Filmes do caso von Richthofen: Quem estava falando a verdade e o que a Justiça diz sobre o caso?
Aclamados pelos telespectadores por conta da boa atuação do elenco principal, os filmes foram baseadas nos autos do processo, reproduzindo de forma literal as falas dos acusados
Os filmes "A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que Matou Meus Pais", lançados pelo Prime Video, da Amazon, chegaram à plataforma na última sexta-feira (24), trazendo o caso Von Richthofen de volta aos holofotes. Os longas, dirigidos por Mauricio Eça, trazem as versões do ex-casal Suzane Von Richthofen (Carla Diaz) e Daniel Cravinhos (Leonardo Bittencourt) sobre o assassinato de Manfred e Marísia Von Richthofen, em 2002, um crime que chocou o País.
Aclamados pelos telespectadores por conta da boa atuação do elenco principal, os filmes foram baseadas nos autos do processo, reproduzindo de forma literal as falas dos acusados. Versões que se divergem a todo instante e deixam inúmeros questionamentos. Afinal, quem estava falando a verdade e o que a Justiça diz sobre o caso?
Se, de um lado, Suzane assume o papel de vítima fragilizada e influenciada pelo ex-namorado abusivo, que segundo ela, estaria interessado no dinheiro de sua família, de outro vemos uma Suzane completamente diferente, manipuladora e melancólica. De acordo com Cravinhos, ela quem teria sido a "cabeça pensante de toda a ação criminosa", motivada pelas pressões que sofria dos pais.
Mas o que Suzane fez de fato?
De acordo com a Polícia, Suzane foi responsável por bagunçar as prateleiras da biblioteca da casa na noite do crime. Foi ela, também, que teria pego as joias da mãe e a quantia em dinheiro para fazer com que o crime parecesse com um latrocínio (roubo seguido de morte).
Após toda a ação criminosa, Suzane e Daniel teriam ido a um motel a fim de criar um álibi. Em seguida, a filha dos Von Richthofen foi buscar o irmão, que estava em uma lan house. Ao chegarem em casa, encontraram o corpo dos pais e acionaram a polícia.
Investigação
Na época, a tese da Justiça foi construída através de diversas partes de um terrível quebra-cabeças. O filme, por sua vez, não detalha muito sobre a investigação, de fato, já que o foco é expor os pontos de vista dos acusados. Desta forma, saiba um pouco mais sobre a investigação:
Desde o início, a hipótese da polícia era de que alguém próximo à família teria cometido o crime. Vários indícios teriam os levado a pensar isso como, por exemplo, a casa não ter sinais de arrombamento e apenas o quarto do casal estar revirado em todo o imóvel. Os criminosos levaram 5 mil dólares e R$ 8 mil que estavam na residência.
Uma ex-empregada dos Von Richthofen chegou a ser interrogada e tida como suspeita, mas a teoria logo caiu por terra. Em seguida, o que chamou atenção dos investigadores foi o fato de Cristian Cravinhos (irmão de Daniel) ter comprado uma motocicleta apenas 10 horas após o assassinato do casal. Com isso, foi descoberto que o veículo foi adquirido com um dinheiro roubado da casa de Manfred von Richthofen.
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Desconfiados, os policiais interrogaram, uma semana depois do crime, quatro pessoas: Suzane von Richthofen, Andreas Richthofen, Daniel Cravinhos e Christian Cravinhos. O interrogatório foi feito simultaneamente.
Questionado sobre ser usuário de drogas e sobre a compra da motocicleta, Christian teria dito "é, eu sabia que isso não iria dar certo". Após ser pressionado, ele confessou ter matado o casal na companhia do irmão Daniel.
De acordo com a polícia, nesse mesmo momento outro policial indagou Daniel sobre o que teria acontecido, apresentando a versão de Christian. Foi aí que o namorado de Suzane também confessou o assassinato. A filha dos Richthofen, porém, foi a última a confessar o crime.
O que a justiça diz e quais as penas dos acusados?
