Exame de sanidade mental atrasa processo de acusado de matar turista em assalto em Boa Viagem
Desde junho, processo está suspenso para que Edva Alexandre da Silva passe por perícia solicitada pela Defensoria Pública. SDS diz que entregou laudo
Mais de dez meses após a morte do turista carioca Talles de Couto Lemgruber Kropf, de 35 anos, durante um assalto no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, a Justiça ainda não definiu o destino do réu, Edva Alexandre da Silva, que segue preso. O processo está suspenso desde junho, porque aguarda o resultado de um exame de sanidade mental solicitado pela Defensoria Pública do Estado.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o processo está "arquivado temporariamente" até que o incidente de insanidade mental, como é chamado o exame, será concluído e entregue à 13ª Vara Criminal da Capital.
Por outro lado, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP) informou, em nota oficial, que o detento foi encaminhado para a perícia no Instituto de Medicina Legal (IML) em 20 de novembro. Segundo a pasta, no dia 27 do mesmo mês o laudo foi repassado pela Secretaria de Defesa Social à Justiça.
Por causa do recesso forense, o juiz da Vara só deve analisar o resultado a partir do dia 6 de janeiro de 2025, quando as atividades serão retomadas no Judiciário.
CRIME POR CAUSA DE UM CELULAR
O latrocínio aconteceu na madrugada de 14 de fevereiro deste ano. Depois de sair da festa Carvalheira na Ladeira, em Olinda, Talles seguiu para Boa Viagem, onde estava hospedado e iria encontrar outros amigos. Ele estava a pé, na Avenida Domingos Ferreira, perto de um bar, quando sofreu a abordagem criminosa.
Talles foi atingido com uma facada na região do tórax. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, mas não resistiu aos ferimentos.
Edva foi preso dias depois, após imagens de uma câmera de segurança ajudarem na identificação dele. Ele confessou à polícia o crime e disse que vendeu o celular do turista carioca por R$ 200.
RÉU PODE SER ABSOLVIDO
O exame de sanidade mental foi determinado durante audiência de instrução e julgamento de Edva, ocorrida no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano.
Nas alegações finais, o Ministério Público, responsável pela acusação, solicitou a condenação do réu. Já o representante da Defensoria Pública solicitou a perícia alegando que Edva pode ser inimputável (incapaz de entender o caráter ilícito), já que tem histórico de uso de drogas.
Se o exame apontar que Edva é inimputável, ele será absolvido do crime e submetido a uma medida de segurança, ou seja, encaminhado para tratamento no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Pernambuco (HCTP-PE).
Outra possibilidade é de que o exame aponte que o réu não era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito. Se isso ocorrer, ele poderá ser condenado, mas a pena pode ser reduzida de um a dois terços ou ser substituída por medida de segurança.