O secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sabburro, afirmou que o Nordeste deve ser a primeira região a receber o projeto-piloto que está sendo desenvolvido para retomar os territórios que atualmente estão sob o domínio do crime organizado.
Segundo ele, o projeto está sendo criado em parceria com universidades, sociedade civil, estados e municípios. A ideia é que, imediatamente após a operação policial, esses espaços permaneçam ocupados pelo Estado e que contem com ações de cidadania para os cidadãos.
"Nós estamos idealizando algo que possa ser feito com muito trabalho prévio e profundo de inteligência, analisando a economia do crime no local, para que haja num primeiro momento essa atuação das forças (policiais), mas, imediatamente após, como eu gosto de dizer, que se finque a bandeira da cidadania, envolvendo a União, envolvendo o Estado, envolvendo o município, para que aquele território possa ser um novo elo de cidadania na nossa população", declarou.
"Mais do que isso: a gente quer que as pessoas continuem morando lá. Mas a gente quer que as pessoas possam desenvolver seus próprios negócios, que os jovens possam estudar, praticar esportes e se formar em cidadãos, efetivamente cidadãos, sem o crime organizado tutelando. Até mesmo mediação de conflito está no projeto, porque a gente sabe que o crime organizado hoje, muitas vezes, cuida da mediação de conflitos nessas comunidades. Estamos estudando esse projeto, mas gente imagina que vai começar por um Estado do Nordeste, inclusive", afirmou.
O secretário nacional não indicou um prazo para início do projeto-piloto.
DIREITOS HUMANOS E SEGURANÇA PÚBLICA
A entrevista ao JC foi concedida na tarde dessa quarta-feira (14), durante o 18º Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizado na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), no bairro da Boa Vista, área central do Recife.
Sabburro participou da conferência que discutiu os direitos humanos e a segurança pública. Na ocasião, aos ouvintes, ele reforçou que "não há segurança pública sem direitos humanos".
"Não há como se imaginar a resolução dos problemas da segurança pública com o aumento da letalidade policial. O Estado não pode se equiparar aos criminosos", disse.
Ele pontuou ainda que a solução da segurança pública para o País não é apenas prender mais.
"Se o problema fosse prender criminoso, o Brasil seria medalha de ouro."
O gestor reforçou que um novo modelo de segurança pública está em construção e que a União vai atuar com integração entre os estados e municípios, sem tirar a autonomia deles.
Durante o evento, houve a assinatura do convênio entre o governo de Pernambuco e o Ministério da Justiça e Segurança Pública, responsável pelo programa Escuta Susp, voltado ao atendimento psicológico dos profissionais da segurança.
Pernambuco é o quinto estado brasileiro a aderir ao projeto voltado à saúde mental dos policiais militares, civis e penais, os membros do Corpo de Bombeiros e peritos. O agendamento da consulta on-line deve ser feito pelo site gov.br/escutasusp.