Morte de sushiman em assalto é retrato do abandono no Centro do Recife
Poder Público precisa investir em ações básicas, como iluminação e mais policiamento em pontos estratégicos, para inibir violência
A morte do sushiman Michel Jung Loureiro Júnior, de 26 anos, durante assalto na calçada do Fórum Thomaz de Aquino, no bairro de Santo Antônio, é o retrato do abandono do Centro do Recife. Muitas ruas seguem com iluminação precária, e é difícil encontrar polícia circulando em pontos conhecidos pelos casos de violência.
A cinco dias de realizar o sonho de inaugurar um bar que estava sendo construído em parceria com o pai, Michel caminhava em direção ao terminal do Cais de Santa Rita, por volta das 22h30 da quarta-feira (13), quando perdeu a vida e tantos sonhos da família.
Pouco mais de seis meses antes, quem também foi vítima da violência foi o estudante Gean Carlos Lopes Júnior, de 20 anos, esfaqueado durante assalto a ônibus no cruzamento das avenidas Guararapes e Dantas Barreto, no mesmo bairro.
Não se tratam de casos pontuais. Abordagens criminosas são relatas com frequência na Avenida Martins de Barros, onde o sushiman foi brutalmente assassinado, e também em todo o percurso da Avenida Guararapes e proximidades.
Recentemente, em agosto, um assassinato na rua onde acontece o tradicional Pagode do Didi, no mesmo bairro, também afastou o crescente público das noites das sextas-feiras. Apesar da repercussão, nem o governo do Estado colocou policiamento no local, nem a Prefeitura do Recife destacou equipes da Guarda Municipal para colaborarem com a prevenção.
Uma área, inclusive, que deveria sofrer intervenções do tão falado Recentro, criado pelo prefeito João Campos com a promessa de dar um novo gás ao Centro do Recife. Na prática, porém, o programa tem se resumido promover festas gratuitas no Bairro do Recife. Lá, sim, ainda é possível encontrar equipes do Poder Municipal atuando durante os eventos.
É notório - e reconhecido pela atual gestão do governo de Pernambuco - que há um déficit histórico de policiais militares. Faltam mais de 11 mil. Mas estratégias precisam ser adotadas com mais pressa para inibir as ações criminosas em locais tão marcados pela violência. Não dá para esperar até o final do primeiro semestre de 2025, quando os novos policiais devem concluir o curso de formação.
Há urgência para que iniciativas sejam implementadas - com a união necessária entre o Estado e Município - para que mais inocentes não percam as vidas.
ASSASSINOS SEGUEM À SOLTA
O corpo do sushiman Michel Jung Loureiro Júnior foi enterrado, na tarde desta sexta-feira (15), no Cemitério da Saudade, em Jaboatão dos Guararapes. Familiares e amigos do jovem, estarrecidos com a morte, cobraram justiça.
Como de praxe, a Polícia Civil de Pernambuco informou em nota, no dia seguinte ao crime, que "as investigações foram iniciadas e seguem até o esclarecimento do caso". Até agora, nenhum suspeito foi identificado e preso. Pelo menos dois teriam participado do crime.