DANÇA

Deborah Colker chega ao Recife com a montagem 'Cura', que dialoga com doença incurável do neto

Seu neto Théo, agora com 12 anos, nasceu com epidermólise bolhosa distrófica - uma mutação genética que provoca bolhas na pele

Imagem do autor
Cadastrado por

Bruno Vinicius

Publicado em 18/11/2021 às 16:07 | Atualizado em 18/11/2021 às 18:04
Notícia
X

Qual é a cura? Há quase dois anos, a humanidade se faz esse questionamento para resolver a maior pandemia em mais de um século na terra. A coreógrafa Deborah Colker está em busca dessa resposta há mais tempo. Seu neto Théo, agora com 12 anos, nasceu com epidermólise bolhosa distrófica - uma mutação genética que provoca bolhas na pele. Da angústia em procurar uma solução para o problema dele, seja pela ciência ou pela fé, Colker extraiu o espetáculo "Cura", conceituado a partir de 2018. Após estrear no Globoplay, a obra chega ao Teatro Guararapes, nestes sábado (20) e domingo (21), depois de passar por outras capitais brasileiras.

"Cura" surgiu um ano após a morte de Stephen Hawking, um dos cientistas mais importantes do mundo. O físico fez história e viveu até os 76 anos, mesmo convivendo com a ELA (Esclerose lateral amiotrófica). "Quando foi diagnosticado, os médicos deram a Hawking três anos de vida. Ele viveu mais 50, criativos e iluminados. Entendi o que é a cura do que não tem cura", diz Colker, que já está com sua conceituada companhia de dança há 27 anos na estrada.

Em uma concepção pré-pandemia, Deborah afirma que a crise sanitária não interferiu, diretamente, no conceito do espetáculo. "Eu acho que não trouxe nada da pandemia para o espetáculo. Ele foi concebido antes, mas acho que há um caminho, uma coincidência, existe um reconhecimento... Mas eu fui buscar uma cura do que não tem cura, do que ainda é inalcançável. Essa pandemia foi terrível, foi muito dura para todo mundo, mas há vacinas e uma perspectiva de solução", explica Deborah.

Para o espetáculo, Colker traz uma conexão com os orixás. A história de Theo, de repente, é contada a partir da narrativa de Obulaê - orixá das crianças e da cura. E quem assistir ao espetáculo ouvirá a história pela voz do próprio neto de Deborah. Para além do orixá, a África está muito presente na montagem - fruto também de uma viagem da bailarina e coreógrafa a Moçambique, possibilitando a conexão com outras religiões africanas.

Parceria com Brown

A trilha sonora original ficou por conta do músico Carlinhos Brown e a dramaturgia por rabino Nilton Bonder. "A gente conhece o Carlinhos pop, mas ele é um cara que é um alquímico, que é descobrir sons, descobrir culturas na música, descobrir dialetos africanos e ancestralidades. Acho que a gente conseguiu uma mistura musical para produzir essa dor, essa alegria, essa raiva, essa fé e na ciência. E o Carlinhos era a pessoa para fazer isso", conta Deborah, que inicialmente tinha um plano de uma parceria menor para o espetáculo.

"Eu acho que o Carlinhos era um encontro que queríamos fazer há muito tempo. Muitas pessoas o conhecem agora por causa do 'The Voice', mas ele é importante para a gente há muito tempo. Ele é um gênio", elogia a parceria de Brown.

Possibilidades no audiovisual

Em decorrência da pandemia, o espetáculo estreou na plataforma Globoplay, ao vivo, com direção artística de LP Simonetti. A experiência, segundo Deborah, abriu outras possibilidades de conexão com a sua arte. 

"Eu fiquei muito inspirada, eu adorei o resultado estético que a gente conseguiu. Eu acho a equipe da Globo craque com as câmeras, a gente ensaiou e estudou sobre a dinâmica de cada cena. A gente respeita muito a luz do espetáculo. O espetáculo, ao vivo, para o streaming foi muito potente. Eu abri em mim uma forte possibilidade para parcerias com canais", afirmou Colker, que levou ao ar "Crua" em 25 de setembro para o Globoplay.

Tags

Autor