O fortalecimento da identidade cultural do Estado será o enfoque da gestão de Silvério Pessoa, novo secretário de cultura do Governo de Pernambuco. O cantor e compositor compartilhou as suas primeiras ideias e prioridades durante entrevista ao JC após a posse do secretariado de Raquel Lyra, nesta segunda-feira (2), no Palácio Campo das Princesas, Centro do Recife.
"É preciso pensar a cultura popular com um olhar de 'drone' e com isso fortalecer a identidade cultural de um povo. Inicialmente, a minha meta é essa", disse Silvério, que é pesquisador em cultura popular e mestre e doutor em Ciências da Religião pela Universidade Católica de Pernambuco, onde leciona atualmente.
"Preciso me inteirar de toda a situação e montar uma equipe que me dê tranquilidade para pegar a estrada. Eu quero ouvir os artistas populares, ouvir uma periferia que está nos municípios de Serra Talhada, Arcoverde. Todos os interiores têm periferia, onde se produz hip hop, grafite, metal, rock, dança e muito mais".
O olhar para o interior também está entre suas prioridades. Silvério é natural Carpina, Zona da Mata Norte de Pernambuco, e iniciou a sua carreira artística nos anos 1990 com a banda Cascabulho.
"Quero sair do gabinete, não quero ser um secretário de gabinete. Quero fazer uma caravana e perceber o que está acontecendo para além dos muros do Recife, de Jaboatão e de outros municípios próximos, dando visibilidade para Agreste, Zona da Mata e Sertão. Se produz cultura por lá."
Questionado sobre a demanda mais urgente da pasta, Silvério citou a "questão do pagamento do cachê".
O aumento dos cachês praticados pela FUNDARPE para apresentações tem sido uma das principais reclamações da classe artística. Até 2022, artistas e bandas recebiam sempre os valores das três últimas notas para o Governo do Estado, sem qualquer reajuste num país em que o custo de vida tem aumentado.
Em novembro, após a vitória de Lyra, Paulo Câmara (PSB) concedeu um aumento de 34% nos valores das notas. A implementação dessa mudança ficará para o governo de Lyra. Contudo, ainda existem outras questões, como atrasos.
"Como artista, eu convivo com essas demandas. A gente precisa rever essa questão do pagamento, mas não é apenas uma atribuição só nossa. É uma atribuição coletiva, entrando no planejamento, orçamento”, disse Silvério. “O secretariado está com essa cara de interdisciplinaridade: o planejamento, o desenvolvimento econômico, todos vão realizar um trabalho coletivo."
Juntamente com a FUNDARPE, a pasta ainda tem entre suas atribuições os editais do Funcultura, a realização de grandes eventos, como o Festival de Inverno de Garanhuns, além da manutenção de equipamentos culturais e do patrimônio artístico e histórico.
No último sábado (31), foram divulgados mais nomes ligados à gestão cultural do Estado. A presidente da Fundarpe será Renata Borba, que foi superintendente do Iphan em Pernambuco.
Ela formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco, bacharel em Administração pela Universidade de Pernambuco (Fcap) e com MBA em Gestão da Qualidade das Construções pela Universidade de Salvador. Cursa, atualmente, a especialização em Conservação e Restauração do Patrimônio Cultural Edificado, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
Como superintendente do Iphan, coordenou a execução de obras de restauração em diversos monumentos do estado, além de importantes ações na área do Patrimônio Imaterial.
Já a Secretaria Executiva de Cultura ficará com Léo Salazar, que é produtor cultural, jornalista e contabilista. Tem especialização em Gestão de Negócios (Fcap/UPE) e mestrado em Hotelaria e Turismo (UFPE). É autor do livro "Música Ltda: o negócio da música para empreendedores" e do guia digital “Música tocando negócios".
Foi secretário-executivo de Turismo e Economia Criativa da Prefeitura de Caruaru, vice-presidente da Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru, vice-presidente do Conselho de Política Cultural de Caruaru e presidente do Comitê Gestor do São João de Caruaru.