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'Brincando Com Fogo' é mais que um 'reality de pegação' da Netflix

Programa que desafia a castidade de jovens solteiros e bonitos se mostra um bom entretenimento e extrai um conteúdo maior que o proposto

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 05/05/2020 às 6:00
NETFLIX/DIVULGAÇÃO
O casal Harry e Francesca é um dos destaques do reality 'Brincando Com Fogo', da Netflix - FOTO: NETFLIX/DIVULGAÇÃO

Você tem sentido falta de contato físico com outra pessoa? Se sua resposta é sim, é mais que compreensível, principalmente diante do cenário de pandemia que vivemos atualmente. Se sua resposta é negativa, bem, talvez você possa ter uma vantagem caso topasse participar do mais novo reality show britânico lançado recentemente pela Netflix: Brincando Com Fogo (Too Hot Too Handle).

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A proposta é simples: Vindos de diversas partes do mundo, dez homens e mulheres se encontram em um paraíso tropical (ambientado no México) para o que promete ser o mais exótico – e erótico – verão que já viveram. Mas há um grande porém para esses jovens à flor da pele, avessa a compromisso e doida por um sexo casual. Para embolsar o prêmio de US$ 100 mil, é preciso dizer não à pegação por toda a temporada de um mês no “retiro”. Lê-se: nada de beijos, agarrados ou qualquer forma de autossatisfação. E a cada infração, o valor final do prêmio diminui. Ah! E tudo isso seguindo as orientações e conselhos de uma assistente virtual em forma de “cone de led inteligente” chamada Lana.

Parece surreal, mas esta “saga”, criada por Laura Gibson e Charlie Bennett, é apresentada em oito episódios de até 45 minutos aproximadamente, e se revela bastante interessante. Na estreia, junto a narradora “bem saidinha” de piadas pertinentes, somos apresentados a estes jovens animados de 20 a 29 anos, sedentos por uma pegação ao ver tanta gente bonita e sensual junta, até que são confrontados pelo desafio. Segundo Lana, o objetivo – além do prêmio em dinheiro e de não “cair em tentação” – é maior: o “retiro” quer formar pessoas capazes de terem conexões “mais profundas” com o parceiro, com direito a participarem de algumas oficinas para que possam desenvolver melhor suas relações individuais e também em casal.

Mesmo com muitos achando aquilo “uma verdadeira tortura”, eles topam o desafio e não demora muito para os primeiros casais surgirem no retiro. No segundo episódio, duas duplas interessantes se formam: Rhonda e Sharron, e Francesca e Harry. Enquanto o primeiro par tenta obedecer às ordens de Lana ao máximo, o outro não resiste e tasca um beijo. Resultado? Três mil dólares descontados no prêmio, para a frustração dos participantes. E essa foi a primeira quebra de muitas ao longo do programa, e não se resume apenas à este casal.

No episódio três, temos o primeiro workshop do retiro. Através da técnica de Shibari – uma antiga técnica japonesa com cordas para melhorar a intimidade e a confiança nos relacionamentos – os participantes em duplas, que tentam evitar não pensar em sadomasoquismo, se dão a oportunidade (na verdade, quase todos) em criar um laço mais afetivo entre eles. Ao longo do programa, alguns também não se adaptam e deixam o reality, outros também são expulsos. Junto aos casais, participantes como Chloe, Bruce, David, Jesus e Kelz também se destacam dentro da competição em vários momentos.

CRESCIMENTO PESSOAL

Além dos conflitos de casal e do grupo, principalmente quando há algum desconto no valor do prêmio devido à alguma quebra de regra, o “crescimento pessoal”, que parecia algo tão distante, começa a ficar evidente, principalmente nos workshops individuais. No episódio 5, há uma oficina “só para homens” com o objetivo de desenvolver a maturidade deles. Liderados por um guru indiano, os rapazes, surpreendentemente, mostram suas vulnerabilidades, choram, e alguns reveem suas atitudes dentro da competição.

No penúltimo episódio, foi a vez das mulheres passarem por um workshop individual. Ali fomos apresentados à técnica do Yoni Puja, que ajudou a desenvolver nas mulheres uma autoaceitação e um senso de irmandade entre elas. E rapidamente, aquilo também surtiu efeito dentro do jogo.

Sem antecipar o resultado final do retiro – de quem ganhou o prêmio e qual foi o valor final acumulado – o fato é que, entre tentações sensuais e descobertas pessoais, Brincando Com Fogo se revela mais que um “reality bobo de pegação”. Ele consegue passar uma mensagem consistente (e convincente) sobre relacionamentos partindo do parâmetro mais devasso: o desejo de transar com alguém. E na próxima sexta-feira (8), a Netflix promete um episódio especial do programa para mostrar como está a vida de alguns participantes após a passagem por essa atração. E quem já viu tudo, com certeza, estará curioso por mais esse desdobramento.

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