Com infiltrações no IML do Recife, tomógrafo de R$ 1,5 milhão tem funcionamento interrompido
Núcleo de Radiologia e Imagem Forense foi inaugurado pela governadora Raquel Lyra em 30 de abril, mas já apresenta problemas estruturais
Pouco mais de dois meses após a governadora Raquel Lyra inaugurar o Núcleo de Radiologia e Imagem Forense, na sede do Instituto de Medicina Legal (IML), no Recife, o espaço já apresenta problemas estruturais. E o mais grave: por causa de infiltrações, o aparelho de tomografia computadorizada, com custo de R$ 1,5 milhão, teve o funcionamento interrompido.
O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE) afirma que o aparelho quebrou, mas a Secretaria de Defesa Social (SDS) alega que houve um desligamento preventivo por causa das infiltrações.
A entidade, responsável pela denúncia, trava uma queda de braço com o governo do Estado devido às negociações por reajuste salarial e melhores condições de trabalho. Nesta quinta-feira (11), a categoria realizou uma paralisação de advertência.
O tomógrafo auxilia na descoberta das causas das mortes - sobretudo de pessoas vítimas de violência. Ele foi adquirido em 2022, na gestão Paulo Câmara, mas somente começou a ser usado após a inauguração do Núcleo de Radiologia, porque não havia estrutura adequada no IML para recebê-lo. Por quase dois anos, o aparelho permaneceu guardado em um depósito da SDS.
A Associação de Polícia Científica de Pernambuco (APOC-PE) confirmou que também tomou conhecimento da queima do tomógrafo. Em nota, a entidade disse que "lamenta profundamente a situação".
"É essencial que as responsabilidades sejam apuradas. A APOC-PE reconhece que a aquisição do tomógrafo representou um avanço significativo para o estado de Pernambuco, mas destaca que a infraestrutura antiga do IML Recife continua a causar problemas", disse.
Na época da inauguração, a gestão afirmou que Pernambuco era o primeiro Estado do Norte e Nordeste a implementar um centro voltado exclusivamente para as perícias tanatoscópicas. O investimento total foi de R$ 2,6 milhões.
SDS DIZ QUE APARELHO PRECISOU SER DESLIGADO
A nota, a assessoria da SDS declarou que, desde que foi instalado, "o tomógrafo nunca quebrou e encontra-se, nesta quinta-feira (11), em funcionamento normal".
"Por causa de pontos críticos vulneráveis na sala decorrentes de infiltrações, o tomógrafo precisou ser desligado para não haver queima do equipamento", disse a assessoria.
"Para garantir a proteção do tomógrafo, a SDS notificou formalmente a empresa responsável pela reforma da sala, solicitando a adequação da estrutura, visando 'blindar' o equipamento para situações futuras previstas desses meses chuvosos, o que foi atendido", completou a SDS.
IMPORTÂNCIA DO EQUIPAMENTO
No ano de 2023, a polícia registrou 3.637 casos de pessoas assassinadas em Pernambuco. Em 81% das ocorrências, a arma de fogo foi utilizada na execução. O número demonstra o quanto o tomógrafo é necessário ao trabalho dos profissionais envolvidos com exames periciais e no avanço das investigações para combater a violência.
O equipamento de alta complexidade realiza exames, com imagens de melhor qualidade, para identificar os projéteis de bala nos corpos das vítimas de violência.
Só para a manutenção preventiva e corretiva do aparelho de tomografia (como a reposição de peças), a SDS precisará gastar em média R$ 48 mil por mês.