Engenho Massangana, onde viveu Joaquim Nabuco, reabre com duas exposições sobre cultura afro-brasileira; saiba como visitar

Equipamento cultural vinculado ao Museu do Homem do Nordeste reabrirá nesta sexta-feira (19), quando Joaquim Nabuco completaria 173 anos
Emannuel Bento
Publicado em 16/08/2022 às 14:27
COLAGEM Obra Esse É o Jantar Brasileiro, da artista plástica maranhense Gê Viana Foto: DIVULGAÇÃO


Após dois meses fechado para reparos estruturais, o Parque Nacional da Abolição, localizado no Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho, volta a receber o público nesta sexta-feira (19), quando completam-se 173 anos do nascimento de Joaquim Nabuco. A entrada é gratuita.

O equipamento cultural vinculado ao Museu do Homem do Nordeste, da Fundação Joaquim Nabuco, reabrirá a partir das 10h, com cerimônia de lançamento de livro e inauguração de duas exposições: "Masanganu: Memórias Negras" e "Jeff Alan: Pra Deixar de Ser 'Pra Inglês Ver'".

Na cerimônia de abertura, o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundaj, Mario Helio, fará o lançamento da versão digital do livro "Camões e os Lusíadas", ensaio publicado por Joaquim Nabuco em 1872 e reeditado neste ano pela Editora Massangana, da Fundaj.

Sobre as exposições

A mostra "Masanganu: Memórias Negras" promove um diálogo entre documentos históricos relacionados à vida dos escravizados da propriedade onde Joaquim Nabuco cresceu e obras de arte de importantes artistas pretos do País.

Nas três salas da casa-grande do Engenho, material oriundo do acervo da Fundaj e do Museu da Abolição, com curadoria de Victor Carvalho e Henrique de Vasconcelos Cruz, além de trabalhos produzidos por artistas como Zózimo Bulbul, principal referência do cinema negro brasileiro; Marcelo D'Salete, um dos maiores nomes da literatura em quadrinhos do País, e Gê Viana, artista plástica maranhense que produz peças com colagens e arquivos sob uma perspectiva decolonial.

Já na exposição "Jeff Alan: Pra Deixar de Ser'Pra Inglês Ver'", com curadoria de Ciema Mello, Silvia Barreto e Fernando Alvim, os trabalhos apontam para os resquícios da herança escravocrata, ampliando a perspectiva sobre a causa abolicionista e seus desdobramentos até os dias atuais.

Para além de valorizar um artista como Jeff Alan e a cultura de matriz africana, a ideia da mostra, ressalta a antropóloga Ciema Mello, é reafirmar que, para a Fundaj, a abolição é um processo contínuo. "Liberdade pressupõe dignidade. Buscamos com essa exibição reavivar a memória daqueles que lutaram por esses ideais", afirma.

Sobre o Engenho Massangana

De origem que remonta ao século 16, o Engenho Massangana foi construído em uma área de floresta antes habitada por indígenas, assim como outros engenhos de açúcar erguidos na região, tendo como provável fundador Tristão de Mendonça, que recebeu as terras do então donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho.

No clássico “Minha Formação”, Joaquim Nabuco dedica um capítulo ao engenho. Foi lá, ao observar a rotina e as condições de vida dos escravizados, que encontrou as bases para a construção dos ideais contra o regime escravocrata que vigorava desde o período colonial.

Em 1972, o Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) desapropriou o engenho, que foi restaurado e transformado em museu. Onze anos depois, o local foi doado ao Governo de Pernambuco, sendo tombado como Parque Nacional da Abolição e, em seguida, repassado à Fundaj, que, desde então, coordena as atividades e as visitações no espaço.

O conjunto arquitetônico, formado pela casa-grande, senzala e templo religioso - a Capela de São Mateus, onde Nabuco foi batizado -, abriga hoje um centro cultural e museológico, que conta com a exposição permanente “Nabuco e Massangana: o tempo revisitado”. Além das visitas espontâneas, o Parque Nacional da Abolição recebe estudantes para programas educativos.

SERVIÇO
Reabertura do Parque Nacional da Abolição Engenho Massangana
Quando: 19 de agosto, a partir das 10h
Onde: Engenho Massangana, Rodovia PE-60, s/n, Cabo de Santo Agostinho
Quanto: Entrada gratuita

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