Neste dia 20 o Brasil celebra o Dia Internacional da Amizade, data instituída pela ONU com o propósito de propagar a cultura da paz e da convivência não-violenta. Existem motivos para a celebração das nossas amizades: relação dos vínculos afetivos com a manutenção da saúde mental, redes de apoio e ajuda, material e emocionalmente, quando necessitamos.
Segundo Nádia Oliveira, coordenadora do curso de psicologia da UniFBV Wyden, as aprendizagens trazidas na infância garantem vínculos sólidos, onde ainda ocorre à maturação física e neurológica. ´"É fundamental para o desenvolvimento de importantes habilidades cognitivas e sociais, apresentando impactos positivos nas demais fases do desenvolvimento”, afirma.
Após a infância, as amizades construídas na adolescência trazem sentido nos processos de autoafirmação, a partir do momento que se inicia o processo de construção da personalidade do indivíduo, porém, pesquisas revelam que no Brasil a solidão é algo crescente entre os jovens. Segundo uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria, publicada em 2021, 15% dos estudantes de 13 a 17 anos afirmam se sentir sozinhos.
Em relação a este índice preocupante, Nádia entende que as razões para esse sentimento generalizado de solidão estão ligadas às pressões do modelo socioeconômico atual. Ela salienta, também, o contexto pós-pandemia, que trouxe riscos não apenas à saúde física e emocional. “Na pandemia, esses sentimentos são potencializados, pois, além de estar privado das relações interpessoais de modo presencial, ainda foi presenciada a cobrança pela rápida adaptação e os mesmos índices de produtividade, sem levar em conta o contexto de crise que culminou no isolamento social, incertezas frente ao futuro, e alto número de óbitos”, finaliza.
Na fase adulta, os vínculos afetivos aparecem como lugar de compartilhar os desafios. As afirmações e a segurança transmitidas nas relações são fundamentais para demonstrar que nossos problemas não são tão grandes como imaginamos, sobretudo num País tão ansioso como o Brasil.
Na 3ª idade, a rede de apoio ganha novos significados e uma importância ainda maior. Por ser uma fase em que o idoso questiona seu lugar na sociedade e seu valor enquanto indivíduo, contribuindo para o surgimento de sintomas de ansiedade e depressão.
Um grupo de cientistas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, realizou uma revisão sistema na bibliografia de estudos relacionados à saúde mental de idosos, e constataram que as redes de apoio são mecanismos de suporte, ou até mesmo preventivos, nos casos de idosos com sintomas depressivos. “Nessa fase do desenvolvimento, é comum o surgimento de desafios que podem acentuar o sentimento de solidão, como algumas perdas sensoriais, motoras, físicas e cognitivas. Assim sendo, os vínculos interpessoais nessa faixa desenvolvimental proporcionam interações, sentido de vida e pertença”, afirma.