“Afetada, deslumbrada, fútil, ‘perua’ e caricata”: Não há adjetivos melhores para Malva Torres Bittencourt, a madrinha megera da novela Floribella, que estreava há exatos 15 anos, na Band.
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E estas definições só poderiam vir de sua criadora, a atriz pernambucana Suzy Rêgo. Em entrevista ao Jornal do Commercio, a artista de 53 anos relembra com carinho da “Bruxa Velha” que o público se divertia em odiar junto com a sua filha Delfina (Maria Carolina Ribeiro). Confira.
JORNAL DO COMMERCIO - Como a novela Floribella chegou para você? O que te fez aceitar fazer a novela?
SUZY RÊGO - Fui convidada pelo saudoso diretor Sacha Celeste. O desafio de fazer uma vilã numa novela infantojuvenil me encantou! Me apaixonei pela personagem Malva Torres Bittencourt, uma vilã de pastelão.
JC - Quais foram as suas inspirações para compor a Malva?
SUZY - A novela é uma franquia da argentina Floricienta, de Cris Morena, um sucesso arrebatador na Argentina em 2004. Nossas autoras/adaptadoras talentosas Patrícia Moretzsohn e Jaqueline Vargas deram aquela "abrasileirada" marota na trama, e a diretora geral Elisabetta Zenatti apresentou a sinopse com todas as características da personagem: Afetada, deslumbrada, fútil, "perua" e caricata. Mas belíssima e divertida, sagaz e sui generis em seu "decadance avec elegance". Me inspirei em muitas das mídias da época.
JC - Como era a rotina de gravações da novela? Qual a melhor lembrança desse período?
SUZY - A rotina era intensa! O elenco adulto começava cedo pela manhã para adiantar o que fosse possível, pois o elenco menor de idade frequentavam a escola e chegavam às 13h para gravar até 18h, 19h. Era muito trabalho, muito texto, muita ação e diversão. Minha melhor lembrança é que fiquei hospedada na casa da minha amiga/irmã Mariama Lemos de Moraes, que hospedou também Maria Carolina Ribeiro, a Delfina. Morar com elas foi sensacional! A Mariama fez participação na novela de tão próxima que ela ficou de todos.
JC - A Malva era uma vilã, mas tinha um grande quê de comédia. Isso foi algo trazido por você à personagem [como o bordão 'ufa!'] ou vinha do roteiro mesmo?
SUZY - Com a direção decidimos que nossa Malva brazuca poderia ser mais risível, mais "exagerada" e "bufona". O "ufa" veio de um conhecido que usava essa expressão e a direção/autoras autorizaram o bordão, além de sugestões da equipe que sempre eram bem acatadas pela alta cúpula do projeto. "Ratataia" foi sugestão da chefe da caracterização Susana Lindoso. E os textos traziam muito material rico!
JC - Qual canção de Floribella é a mais especial para você e porquê?
SUZY - Pobre dos Ricos, pois as vilãs parodiaram em Pobres dos Pobres [na segunda temporada] e exercitei minha veia de cantora.
JC - Existe alguma cena marcante da novela para você? Qual?
SUZY - Malva num comercial do sabão em pó "Ufa", com inspiração em musical. Tem canto, dança, interpretação, uma estrela em seu esplendor!
JC - Quais foram os aprendizados que a Malva passou para a Suzy?
SUZY - Glamour fake, erudição e etiqueta, escova progressiva, além de resiliência, perspicácia e claro, muito bom humor. Riqueza, mas de espírito. Malva me permitiu exercitar o clown que experimentei nas aulas do mestre Fernando Vieira, meu marido. Que também fez participação na novela.
JC - O que poucas pessoas sabem sobre os bastidores de Floribella e você gostaria de compartilhar conosco?
SUZY - O projeto forneceu toda a estrutura para o elenco: workshops, leituras, ensaios, coreógrafos, coaching, especialistas. O cotidiano era uma escola de aprendizado sobre técnicas de TV, um intensivo de novelas. A produção dava um tratamento muito amoroso e sempre se empenhou em manter aquela atmosfera animada e produtiva. E sempre respeitaram os fãs.
JC - 15 anos depois, porque ainda vale a pena relembrar a novela Floribella?
SUZY - Porque foi um marco na época! E as crianças de 10 anos que curtiram a novela, o show, os produtos, o álbum, são hoje adultos que lembram com carinho daquele tempo. Eles assistiam os DVDs, reviram no streaming e se sentem prestigiados com esta celebração dos 15 anos.