Gusttavo Lima: 'Indícios suficientes da lavagem de dinheiro', aponta polícia
Relatório da Polícia Civil detalha quantias milionárias recebidas na conta de uma das empresas do cantor sertanejo, que teve a prisão determinada
A Polícia Civil de Pernambuco afirmou à Justiça que há indícios suficientes da participação do cantor sertanejo Gusttavo Lima no esquema de lavagem de dinheiro investigado no âmbito da Operação Integration, que também prendeu e indiciou a advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra.
Gusttavo Lima foi indiciado pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, assim como os 21 demais investigados na operação. Ele teve a prisão preventiva decretada nessa segunda-feira (23).
O indiciamento do cantor ocorreu de forma posterior ao dos outros investigados, porque somente no dia 15 de setembro a polícia conseguiu identificar, por meio da análise de relatório de inteligência financeira (RIF), transações financeiras suspeitas com destino à conta bancária dele.
Antes da conclusão do inquérito, os relatórios indiciavam que quantias milionárias de outras empresas investigadas eram enviadas apenas às contas das empresas de Gusttavo Lima, sem repasse direto para ele.
A coluna Segurança teve acesso ao relatório enviado pela Polícia Civil à Justiça na semana passada. Nele, ao pedir o indiciamento de Gusttavo Lima, os investigadores detalharam os valores recebidos.
A polícia identificou que, entre 1º de janeiro de 2023 e 31 de dezembro de 2023, as empresas investigadas Zelu Brasil Facilitadora de Pagamento e Pix 365 Soluções Tecnológicas (Vai de Bet) remeteram os valores de R$ 5,75 milhões em 14 PIXs e R$ 200 mil em um PIX, respectivamente, para a empresa GSA Empreendimentos e Participações LTDA, que pertence a Gusttavo Lima.
No mesmo relatório, consta que a GSA remeteu para o cantor a quantia de R$ 1,35 milhão - por meio de cinco transferências.
"Os sócios da Zelu Brasil Facilitadora, Rayssa Rocha e Thiago Rocha, além dos sócios da Pix 365 Soluções Tecnológicas, José André e Aislla Sabrina, foram indiciados no mesmo inquérito policial", apontou a polícia.
Os investigadores reforçaram à Justiça que a Zelu Brasil é a intermediadora de pagamento da Vai de Bet e da Esportes da Sorte (também alvo da operação).
"Caso idêntico fora constatado e informado no Relatório entre a investigada Deolane Bezerra Santos e a Esportes da Sorte (Sports Entretenimento) por meio da outra investigada Pay Brokers", apontou a polícia.
Deolane também foi indiciada por lavagem de dinheiro e organização criminosa.
"Registre-se que na comunicação do RIF em comento, discrimina-se o envio de recursos de R$ 18.727.813,40 de crédito à empresa GSA durante todo ano de 2023, dos quais R$ 5.950.000,00 foram oriundos de duas empresas investigadas nos autos do presente inquérito policial, o que representa 31,77%de toda movimentação a crédito, e deste montante, R$ 1.350.000,00 foi transferido da GSA à conta pessoa física de Nivaldo Batista Lima, 'Gustavo Lima'", reforçou a polícia.
"Há, portanto, indícios suficientes da participação dele no crime de lavagem de dinheiro que foi investigado", completou.
CANTOR VIROU SÓCIO DE EMPRESA INVESTIGADA
No dia 1º de julho de 2024, Gusttavo Lima adquiriu uma participação de 25% na Vai de Bet, "o que acentua ainda mais a natureza questionável de suas interações financeiras. Essa associação levanta sérias dúvidas sobre a integridade das transações e a legitimidade dos vínculos estabelecidos", avaliou a juíza Andréa Calado da Cruz, na decretação da prisão preventiva.
DEFESA DE GUSTTAVO LIMA
Por meio de nota, a defesa de Gusttavo Lima se pronunciou sobre a decisão judicial. No texto, afirmou que "as medidas cabíveis já estão sendo adotadas".
"Ressaltamos que é uma decisão totalmente contrária aos fatos já esclarecidos pela defesa do cantor e que não serão medidos esforços para combater juridicamente uma decisão injusta e sem fundamentos legais", disse.
"A inocência do artista será devidamente demonstrada, pois acreditamos na justiça brasileira. O cantor Gusttavo Lima jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento de nosso país e não há qualquer envolvimento dele ou de suas empresas com o objeto da operação deflagrada pela Polícia Pernambucana", pontuou.
"Por fim, esclarecemos que os autos tramitam em segredo de justiça e que qualquer violação ao referido instituto será objeto e reparação e responsabilização aos infratores", completou.