Campeão da Maratona de Boston é amador ou profissional?

Publicado em 17/04/2018 às 16:00
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Prova mais cobiçada entre os corredores de longa distância, a edição 122ª da Maratona de Boston entrou para a história do esporte internacional. Isso porque os vencedores Yuki Kawauchi e Desiree Linden quebraram mais de 30 anos de jejum. No masculino, Yuki foi o primeiro japonês a triunfar após 31 anos, enquanto a norte-americana voltou a colocar os Estados Unidos no topo do pódio depois de 32 anos. Além dos números, chamou a atenção o fato de o campeão masculino ser considerado um atleta amador. Com o tempo de 2h15min54seg, ele deixou para trás atletas como o queniano Geoffrey Kirui, com 2h18min21seg, e o norte-americano Shadrack Biwottnês, com 2h18min35seg, segundo e terceiro colocados, nessa ordem. Kirui venceu a prova de 2017 e era considerado o grande favorito da disputa. Ele não esperava, porém, que a força de Yuki superasse sua velocidade. Corredora completa Maratona de Boston carregada por estranhos Jornada de autoconhecimento ou os 42km da Maratona de Buenos Aires A mística das 100 maratonas Murakami apresenta o universo das maratonas em livro Com 31 anos, o japonês é considerado um atleta amador pelo simples detalhe de não viver exclusivamente do esporte. É funcionário público e cumpre expediente de 8h em Saitama, sua cidade no Japão. O assunto é polêmico e as opiniões divergem sobre ele ser amador ou profissional. A condição de competidor amador é justificada pelo fato de Kawauchi não abrir mão do emprego em detrimento da dedicação exclusiva para o esporte. Ele já recebeu convite de patrocinadores, mas não se interessou pelas propostas. Yuki tem 81 maratonas no seu currículo e apresenta como melhor tempo 2h08min nos 42km. De todas essas maratonas, elas só fez um tempo acima das 2h20min uma única vez. Portanto, o resultado em Boston não pode ser considerado uma surpresa. Além disso, a prova mais cobiçada entre maratonistas é difícil, com altimetria bastante irregular e clima é sempre um mistério. Em 2018, as condições foram péssimas: muita chuva e vento contra. Sensação de temperatura negativa. Muitos atletas desistiram e abandonaram a prova no meio do caminho. Esse detalhe coloca todos os atletas da elite em condição de igualidade, pois as dificuldades eram extremas e estavam ali para todos. “Para mim, essas foram as melhores condições possíveis para eu chegar a vitória”, garantiu o campeão, emocionado.

Calma, não acho que a vitória Kawauchi nos dá esperança de um dia ganhar uma maratona #paz?. A prova masculina de ontem em Boston, no entanto, despertou muitos sentimentos dentro da gente. Existe um conceito em inglês chamado BIRGing (Basking in reflected glory), que é a associação que fazemos entre nós e um indivíduo de sucesso de uma maneira que nos sentimos parte daquela vitória. É o que explica o fato de nos sentirmos vitoriosos com a vitória do nosso time de futebol, mesmo sem termos nem ao menos tocado na bola do jogo. Difícil ver o Kawauchi ganhando Boston e não se sentir representado, mesmo que nunca atinjamos seus tempos, nem nunca o conheçamos ao vivo. Está certo que o fato dele ser amador tem mais a ver com o sistema japonês de profissionalismo nas corridas do que com a performance; mas saber que alguém que, como vc, trabalha 8hrs por dia, está ali liderando a maratona de Boston contra o vento, a chuva e a elite foi demais! A vitória do Yuki é o nosso despertador às 4h de segunda pra dar conta de treinar e chegar na hora no trabalho; é o nervosismo de pedir pro chefe de novo pra sair mais cedo na sexta porque tem prova em outra cidade; é aquele capote no sofá depois de treino, trabalho e treino; é o andar mancando no corredor do trabalho depois do longão de domingo; é o músculo doendo por dentro da calça enquanto estamos de frente pro computador; é aquela marmita fitness no almoço de trabalho da firma; é a paciência da família com nossa ausencia; é a esperança de que, mesmo que nunca subamos no pódio, saímos de casa todo dia em busca de uma vitória.

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