Ainda nos tempos da antiga MTV Brasil na TV aberta, víamos em meio à sua programação os famosos “programas de pegação”. O formato é bem simples: gente bonita, num local paradisíaco, vivendo as maiores loucuras de uma noite de balada, com direito a bebidas e beijos. Muitos beijos. Também tinha espaço para brigas. Muitas brigas. Afinal, é algo inerente às relações humanas. O tempo passou, estamos em 2020, a MTV Brasil agora é um canal fechado, mas segue com esse tipo de programa no ar, e com muito sucesso. A prova está aí, em títulos como Are You The One Brasil e De Férias Com o Ex. E em tempos de streaming, a Amazon Prime Video também não quis ficar atrás desse filão e acaba de disponibilizar em sua plataforma o reality show original Soltos em Floripa.
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O formato, adivinha (?), é bem simples: oito jovens carismáticos vindos de diferentes lugares do Brasil em uma casa de praia exuberante em Florianópolis, onde juntos embarcam em uma jornada repleta de festas, brigas, dramas, diversão e relacionamentos. São eles: Beatriz Garcia, Thais Pereira, Taynara Nunes, João Mercuri, Murilo Dias, Luan Cavati, Nathalia Gomes e Ramon Bernardes. Para dar um “plus” no programa de oito episódios, Soltos em Floripa ainda traz os comentários de seis celebridades – a cantora e drag queen Pabllo Vittar, o ator e apresentador Felipe Titto, o cantor sertanejo Mariano, a cantora e compositora carioca MC Carol, o influenciador digital John Drops e a ex-BBB20 Bianca Andrade, a Boca Rosa – que participaram dos episódios bônus Soltos em Floripa: A Resenha.
Produzida pela Floresta (a mesma de programas como o De Férias Com o Ex, Lady Night e Vai Fernandinha) Amazon Prime liberou o primeiro episódio da série para não assinantes e foi esse que o JC também parou para conferir. Intitulado Banho Quente, o capítulo abre com a presença das celebridades que vão comentar todo o reality. O influencer John Drops fez a vez de apresentador fazendo perguntas bem “pertinentes” como “Quem aqui já foi pra Floripa”, onde todos os famosos revelaram ter ido. Felipe Titto ainda emenda: “A pergunta é: Quem já se deu bem em Floripa”. “Eu acho que não existe ‘se deu mal’ em Floripa”, completou Drops. Ainda nesse momento, o mesmo influencer faz questão de dizer que tudo que seria exibido era “realidade”: “A única coisa que sabemos é que (eles) não são atores, não existe roteiro, é vida real mesmo”.
Indo para a abertura do reality propriamente dito, um leve “susto” com a trilha escolhida: Isso Que é Vida, de Dennis e Cantini, que traz uma letra mais que sugestiva ao programa: “Isso que é vida, transando todo dia, acordar pelado com você do lado, que nosso amor nunca vire rotina...”. Após vários takes paradisíacos da capital catarinense, vemos os participantes chegando a uma grande mansão que vai abrigar os jovens solteiros nesta temporada. “Deus é bom, caralho!”, diz um dos jovens ao cumprimentar uma das meninas bonitas que chegam ao local. E não demora 10 minutos para surgir o primeiro beijo da casa. A provocação da galera era pra dar o primeiro selinho, mas Luan e Beatriz já se animam e dão um beijaço que tira todo o batom da jovem.
A primeira balada também não demora muito a acontecer. E a bordo de um luxuoso Bus Party, eles chegam na principal festa de Floripa. E lá, claro, rola de tudo: beijos, bebidas, raiva, choro... Tudo isso em um cercadinho de pulseiras vips. Já o after acontece na badalada mansão de vidro dos solteiros, e o tal Banho Quente que intitula o episódio finalmente é justificado: Luan e Beatriz estão transando em um dos banheiros da casa. E mais que ouvir gemidos, vemos parte da “ação” por trás do box. A naturalidade de ignorar as câmeras é tanta que Murilo e Taynara também aproveitam um dos aposentos para “se conhecer” melhor, sem pudores.
Ao longo de quase 1 hora deste episódio, há mais duas cenas de sexo, totalizando quatro, mas o sexo explícito é mesmo o de menos. Pelo fato de ser algo “sem roteiro”, Soltos em Floripa peca em priorizar cenas soltas, sem nenhum depoimento para guiar os acontecimentos. Se o espectador, que não consegue se familiarizar com o nome de todos no primeiro episódio, se distrai por 5 minutos, quando volta, já não entende certas ações. Além disso, como toda a juventude, o pavio curto de todos eles e a famosa “tempestade num copo d’água” gera conflitos desnecessários, o que se faz perguntar se essa era a tal “cota de treta” que um programa como esses precisa ter.
Com censura de 18 anos e sem nenhum “pí” para omitir os palavrões e ações mais ousadas, Soltos em Floripa tem toda a pinta de mais do mesmo no sentido de “programa de pegação”. A ousadia de fazer algo “sem limites”, que é o seu diferencial, se perde por não ter uma história que prenda o telespectador, que pode assistir qualquer trecho pequeno para entender como a atração funciona. E em muitas vezes, é mais interessante ver os convidados comentando o conteúdo do que o conteúdo em si.
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