 motocicletas para a Polícia Militar. Os novos veículos serão usados pelo efetivo da Região Metropolitana do Recife, além de batalhões localizados nos municípios de Goiana, Caruaru, Arcoverde e Petrolina. Deste quantitativo, 14 serão destinadas à Operação Lei Seca.

O governo estadual prometeu que, até o final do mês, um total 428 motos serão entregues às forças de segurança, incluindo o Corpo de Bombeiros, Polícia Civil. O investimento é de R$ 5,7 milhões.

"Estamos iniciando um novo ano com mais equipamentos disponíveis para que os policiais possam trabalhar de maneira mais eficiente e também garantindo segurança para eles. Parte delas substitui as antigas e outras são um acréscimo que garante a nós um aumento em 65% do quantitativo de motocicletas disponíveis no policiamento no nosso Estado. A gente sai de algo em torno de um pouco mais de 250 e vamos para mais de 460 motos", disse Raquel Lyra. 

Atualmente, Pernambuco conta com 258 motos patrulhas e de resgate que são utilizadas pelas polícias Militar e Civil, pelo Corpo de Bombeiros e Lei Seca.

"A efetividade da moto é muito grande para a segurança pública, porque ajuda no acesso a lugares em que a viatura de quatro rodas não chega e que se fosse fazer a pé seria muito mais lento, muito mais demorado", destacou o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho.  

QUEDA DE BRAÇO COM DELEGADOS

Durante a solenidade de entrega das motos, a governadora Raquel Lyra também foi questionada pelo JC sobre a decisão dos delegados de não participarem do Programa de Jornada Extra da Segurança (PJES), os plantões voluntários que são necessários à noite e nos fins de semana por causa do déficit de profissionais. A categoria alegou que falta diálogo com o governo estadual.

"Nós temos dialogado com as forças operacionais de polícia desde o início do nosso governo. A gente está trabalhando para poder garantir que a gente possa atender as expectativas. É claro que todo mundo sabe que nós não pegamos o Estado numa situação financeira organizada e era impossível que a gente pudesse enfrentar a pauta de aumento salarial no ano passado", afirmou Raquel Lyra. 

"O processo de negociação é retomado esse ano. No ano passado inteiro houve, tanto que houve diversas melhorias. Essa entrega de hoje é uma das reivindicações da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros Militar, e nós vamos continuar trabalhando nesse sentido, esperando poder atender às expectativas dentro daquilo que é suportável pelo poder público", disse. 

Com a entrega dos PJES, a Polícia Civil montou uma nova escala para este mês de janeiro com o objetivo de evitar que delegacias de plantão deixem de funcionar 24h.

Mais de 40 delegados do Estado foram escalados para  jornadas de 24 horas (com descanso de 72h), precisando deixar suas delegacias de origem durante o mês. Por causa disso, a condução de investigações de crimes deve ser afetada nesse período. 

Além do reajuste salarial, a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Pernambuco (Adeppe) reivindica melhores condições de trabalho. 

Tags

Autor