CIRANDA

Pátio de São Pedro, no Recife, voltará a ter encontros de ciranda, como nos anos 1970; veja datas

Pátio de São Pedro, no Centro do Recife, voltará a receber constantes apresentações de grupos de ciranda

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Emannuel Bento

Publicado em 25/08/2022 às 12:29 | Atualizado em 31/08/2022 às 11:54
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O Pátio de São Pedro, um dos espaços mais simbólicos e afetivos do Centro do Recife, voltará a receber constantes apresentações de grupos de ciranda. Os encontros serão realizados sempre na primeira sexta-feira do mês, estreando em 2 de setembro, às 17h30.

Quem viveu o Recife dos anos 1970 (ou já ouviu falar sobre a cultura da capital naquela década) sabe que o Pátio de São Pedro recebia uma programação tradicional de ciranda.

De acordo com a Secretaria de Cultura do Recife, a inciativa integra uma série de ações e programações, previstas para os próximos meses, que integrarão o projeto "Cultura que Toca no Pátio".

O então secretário de cultura Ricardo Mello, que no momento está afastado do cargo para atuar na campanha de Danilo Cabral (PSB), já havia antecipado o seu desejo de reativar a cultura do Pátio de São Pedro em entrevista ao JC em março deste ano.

História da ciranda em Pernambuco passa pelo Pátio de São Pedro

Foto: Guga Matos/JC Imagem
Ciranda de Pernambuco pode se tornar bem imaterial reconhecido pelo Iphan - Foto: Guga Matos/JC Imagem

Há 50 anos, a ciranda era a "dança da moda pernambucana", como se refere o pesquisador e folclorista Evandro Rabello, no livro "Ciranda: dança de roda, dança da moda" (1979). Essa foi uma linguagem da cultura popular exaltada mesmo na ditadura militar, que sufocou iniciativas como o Movimento de Cultura Popular (MCP), liderado por Paulo Freire.

Eram os tempos de grupos como Ciranda Imperial, de Mestre Geraldo, a Ciranda Mimosa, de João da Guabiraba, e a Ciranda Cobiçada, da pioneira Dona Duda - clique aqui para conhecer a história de Dona Duda.

A própria Lia de Itamaracá, hoje grande expoente na divulgação da cultura popular pernambucana, também esteve muito por lá. Naquela época, havia também frequentes rodas de ciranda na pracinha de Boa Viagem, na Casa da Cultura e pelo Centro do Recife.

Um dos poucos registros em áudio do Mestre Baracho, lenda da ciranda em Pernambuco, é justamente disco "Ciranda no Pátio de São Pedro – Baracho e seus cirandeiros" (1976), álbum gravado ao vivo e lançado pelo selo Cactus.

Na capa do álbum, é possível ver como as rodas de ciranda reuniam gente em frente à Catedral de São Pedro dos Clérigos, no Pátio.

Em 2018, um projeto do Som na Rural, intitulado de Ciranda Rural, devolveu ao Pátio de São Pedro as rodas de música e dança que outrora eram frequentes. A iniciativa teve apoio do Funcultura. Lia de Itamaracá também usou o Pátio para fazer a audição do seu aclamado disco, "Ciranda Sem Fim" (2019).

Ciranda é patrimônio cultural do Brasil

Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
Terça Negra Especial de Carnaval 2020 leva maracatu, ciranda e afoxé ao Centro do Recife - Foto: Filipe Jordão/JC Imagem

A ciranda foi declarada como patrimônio cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2021.

A ciranda é uma manifestação cultural que envolve dança, música e canto. Ela ocorre em Pernambuco e na Paraíba. As pessoas se reúnem em uma roda e marcam o ritmo determinado por instrumentos de percussão.

Os documentos foram elaborados entre novembro de 2012 e maio de 2014. Pesquisadores fizeram relatório e documentário em vídeo e elaboraram fichas de identificação e registros audiovisuais e um dossiê. Eles localizaram informações sobre 28 grupos de ciranda em Pernambuco.

A revalidação deve ser realizada pelo menos a cada dez anos e tem como finalidade tanto investigar sobre a atual situação do bem cultural, como levantar informações, averiguar a efetividade das ações de salvaguarda, verificar mudanças nos sentidos e significados atribuídos ao bem, entre outras questões.

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