Saiba para qual presídio Deolane Bezerra será levada

Influenciadora teve a prisão domiciliar revogada, nesta terça-feira (10), após descumprir ordem judicial de não se manifestar publicamente

Publicado em 10/09/2024 às 15:47 | Atualizado em 10/09/2024 às 17:32

Depois de ter a prisão domiciliar revogada em menos de 24 horas pela Justiça, a advogada, empresária e influenciadora digital Deolane Bezerra será levada para a Colônia Penal Feminina de Buíque, no Agreste de Pernambuco. A decisão foi tomada pela juíza Andréa Calado da Cruz. O Jornal do Commercio teve acesso à íntegra. 

"Com vistas a resguardar a paz pública, determino que a investigada seja recolhida à Colônia Penal Feminina de Buíque. Essa medida visa garantir a manutenção da ordem social e assegurar que a investigada esteja em um ambiente mais adequado para a preservação da tranquilidade pública", pontuou a magistrada na decisão, nesta terça-feira (10). 

Deolane será conduzida por equipes do Comando de Operações e Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil de Pernambuco. A unidade prisional fica a cerca de 280 quilômetros de distância do Recife. 

"A escolha pela Colônia Penal Feminina de Buíque se deve ao fato de que, por estar situada no interior, oferece condições que podem contribuir para a estabilidade da situação e para o bom andamento do processo, longe da influência direta e intensa de centros urbanos", justificou. 

Deolane soube que seria presa preventivamente de novo ao se apresentar no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, área central da capital pernambucana. Ela descumpriu a ordem judicial para que não se manifestasse publicamente, em redes sociais e em veículos de comunicação. Mas ela descumpriu assim que deixou a unidade prisional. 

Na saída da Colônia Penal Feminina, na segunda-feira, Deolane fez declarações críticas à Polícia Civil. "Foi uma prisão criminosa, cheia de abuso de autoridade. Eu não posso falar sobre o processo. Eu fui calada", disse.

"É importante esclarecer que a investigada não é uma pessoa comum e que sua influência é significativa, dado o seu alcance com mais de 21 milhões de seguidores nas redes sociais. Ao alegar que sofre abuso de autoridade sem apresentar provas substanciais, ela claramente busca obstruir a justiça. É evidente que sua intenção é mobilizar a opinião pública a seu favor, numa estratégia planejada para pressionar o sistema judicial e desviar a atenção dos fatos reais do processo", pontuou a juíza, na decisão. 

Deolane foi presa na última quarta-feira (4), após a deflagração da Operação Integration, da Polícia Civil de Pernambuco, que investiga uma organização criminosa por crimes de lavagem de dinheiro e prática ilegal de jogos de azar.

A empresa Esportes da Sorte, que manteve contratos de publicidade com Deolane, também foi alvo da operação. 

A mãe da influenciadora, Solange Bezerra, também presa, segue na Colônia Penal Feminina do Recife.

ENTENDA DECISÃO SOBRE PRISÃO DOMICILIAR

Na segunda-feira, o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, da 4ª Câmara Criminal do TJPE, decidiu converter a prisão preventiva de Deolane em domiciliar levando em consideração, sobretudo, o fato de a influenciadora ter um filho menor de 12 anos

O desembargador pontuou que Deolane "é primária, possui bons antecedentes, seu trabalho é o sustento da sua família, bem como é mãe de uma criança com 8 anos de idade, conforme se observa da certidão de nascimento ".

"Inclusive, esta última circunstância, é de extrema relevância a partir do momento em que o Supremo Tribunal Federal, em decisão história, concedeu Habeas Corpus Coletivo para 'para determinar a substituição da prisão preventiva por domiciliar de gestantes, lactantes e mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência, em todo o território nacional'", disse, na decisão.

O desembargador ressaltou ainda que o suposto crime não foi cometido com a prática de violência.

Na decisão pela conversão para prisão domiciliar, a autoridade judicial também determinou que Deolane deveria permanecer "sem contato com os outros investigados, no seu endereço residencial, inclusive finais de semana e feriados".

