A mostra Cenas do Nordeste inicia sua primeira edição nesta sexta-feira (17), em formato inteiramente virtual. A iniciativa, que segue até o dia 24 deste mês, surgiu como uma alternativa aos impedimentos gerados pela pandemia do novo coronavírus, que provocou o fechamento de espaços culturais por medidas de segurança. A programação conta com registros gravados de dezenove trabalhos de artistas e grupos dos nove estados da região.
Produzida pelos artistas Diogo Spinelli, Heloísa Sousa, Thásio Igor e Pablo Vieira, além de Felipe Fagundes, idealizador da Ardume Produções (RN), a empreitada foi inspirada no PAN Norte! [Potências das Artes do Norte], festival virtual realizado em maio. Produzida de forma independente, a mostra reúne montagens de teatro, dança e performance, para a infância, juventude e para o público adulto, através de transmissão de vídeos.
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"Para esta primeira edição, convidamos espetáculos que já conhecíamos e que achamos interessantes. Nos interessava a diversidade na temática das obras e também na representatividade, com pelo menos uma obra de cada estado. Tentamos privilegiar espetáculos que não tiveram tanta oportunidade de serem vistos e de circularem. Acho que esse formato virtual não substitui nem substituirá o presencial, mas ele oferece algumas vantagens, como o maior alcance desses espetáculos que, em geral, têm dificuldade de chegar a outros locais", pontua Felipe Fagundes.
Segundo ele, a produção já tem observado a amplitude do alcance da ação através da venda dos ingressos, que tem atingido estados fora da região. Fagundes ressalta que o valor arrecadado com as vendas será 70% destinado aos artistas e o restante, dividido entre a organização. As sessões serão transmitidas através da plataforma Zoom.
A expectativa dos organizadores é que no futuro, com o controle da pandemia, sejam realizadas edições presenciais, estreitando o diálogo entre as produções nordestinas. Felipe Fagundes acredita que as discussões que mobilizaram a classe artística durante as turbulências causadas pela pandemia precisam se intensificar para além da crise sanitária, pois expõem problemas históricos do setor.
"Nossa articulação deve se intensificar não só para enfrentar a pandemia, mas também o desmonte do setor cultural que vem acontecendo no país. Há um ataque do Governo Federal à cultura e é preciso resistir a esses ataques constantes que a classe vem sofrendo", reforça.
Montagens
Na estreia da mostra, nesta sexta-feira, o destaque são dois espetáculos de Sergipe. Às 17h, é exibido Piedade, a Seu Dispô, da Dicuri Produções (SE), com a Isabel Santos e dramaturgia de Euler Lopes. A obra discute as condições desumanizadoras às quais estão submetidas as pessoas social e economicamente excluídas do Brasil. Às 21h, é apresentada Respire – Manifesta, do Grupo Caixa Cênica (SE), instalação-vivência cênica com dramaturgia expandida composta por palavras, sons, movimentos e corpos dançantes.
Representando Pernambuco no Cenas do Nordeste, Por Onde Andam os Porcos, dirigido por Kildery Iara, será exibido no dia 23, às 21h. Após a exibição do registro em vídeo, o público poderá participar de bate-papo com os artistas, mediado pelos artista-pesquisadores Franco Fonseca (RN) e Euler Lopes (SE).
Os ingressos para a mostra podem ser adquiridos no Sympla e custam R$ 10 por sessão, com opções de combos promocionais.
Confira a programação completa da mostra Cenas do Nordeste:
Sexta-feira (17):
17h - Piedade, a seu dispô, da Dicuri Produções (SE)
21h - Respire – Manifesta, do Grupo Caixa Cênica (SE)
Sábado (18):
10h - O Sr. Ventilador, do Grupo Bagaceira (CE)
17h - Chico Jararaca, da Cia. Trapiá (RN)
21h - Dança Doente, da Demolition Incorporada (PI)
Domingo (19):
10h - Pinóquio & Gepeto ao sabor do vento, do Coletivo Piauhy Estúdio das Artes (PI)
17h - Instruções para Abraçar o Ar, com direção de Diogo Spinelli (RN)
21h - Quaseilhas, do Coletivo Àràkà (BA)
Segunda (20):
17h - Os que vêm de longe, do Teatro Poesia (AL)
21h - Negreiros, da Cia. LaCasa (AL)
Terça (21):
17h - Memórias de um cão, do Coletivo de Teatro Alfenim (PB)
21h - Soraia Queimada, filha da violência, do Desacerto Coletivo (PB)
Quarta (22):
17h - Lá do Interior, do Coletivo de Atores Ô de Casa Ô de Fora (RN)
21h - Trindade, Só Homens Cia. Dança (PI)
Quinta (23):
17h - Ancés, de Tieta Macau (MA)
21h - Por onde andam os porcos, com direção de Kildery Iara (PE)
Sexta (24):
10h - Sal, Menino Mar, do Grupo de Teatro Facetas, Mutretas e Outras Histórias (RN)
17h - Provisório, do Grupo de Teatro Interferências (RN)
21h - A Tragédia Mais Insignificante do Mundo, do Teatro das Cabras (RN)
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