EXPOSIÇÃO

Expo Preta: "A gente aprende educação financeira com a escassez das nossas famílias", diz Nina Silva

Evento está sendo realizado no RioMar e acontece até o próximo domingo (20), Dia da Consciência Negra

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 17/11/2022 às 21:41 | Atualizado em 17/11/2022 às 21:56
Guga Matos / JC Imagem
Primeira edição da Expo Preta, no Shopping RioMar Recife - FOTO: Guga Matos / JC Imagem
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A primeira edição da Expo Preta começou nesta quinta-feira (17), no Riomar Recife, com uma performance do grupo musical e multiartístico Barbarize. Nascido na comunidade do Bode, no Pina, na Zona Sul do Recife, o grupo colocou todo mundo no clima do evento: de busca de emancipação e igualdade racial para o povo negro.

Em comemoração ao mês da Consciência Negra, o Riomar Recife e o Instituto JCPM de Compromisso Social realizam a Expo Preta pela primeira vez, unindo a mostra a uma programação cultural e de conteúdo. O evento se encerra no próximo domingo (20), Dia da Consciência Negra.

Celebridade no mundo digital, a fundadora do Movimento Black Money, Nina Silva, abriu a Feira com uma palestra junto com a diretora executiva do Instituto Enegrecer, Manoela Alves. Considerada a Mulher Mais Disruptiva do Mundo pela Women in Tech Global Awards 2021, a afroempreendedora conta que esta foi a sua primeira vez no Recife.

Muitas pessoas questionam como ela foi parar em uma área dominada por homens brancos. Ela conta que a escolha teve a ver com as tecnologias ancestrais que ela aprendeu.

"A gente aprende educação financeira, planejamento, administração e empreendedorismo com a escassez das nossas famílias. Eu vivi minha infância na maior favela plana da América Latina, o Jardim Catarina, com meu pai, que terminou o ensino médio com supletivo, e minha mãe, que não terminou a quarta série", recorda Nina.

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Primeira edição da Expo Preta, no Shopping RioMar Recife - Guga Matos / JC Imagem
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Nina Silva, fundadora do Movimento Black Money - Guga Matos / JC Imagem
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Primeira edição da Expo Preta, no Shopping RioMar Recife - Guga Matos / JC Imagem
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Show do grupo Barbarize, na 1ª edição da Expo Preta, no Shopping RioMar Recife - Guga Matos / JC Imagem
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Show do grupo Barbarize, na 1ª edição da Expo Preta, no RioMar Recife - Guga Matos / JC Imagem

Sobre o Movimento Black Money, ela diz que é preciso olhar para além do empreendimento que ela criou. "O Black Money é uma ideologia ancestral de auxílio e apoio múltiplos entre as pessoas pretas. Isso é um comportamento que os povos africanos sempre tiveram", observa.

Manoela Alves destacou o momento de maior autoestima da população negra. "Hoje tem empresas nos procurando, querendo entender e aprender a trabalhar com pessoas negras. As empresas entenderam que precisam pensar na diversidade", afirma.

Depois da discussão, mediada pela jornalista Maristela Niz, o multiartista e ativista antirracismo, Tony Garrido, fez um show cantando seus maiores sucessos.

Exceto a abertura, toda a programação da Expo Preta é gratuita e ocorrerá nos dias 18, 19 e 20 no Piso L3, das 12h às 22h, na sexta e no sábado, e das 12h às 21h, no domingo. Participam da Expo Preta 18 afroempreendedores de Brasília Teimosa, do Pina e da Ilha de Deus, que estarão apresentando suas criações, produtos e serviços de segmentos diversos, como: moda, saúde, beleza, bem-estar, artes, música e gastronomia.

Miqueline Batista, de 27 anos, é uma das expositoras do evento. Proprietária do espaço de beleza A Famosinha das Tranças, a empreendedora de Brasília Teimosa vai levar para a Expo Preta todas as técnicas que aprendeu com a mãe e a avó, além daquelas que desenvolveu por conta própria desde os 12 anos. "A feira será uma oportunidade inovadora de divulgar o nosso trabalho, expandir o público e desfazer visões limitadas sobre a trança, permitindo muitas trocas. Estou super animada", diz Miqueline, que montou seu empreendimento depois de criar uma conta no Instagram.

SELEÇÃO DOS EXPOSITORES

A seleção das e dos afroempreendedores foi realizada a partir de chamamento via internet e todos os expositores recebem ajuda de custo diária para alimentação e transporte. "Já havíamos mapeado neste ano com a Produtora Curadoras Negras o celeiro de afroempreendimentos e artistas do nosso entorno, para entender o perfil e o potencial deles, todos com um viés de criatividade e de afirmação de identidade muito fortes. Foi uma alegria constatar o interesse das comunidades no projeto", ressalta a gerente de Sustentabilidade do Grupo JCPM, Thayara Paschoal.

Parte dos expositores já passou por atividades de impulsionamento e aceleração de negócios do IJCPM. Caso dos empreendedores do Pinosa Moda Sustentável, contemplados em um processo de formação, desenvolvimento e amadurecimento criativo que culminou com a participação na 8ª edição do Passarela RioMar, em setembro, e se difunde agora na Expo Preta.

Painéis e debates

Nem só de produtos e serviços é feita a mostra. Como a proposta também é promover a conscientização, o empoderamento coletivo e as conexões que estimulem a economia gerada pelo afroempreendedorismo, ainda há uma intensa agenda de painéis, oficinas e atrações culturais.

Na sexta-feira (18) em especial, Dia da Juventude, a programação é inteiramente voltada para esse público, com atuação de 20 Jovens Embaixadores da Expo Preta, que serão incentivados a divulgar as atividades nas suas redes sociais para visibilizar e multiplicar o conhecimento, especialmente entre pessoas que vivem nas comunidades.

Conteúdos e atrações artísticas e programação em geral foi construída através da escuta e reconhecimento da riqueza da cultura negra em nosso estado.

Ao fim da Expo Preta, um Relatório de Impacto Social deve apontar os acertos e ajustes de rota para balizar novas ações que ampliem uma agenda de estímulo a espaços que incentivem a igualdade racial.

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