 

INVESTIGAÇÃO DA OPERAÇÃO QUE PRENDEU DEOLANE

De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a investigação apontou uma movimentação de cerca de R$ 3 bilhões, de janeiro de 2019 a maio de 2023, em contas correntes, provenientes dos jogos ilegais.

A investigação indicou que o dinheiro era lavado por meio de depósitos fracionados em espécie, transações bancárias entre os investigados com o imediato saque do montante, compra de veículos de luxo, aeronaves, embarcações, joias, relógio de luxo, além da aquisição de centenas de imóveis.

O empresário Darwin Henrique da Silva Filho, dono da empresa Esportes da Sorte,  e a mulher dele, Maria Eduarda Quinto Filizola, se entregaram à polícia um dia após a Operação Integration.

Darwin segue preso no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima

A Polícia Civil de Pernambuco, que coordena as investigações, não detalhou oficialmente o suposto envolvimento de cada um dos investigados no esquema criminoso.

Na operação, a polícia confirmou que conseguiu apreender uma quantia de mais de R$ 454 mil em dinheiro - somando reais, euros, dólares e libras esterlinas. 

Duas aeronaves e dois helicópteros avaliados em R$ 127 milhões e quatro veículos de luxo, incluindo uma Ferrari avaliada em R$ 7 milhões, também estão entre as apreensões. Ainda fazem parte da lista, 37 bolsas femininas de luxo, 76 anéis e 17 joias de diversos modelos e 16 relógios de luxo.

DEOLANE E A MÃE NEGARAM CRIMES

Deolane e a mãe foram presas no Novotel Marina, localizado no Cais de Santa Rita, na área central do Recife. As duas chegaram à capital no fim da semana junto com a família. Apesar de serem pernambucanas, elas moram em São Paulo.

Na sede do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri), em Afogados, na Zona Oeste, ambas prestaram depoimento. 

A influenciadora digital negou envolvimento em crimes. Ela confirmou que teve contrato com a empresa Esportes da Sorte, com sede no Recife, e que o contrato foi encerrado em maio deste ano.

Deolane afirmou que possuía três contas bancárias para receber pagamentos por trabalhos realizados, mas que todas foram encerradas. E que atualmente tem uma conta digital.

A influenciadora declarou que não emprestou suas contas bancárias para terceiros, nem deixou que outras pessoas movimentassem as contas delas.

No depoimento, Deolane ressaltou que não teve envolvimento com lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores provenientes do crime.

No interrogatório, Solange foi questionada se tem envolvimento com lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores provenientes de crimes. Ela negou.

A mãe de Deolane disse ser sócia da empresa da filha, Bezerra Publicidades, mas afirmou não saber qual o percentual dela. Ela alegou ainda não ter relação com a empresa Esportes da Sorte, um dos alvos da investigação policial.

Solange foi questionada sobre a origem de altos valores em dinheiro que circulam em sua conta bancária, com rápida saída dos recursos.

Ela declarou que precisava de um contador para fazer o levantamento.

O QUE DIZ O ESPORTES DA SORTE?

Em nota, a empresa Esportes da Sorte declarou que ", desde março de 2023, tem prestado todos os esclarecimentos necessários nos autos do inquérito policial em curso, através de diversas petições e documentos".

"As atividades de aposta de cotas fixas da empresa cumprem rigorosamente a Lei n.º 13.756/2018 e Lei 14.790/2023 com excelência jurídico-regulatória e acompanhamento de auditoria independente e sistema de compliance", pontuou a nota.

"A operação policial será impugnada perante o Juízo competente, demonstrando-se que houve interpretação precipitada e equivocada dos fatos apurados, sem qualquer análise ou consideração dos argumentos já apresentados. Tanto é assim que a autoridade policial não apreendeu qualquer objeto, documento ou equipamento na sede da empresa", afirmou o texto.

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