Um vigilante foi preso em flagrante na manhã desta sexta-feira (26) por suspeita de atirar no paciente do Hospital da Restauração (HR) que matou um segurança da unidade hospitalar, fez um motorista de refém e tentou fugir em uma ambulância.
O delegado Victor Leite explicou que a prisão do outro vigilante, que não teve nome informado, foi efetuada por ele ter disparado contra o agressor quando ele já estava detido e deitado no chão da Avenida Agamenon Magalhães, em frente ao hospital. Toda a ação foi registrada em vídeo.
"O que foi trazido no momento foi o vídeo que mostra uma execução. Como os depoimentos não indicam uma legítima defesa clara do vigilante que efetuou o disparo, ele está sendo em flagrante por essa suposta execução", explicou o delegado Victor Leite. As investigações seguem em curso e a cargo da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE).
O diretor do Sindicato dos Vigilantes de Pernambuco (Sindesv-PE), Mauro Barbosa, defendeu que houve legítima defesa, afirmando que o vigilante chegou a ser atingido pelo suspeito e que só não foi ferido por causa do colete à prova de balas.
"Houve uma nova troca de tiros e ele foi alvejado. Só que ele não cessou a agressão. De acordo com o depoimento de outros vigilantes que estavam na ocorrência, ele caiu, esboçou uma reação e o segurança notou", alegou Barbosa.
ENTENDA O CASO
Tudo começou por volta das 5h quando o paciente, que não teve o nome divulgado, roubou a arma de fogo do vigilante Nivaldo Bezerra, de 66 anos, durante a troca de turnos dos profissionais, e atirou contra ele. Logo depois, o paciente fez um motorista de refém e tentou tentado fugir em uma ambulância, mas acabou sendo baleado pelos outros seguranças da unidade de saúde.
Nivaldo estava em processo de aposentadoria e prestava seu último plantão na unidade. Já o paciente, que também não teve o nome divulgado, estava internado na emergência geral, na unidade de trauma, de acordo com o diretor do HR, Petrus Andrade Lima.
O médico informou que nenhum outro paciente ou funcionário foi atingido no conflito. "Todos os outros pacientes continuam bem e a equipe de saúde e vigilância continuam funcionando normalmente", afirmou.
Nivaldo e o paciente foram socorridos para o próprio HR, mas não resistiram aos ferimentos e acabaram morrendo na Ala Vermelha do hospital.
A corretora de seguros Valéria Aragão, que estava acompanhando a mãe internada, presenciou toda a cena e o pânico gerado no hospital. "Minha mãe quase foi atingida, porque ela estava do lado do cara. Imagina o desespero, porque ela está com os dois braços engessados, não tinha nem como correr. Foi terrível. Muita gente correndo", relatou.
SIMEPE REPUDIA VIOLÊNCIA
O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) publicou nota expressando "repúdio e profunda preocupação" com o acontecimento e apontou a superlotação como fator contribuinte para o desfecho. "Corredores e alas abarrotadas de pacientes dificultam a efetiva supervisão e controle por parte das equipes de segurança, criando um ambiente onde tragédias como esta podem ocorrer", divulgou.
Ainda, repudiou a contínua exposição ao risco enfrentada por médicos, demais profissionais de saúde e pacientes e cobrou "ações imediatas e efetivas que garantam a segurança e a integridade de todos os que frequentam o Hospital da Restauração e demais unidades da rede estadual".
"É essencial que medidas robustas sejam implementadas para garantir um ambiente seguro onde a saúde possa ser prestada com a dignidade que a população pernambucana merece", pediu.