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20 anos de 'Hybrid Theory': O grito inicial do Linkin Park

Há duas décadas, banda californiana lançava o álbum de estreia que marcaria o rock e o metal no ano 2000

Robson Gomes
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Publicado em 24/10/2020 às 2:00
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Rock, hip hop, música eletrônica e os agudos de Chester se tornaram marca registrada do sexteto - FOTO: DIVULGAÇÃO
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Desde 24 de outubro de 2000, muitos não podem entender o que há por trás da capa de um disco de rock que ilustra um soldado com asas de libélula. Mas o conceito da ilustração feita pelo vocalista e multi-instrumentista Mike Shinoda pode ser facilmente ser traduzido por uma fala do vocalista principal, Chester Bennington: "Descrever a mistura de elementos musicais pesados e suaves com o uso dos olhares cansados do soldado e os fracos toques das asas". E é exatamente assim que pode ser definido o Hybrid Theory (Warner Music, 2000), o álbum de estreia da banda Linkin Park, que completou no último sábado (24) exatos 20 anos de lançamento.

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O que Mike e Chester não sabiam é que a banda californiana formada por eles, mais Brad Delson na guitarra, Dave Farrell no baixo, Rob Bourdon na bateria e o DJ Joe Hahn, com esse disco - que tem em seu título o primeiro nome do conjunto - apresentariam ao público um som completamente novo, pois Linkin Park sempre representou mais que rock. Em Hybrid Theory, suas 12 faixas - com produção musical de Don Gilmore - somam quase 38 minutos de uma música imersa no metal, fusionado com rock alternativo, hip hop e batidas eletrônicas. Fórmula esta que fora definida na época do lançamento do disco como "nu metal", "rap metal" ou "new metal", e se tornaria uma marca registrada do Linkin Park (os potentes gritos cantados de Chester mais os raps de Shinoda) também nos trabalhos posteriores.

Gravado entre março e junho de 2000, o disco teve One Step Closer - a segunda faixa - escolhida como o primeiro single do trabalho. Não demorou muito para que a música, junto a um videoclipe gravado numa passagem subterrânea em Los Angeles, invadissem a MTV e outros canais musicais mundo afora, até chegar aqui no Brasil. "[Esse disco] Foi o meu primeiro contato com a banda. Eu era um jovem de 21 anos, estava no pré-vestibular, e um amigo tinha uma cópia e me emprestou. Só lembro que eu ligava o som nas alturas, ia no [site] Vagalume buscar as letras pra não 'fazer feio' cantando e acompanhando a tradução", relembra o supervisor de qualidade Thiago Moraes, hoje com 35 anos.

Uma das canções mais emblemáticas e conhecidas do Hybrid Theory está na oitava faixa, intitulada In The End. Hit esse que conquistou de imediato a professora de inglês Cassandra Brito, de 27 anos: "Eu tinha 11 anos. Estava assistindo à MTV e de repente começou o clipe de In The End. A sensação da descoberta foi incrível! Lembro claramente que fiquei alucinada com o que estava ouvindo. A música era simplesmente perfeita. Desde então, nunca parei".

Além da sonoridade e interpretação únicas, o disco de estreia do Linkin Park expunha o público a letras bastante densas, inspiradas em sua maioria por experiências traumáticas que Chester viveu em sua infância, como abuso infantil, o divórcio dos pais, isolamento social, além de decepções e sentimentos pós-términos de relacionamentos mal sucedidos. Em 2002, o vocalista deu detalhes de Crawling, o segundo single do álbum, à revista Rolling Stone. "É facil cair naquela cilada — 'pobre de mim, pobre de mim', é daí que canções como Crawling vem: Eu não posso me aguentar. Canções como essa falam sobre assumir a responsabilidade pela sua situação. Em Crawling, eu não falo 'você' em nenhum momento. É sobre eu ser o motivo de estar como estou. Tem alguma coisa que me agarra e me puxa para baixo", contou o músico, que daria fim à sua própria vida em julho de 2017.

COMEMORAÇÃO

Vinte anos depois do Hybrid Theory, mesmo com a perda de Chester Bennington, o Linkin Park resolveu celebrar com os fãs este marco zero da banda. No último dia 9, eles realizaram uma live paga para responder perguntas dos admiradores sobre o disco, sendo a primeira reunião do grupo após a tragédia que vitimou seu principal vocalista. A cereja do bolo, porém, veio com o álbum Hybrid Theory (20th Anniversary Edition) (Warner Music, 2020), lançado no mesmo dia nas plataformas digitais. O registro é composto de 80 faixas junto à tracklist original, contendo demos, remixes, lado B, versões especiais e até uma canção inédita, intitulada She Couldn’t.

Com 24 milhões de cópias vendidas pelo mundo, e considerado pela crítica um dos álbuns mais importantes do rock – além do disco de estreia mais vendido no gênero desde Apettite for Destruction (1987), do Guns N’ RosesHybrid Theory, do Linkin Park, se torna um disco necessário de ser ouvido. “Hybrid inaugura uma nova fase no rock, então certamente deve ser celebrado, pois introduz a marcante mistura entre metal e rap junto aos vocais poderosos dos caras”, justifica Thiago. “É um bombardeio de músicas absurdas! Acho que minha ligação pessoal com a música é bem definida nesse disco, pelo propulsor de energia que cada faixa causa em mim”, completa Cassiane.

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