No fim das contas, independente das divergências nos depoimentos, os três foram condenados por duplo homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas. Ainda houve fraude processual, pois o trio alterou a cena do crime. Cristian, porém, ainda foi condenado por furto.
No caso de Daniel Cravinhos, a pena-base foi de 16 anos de prisão e 4 pelos agravantes para cada uma das mortes. A confissão, porém, diminuiu um ano (seis meses para cada morte). Ele também foi condenado a seis meses e dez dias-multa pela fraude processual.
Cristian Cravinhos, irmão de Daniel, teve pena-base de 15 anos (mais 4 anos pelos agravantes) para cada uma das mortes. A confissão também diminuiu seis meses para cada assassinato, mas o furto o levou a ser condenado a mais um ano de reclusão e pagamento de multa pelo furto e a seis meses de detenção e dez dias, multa pela fraude.
Já Suzane von Richthofen, filha do casal e namorada de Daniel, teve pena-base de 16 anos, além dos 4 pelos agravantes, para cada um dos assassinatos. Ela também teve seis meses a menos por cada morte, mas porque tinha menos de 21 anos quando o crime aconteceu. Pela fraude, ela também foi condenada a seis meses e dez dias-multa.
O que motivou o crime?
No testemunho de Daniel, ele conta que foi motivado a assassinar os pais de Suzane após ela confidenciar que era abusada pelo pai. Já segundo Suzane, o motivo do assassinato teria sido por conta da ganância de Daniel, que queria o dinheiro de sua família. Ela, por amor, teria topado participar do crime.
A Justiça, porém, nunca chegou a descobrir, de fato, a verdadeira resposta para esta pergunta. O irmão de Suzane, Andreas Richthofen, porém, afirmou em depoimento que o pai não abusava da irmã, mas que ele não aprovava o relacionamento dela com Daniel e que, dias antes do crime, o pai teria deferido um tapa no rosto de Suzane, durante uma briga.
Manfred e Marísia tinham casos extraconjugais?
De acordo com os filmes, o pai de Suzane, Manfred, era infiel, assim como a mãe, Marísia, que teria um caso com uma amiga e paciente. Na realidade, porém, não existem indícios de que Marísia fosse bissexual e mantivesse um caso com esta amiga que, inclusive, negou a possibilidade em depoimento à polícia. Já em relação a Manfred, ele sim teria relacionamentos extraconjugais e Suzane e Marísia tinham conhecimento disso.
Quem eram os pais de Suzane Richthofen?
Os pais de Suzane se chamavam Manfred Albert von Richthofen e Marísia Silva Abdalla. Manfred nasceu em 1953 na cidade de Erbach, na Alemanha. No entanto, no ano seguinte ao seu nascimento, veio para o Brasil, precisamente, para a cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Sul.
No ano de 1974, o alemão se mudou para São Paulo e, após concluir o Ensino Médio, passou a cursar engenharia na Universidade de São Paulo (Usp). Foi na instituição que Manfred conheceu Marísia, que estudava medicina. No fim da década de 70 os dois casaram.
Quando foi assassinado, Manfred tinha 49 anos e era engenheiro da Engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa). Já Marísia tinha 50 anos e era psiquiatra de pacientes de classe alta.
Quem ficou com a fortuna dos von Richthofen?
Avaliada em cerca de R$ 11 milhões, a fortuna da família von Richthofen ficou submetida à análise da justiça. Em 2011, após o julgamento de Suzane, que ocorreu em 2006, foi decidido que a jovem era indigna de receber o patrimônio. A decisão foi oficializada em 2015.
A sentença “(...) determinou a exclusão, por indignidade, da herdeira Suzane Louise von Richthofen, relativamente aos bens deixados por seus pais, ora inventariados, defiro o pedido de adjudicação formulado pelo único herdeiro remanescente, Andreas Albert von Richthofen”, escreveu o juiz José Ernesto de Souza Bittencourt Rodrigues na época.
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Os filmes
"A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que Matou Meus Pais" estão disponíveis no Prime Vídeo, da Amazon. Assista ao trailer.