A primeira edição da Expo Preta começou nesta quinta-feira (17), no Riomar Recife, com uma performance do grupo musical e multiartístico Barbarize. Nascido na comunidade do Bode, no Pina, na Zona Sul do Recife, o grupo colocou todo mundo no clima do evento: de busca de emancipação e igualdade racial para o povo negro.
Em comemoração ao mês da Consciência Negra, o Riomar Recife e o Instituto JCPM de Compromisso Social realizam a Expo Preta pela primeira vez, unindo a mostra a uma programação cultural e de conteúdo. O evento se encerra no próximo domingo (20), Dia da Consciência Negra.
Celebridade no mundo digital, a fundadora do Movimento Black Money, Nina Silva, abriu a Feira com uma palestra junto com a diretora executiva do Instituto Enegrecer, Manoela Alves. Considerada a Mulher Mais Disruptiva do Mundo pela Women in Tech Global Awards 2021, a afroempreendedora conta que esta foi a sua primeira vez no Recife.
- Toni Garrido e Barbarize são atrações de abertura da Expo Preta, no RioMar Recife
- Afro empreendedores do Pina, Brasília Teimosa e Ilha de Deus participam da 1ª edição da Expo Preta no RioMar Recife
- RioMar traz fundadora do Movimento Black Money, Nina Silva, para falar sobre afro empreendedorismo na Expo Preta
Muitas pessoas questionam como ela foi parar em uma área dominada por homens brancos. Ela conta que a escolha teve a ver com as tecnologias ancestrais que ela aprendeu.
"A gente aprende educação financeira, planejamento, administração e empreendedorismo com a escassez das nossas famílias. Eu vivi minha infância na maior favela plana da América Latina, o Jardim Catarina, com meu pai, que terminou o ensino médio com supletivo, e minha mãe, que não terminou a quarta série", recorda Nina.
Sobre o Movimento Black Money, ela diz que é preciso olhar para além do empreendimento que ela criou. "O Black Money é uma ideologia ancestral de auxílio e apoio múltiplos entre as pessoas pretas. Isso é um comportamento que os povos africanos sempre tiveram", observa.
Manoela Alves destacou o momento de maior autoestima da população negra. "Hoje tem empresas nos procurando, querendo entender e aprender a trabalhar com pessoas negras. As empresas entenderam que precisam pensar na diversidade", afirma.
Depois da discussão, mediada pela jornalista Maristela Niz, o multiartista e ativista antirracismo, Tony Garrido, fez um show cantando seus maiores sucessos.
Exceto a abertura, toda a programação da Expo Preta é gratuita e ocorrerá nos dias 18, 19 e 20 no Piso L3, das 12h às 22h, na sexta e no sábado, e das 12h às 21h, no domingo. Participam da Expo Preta 18 afroempreendedores de Brasília Teimosa, do Pina e da Ilha de Deus, que estarão apresentando suas criações, produtos e serviços de segmentos diversos, como: moda, saúde, beleza, bem-estar, artes, música e gastronomia.
Miqueline Batista, de 27 anos, é uma das expositoras do evento. Proprietária do espaço de beleza A Famosinha das Tranças, a empreendedora de Brasília Teimosa vai levar para a Expo Preta todas as técnicas que aprendeu com a mãe e a avó, além daquelas que desenvolveu por conta própria desde os 12 anos. "A feira será uma oportunidade inovadora de divulgar o nosso trabalho, expandir o público e desfazer visões limitadas sobre a trança, permitindo muitas trocas. Estou super animada", diz Miqueline, que montou seu empreendimento depois de criar uma conta no Instagram.
SELEÇÃO DOS EXPOSITORES
A seleção das e dos afroempreendedores foi realizada a partir de chamamento via internet e todos os expositores recebem ajuda de custo diária para alimentação e transporte. "Já havíamos mapeado neste ano com a Produtora Curadoras Negras o celeiro de afroempreendimentos e artistas do nosso entorno, para entender o perfil e o potencial deles, todos com um viés de criatividade e de afirmação de identidade muito fortes. Foi uma alegria constatar o interesse das comunidades no projeto", ressalta a gerente de Sustentabilidade do Grupo JCPM, Thayara Paschoal.
Parte dos expositores já passou por atividades de impulsionamento e aceleração de negócios do IJCPM. Caso dos empreendedores do Pinosa Moda Sustentável, contemplados em um processo de formação, desenvolvimento e amadurecimento criativo que culminou com a participação na 8ª edição do Passarela RioMar, em setembro, e se difunde agora na Expo Preta.
Painéis e debates
Nem só de produtos e serviços é feita a mostra. Como a proposta também é promover a conscientização, o empoderamento coletivo e as conexões que estimulem a economia gerada pelo afroempreendedorismo, ainda há uma intensa agenda de painéis, oficinas e atrações culturais.
Na sexta-feira (18) em especial, Dia da Juventude, a programação é inteiramente voltada para esse público, com atuação de 20 Jovens Embaixadores da Expo Preta, que serão incentivados a divulgar as atividades nas suas redes sociais para visibilizar e multiplicar o conhecimento, especialmente entre pessoas que vivem nas comunidades.
Conteúdos e atrações artísticas e programação em geral foi construída através da escuta e reconhecimento da riqueza da cultura negra em nosso estado.
Ao fim da Expo Preta, um Relatório de Impacto Social deve apontar os acertos e ajustes de rota para balizar novas ações que ampliem uma agenda de estímulo a espaços que incentivem a igualdade racial.
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