Acampamentos em Pernambuco são mais procurados por famílias na pandemia
Em tempos de Covid-19, as áreas de camping vem atraindo mais pessoas em busca de ar puro e contato com a natureza.
Menos risco, mais natureza. A equação é simples e é justamente em busca de simplicidade que cada vez mais pessoas estão experimentando acampar. Nestes tempos de pandemia em que se recomenda distância de aglomerações e locais fechados, as áreas de camping estão sendo bastante procuradas por oferecer interação com o meio ambiente, além de ar livre e puro.
Um estudo divulgado pela entidade médica norte-americana Texas Medical Association apontou o camping como uma das práticas mais seguras contra a Covid-19. A instituição avaliou o risco de 37 atividades e acampar apareceu entre as cinco com menos chance de contaminação. Na escala de 1 a 10, ela foi classificada com apenas 2. Isso se deve porque os locais são abertos e as pessoas geralmente só tem contato com quem já convivem na hora de dividir as barracas, armadas distantes uma das outras.
Outro fator relevante é que, diferentemente de hotéis, em acampamentos os visitantes costumam levar seus próprios itens pessoais como colchão, travesseiro e cobertor. Além disso (vale salientar para quem ainda não teve essa experiência e sente receio) estes espaços normalmente contam com segurança por serem áreas particulares e com infraestrutura básica, disponibilizando banheiros e cozinha, mediante regras de uso comunitário, ainda mais rígidas em tempos de Covid-19.
Por tudo isso é que, neste delicado momento do mundo, mais pessoas estão buscando os acampamentos que vem registrando uma certa mudança de público. Eles continuam recebendo em sua maioria grupos de amigos, mas estão percebendo que cada vez mais as famílias estão aparecendo. E voltando.
É o caso do músico Igor Benício, de 37 anos, que há 10 anos acampa com sua família, mas durante a pandemia a frequência está sendo bem maior. "Antes nós acampávamos uma vez a cada três meses, agora já chegamos a três fins de semana em um mesmo mês. Em vez de ficarmos presos em casa, nós vamos para locais seguros com ar puro e contato com a natureza", explicou.
Igor, que leva a esposa e o casal de filhos de 14 e 12 anos, destaca a importância de ter um momento realmente em família. "Em casa é cada um no seu quarto preso no celular ou TV e no acampamento a gente se conecta de verdade com o ambiente e um com o outro sabe. É a hora de conversar, jogar dominó, se divertir juntos", enfatizou o músico.
Para quem se interessou a boa notícia é que opções não faltam. Pernambuco conta com dezenas de áreas de camping espalhadas por todo o Estado. Algumas, inclusive, foram abertas em plena pandemia, justamente pela grande demanda que houve. Foi o caso do Trilha da Natureza, localizado na altura do quilômetro 7 da Estrada da Mumbeca, na Guabiraba, na Zona Norte do Recife.
O empreendimento, que conta com uma grande e linda área verde cortada por um rio, iniciou há 6 anos apenas como bar e restaurante, mas no início da pandemia teve o foco mudado a partir do interesse de um novo público. "Uma pessoa veio, adorou o lugar, perguntou se poderia acampar aqui e nós resolvemos deixar. Aí rapidamente começaram aparecer muitas outras. Foi aí que percebemos que deveríamos nos organizar para oferecer melhor o serviço", contou a gerente do local Bruna Pedrosa.
Uma área de 10 mil metros quadrados do local foi reservada especificamente para o camping. "Nós instalamos iluminação e tomadas, disponibilizamos um freezer e um banheiro com chuveiro. Também limitamos a quantidade de pessoas em 40 por dia para não gerar aglomeração. Cobramos a diária por pessoa de R$25 e se ela não tiver barraca pode alugar aqui por R$30", detalhou Bruna.
O autônomo Daniel Batista, 26, estava acampando no local. "Achei o lugar bem tranquilo, seguro e me senti confortável para vir desopilar um pouco", afirmou. A universitária Mikaelly Alana, 21, também gostou da experiência. "Acampar na pandemia é sair da zona de conforto da sociedade. É como se sentir livre em uma época em que estamos tão presos. A natureza tem o dom de tirar todo o peso e nos deixar leves", resumiu.
Quem não quer acampar, vai só pra curtir o local mesmo, como a secretária Pamella Rios, 26, que levou o filho Nicolas de 3 anos. "Achei o local incrível, com um bom distanciamento de mesas e uma paz surreal. Pude brincar com meu filho no rio bem à vontade", disse. Como foi dito no início, é a riqueza do simples.