Fundaj celebra centenário da Semana de Arte Moderna com exposição, debate e concerto
Mostra sobre Vicente do Rego Monteiro será realizada em junho; debate sobre o pintor e concerto inspirado em Villa-Lobos antecipam a exposição
A Fundação Joaquim Nabuco, através da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), anunciou nesta terça-feira (15) algumas ações para celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna em Pernambuco. A principal delas é a exposição "Um Pernambucano na Semana de 22: Vicente do Rego Monteiro", realizada com curadoria de Rodrigo Cantarelli na sala que leva o nome do pintor no campus da instituição no Derby, no Recife.
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A mostra trará um pouco da trajetória de Rego Monteiro, que participou da Semana de 22, e será inaugurada apenas em junho, mas os detalhes sobre o projeto serão explanados ao público em um debate realizado nesta quinta-feira (17), às 17h, no canal do YouTube da Fundação, instituição vinculada ao Ministério da Educação. A conversa desta quinta-feira será entre o curador Rodrigo Cantarelli e Moacir dos Anjos, que são pesquisadores da Fundaj.
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Na sexta-feira (18), o Cinema da Fundação/Museu, no auditório Benício Dias, receberá, às 15h, o concerto do grupo pernambucano Quarteto Encore. O grupo apresentará um repertório voltado à obra de Heitor Villa-Lobos, principal nome da música abraçada pela Semana de 22.
Um pernambucano pioneiro
Além de tópicos sobre a exposição, a discussão desta quinta-feira fará reflexões sobre o legado de Rego Monteiro, que mesmo sem estar presente no Theatro Municipal de São Paulo em 1922, teve oito obras suas exibidas no evento e se consolidou como um dos maiores pintores modernistas da história brasileira.
"Embora, em 22, ele estivesse em Paris e não tenha estado presencialmente na Semana, tendo participado com algumas obras, Vicente já vinha desenvolvendo uma linguagem moderna nas artes buscando representar o Brasil que se consolida naquele momento", destaca Cantarelli.
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Moacir dos Anjos ressalta que é importante discutir a obra de Vicente do Rego Monteiro a partir da originalidade de sua pesquisa artística, que efetivamente buscava articular elementos de uma cultura moderna européia e hegemônica e elementos somente do Brasil. De início, isso ocorreu através de uma linha indigenista.
"Dessa maneira, é possível pensar na obra de Vicente como a elaboração de um modernismo com sotaque brasileiro, com acento em modos de fazer não encontráveis em outros cantos, ainda que alicerçada no seu conhecimento da arte moderna europeia", diz Moacir.
A música modernista
Na sexta-feira (18), no campus do Cinema do Museu, o Quarteto Encoreserão vai apresentar músicas como "Movimentos de Quarteto Nº 1", "Trenzinho do Caipira" e "Melodia Sentimental", de Villa-Lobos; ao lado de "Movimentos da Pequena Suíte Brasileira", de Dierson Torres; e "Movimentos A-Temporais", de Ivanubis Hollanda.
"Homenageamos Villa-Lobos que, dos nacionalistas, é a nossa principal referência, assim como também é para outros compositores, que traremos no concerto. Ao fazer essa homenagem, demonstramos na prática como Villa-Lobos foi uma fonte de inspiração para tantos nomes a partir de seu legado, em especial em Pernambuco e no Nordeste”, explica Carlos Santos, diretor musical do Quarteto Encore.
Desde a formação, em 2009, o grupo musical realiza aula-concerto com a finalidade de mostrar às novas gerações a história por meio da música. Esta apresentação no Cinema da Fundação/Museu será para 100 pessoas, sendo 50 professores e alunos da rede pública convidados. Os outros 50 convites são para o público em geral e podem ser retirados na bilheteria até 20 minutos antes da aula-concerto.
"A gente celebra a Semana de 22 levando em consideração tanto o evento em si, no qual tivemos um pernambucano que hoje dá nome a um espaço da Fundação, que é Vicente do Rego Monteiro, mas também pensando na Semana como uma metáfora, que sintetiza todo um processo histórico que permite a modernização do país e também que o Brasil possa se descobrir", finaliza Antônio Campos, presidente da Fundaj.
Legado da modernista Tereza
No Recife, a celebração do modernismo está ocorrendo com a exposição "Viva Tereza, Tereza Viva", montada no Museu do Estado com curadoria de Bruno Albertim e Marcus Lontra. A mostra é realizada pela Cepe, Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE/ Fundarpe) e Mepe. A ideia é que o projeto se torne itinerante. Ainda foi lançado o livro "A Liberdade em Vermelho" (Cepe Editora), organizado pela neta Joana Rozowykwiat com o artista plástico Raul Córdula.