LITERATURA

"A fome é urgente e reclama ação imediata", diz Raimundo Carrero, que lança 'A Luta Verbal'

Livro "A Preparação do Escritor" ganhou título de "A Luta Verbal" em nova edição pela Editora Iluminuras: "Os problemas sociais no Brasil se avolumaram de tal maneira que se tornou necessário criar uma estética que saísse do campo da beleza tradicional"

Emannuel Bento
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Emannuel Bento
Publicado em 27/10/2022 às 16:02
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LITERATURA Raimundo Carrero relança "A Preparação do Escritor" com título de "A Luta Verbal" - FOTO: HEUDES REGIS/DIVULGAÇÃO
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Prestes a completar 75 anos, Raimundo Carrero segue obstinado em consolidar a sua literatura como uma ferramenta de transformação social. Para isso, explora a didática que desenvolveu em oficinas. O livro "A Preparação do Escritor", com título que já explana o teor pedagógico, ganhou o combativo título de "A Luta Verbal" em nova edição pela Editora Iluminuras.

Trata-se de uma visão atualizada de sua conceituação do fazer literário, trazendo ensinamentos da sua experiência e aprendizados deixados por nomes como Jorge Amado, Graciliano Ramos, Marcelino Freire, Itamar Vieira Júnior, Jeferson Tenório, Sidney Rocha, Ney Anderson, Lima Barreto, Nivaldo Tenório, Cícero Belmar, entre outros.

Vale ressaltar que outro lançamento recente, "Estão Matando os Meninos", denunciava a violência policial. "A segunda edição já estava programada, mas eu precisava atualizar minhas ideias. Era imperativo", diz Carrero, ao JC.

"Os problemas sociais no Brasil se avolumaram de tal maneira que se tornou necessário criar uma estética que saísse do campo da beleza tradicional. A fome é urgente e reclama ação imediata. Daí o manifesto literário que o livro comporta", explica.

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Raimundo Carrero - HEUDES REGIS/DIVULGAÇÃO
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Raimundo Carrero - HEUDES REGIS/DIVULGAÇÃO
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Raimundo Carrero - HEUDES REGIS/DIVULGAÇÃO

"A literatura, ou seja, a luta verbal, deve ser sempre denunciadora para caminhar junto com a sociedade. Nem ao lado, nem subserviente, mas sim junto. Sempre juntas, sociedade e luta verbal, ou literatura, como chamam por aí", acrescenta.

A primeira edição de "A Preparação do Escritor" foi resultado de 15 oficinas que o escritor ministrou sobre escrita para o Portal Literário, de Heloisa Buarque de Holanda, transformado em livro.

"Ser pedagógico é importante, até porque as oficinas exigem didática… Mas a obra de criação - romances, novelas e contos, por exemplo - segue a invenção e, por isso, a disciplina não é tão rigorosa", ressalta.

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LIVRO Capa de "A Luta Verbal", de Raimundo Carrero - DIVULGAÇÃO

O livro traz uma proposta pedagógica "revolucionária", nas palavras do escritor. Para ele, a literatura, o hip hop, o slam, a dança, devem estar conjugados com a sala de aula. "Até sugiro o uso do celular como elemento literário. O poder público deve continuar publicando e estimulando esta interação entre a tecnologia e o tradicional".

Ainda sobre celulares, inclusive, Carrero reconhece como o hábito mudou o consumo literário: “Mas o mundo não vive sem livros, daí o e-book. Sem livros e sem a escrita, não teríamos sites, blogues e redes sociais. Embora o impacto seja muito forte, acho que algumas coisas são passageiras e vão se acomodar. É só uma questão de tempo e de costume”.

Em ano eleitoral, Carrero, que ocupou diversos cargos públicos importantes na área da cultura, acredita que o Estado deve realizar “estudos sistemáticos, pesquisas e realizações". "Assim, assimila, se desenvolve, integra-se”.

Serviço

"A luta verbal", de Raimundo Carrero

Editora Iluminuras

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