Exposição reúne 32 artistas para refletir sobre ancestralidade na Galeria Marco Zero, no Recife

Composta por 60 obras e dividida em três núcleos conceituais, a mostra traz visões e histórias de vida marcadas por migrações e travessias
Emannuel Bento
Publicado em 26/01/2023 às 14:58
EXPOSIÇÃO Povo Pataxó, Aldeia Imbiruçú, na mostra 'Eu não enterrei meu umbigo aqui', da Galeria Marco Zero Foto: DIVULGAÇÃO


Refletindo sobre os fluxos migratórios do Brasil, a exposição "Eu Não Enterrei meu Umbigo Aqui" está em cartaz na Galeria Marco Zero, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, a partir desta quinta-feira (26) até 8 de abril. A curadoria é de Galciani Neves.

A mostra é dividida em três núcleos conceituais: "Exercício de permanência como resistência"; "Migrar para insurgir" e "Desterro Forçado". No dia 27 de janeiro, às 18h, acontece uma Roda de Conversa com os artistas Juraci Dórea e Marlene Costa de Almeida, quando a curadora atuará como mediadora.

CONHEÇA A EXPOSIÇÃO

Para iniciar o trabalho de curadoria, Galciani Neves conta que sua pesquisa teve início ao buscar personagens cujas histórias de vida foram marcadas por migrações e travessias, muitas vezes a contragosto.

Dos personagens mais conhecidos estão a primeira mulher presa política do Brasil, Bárbara de Alencar; Maria de Déa, mais conhecida como "Maria Bonita"; e a Iracema, que virou personagem do filme teuto-brasileiro "Iracema - Uma Transa Amazônica" (1974).

O título da exposição "Eu não Enterrei meu Umbigo Aqui" é uma referência a uma das falas de uma personagem do filme e significa a necessidade de deslocar-se para a sobrevivência.

Com historiografia densa, a exposição mostra relatos artísticos reunidos em 60 obras sob o ponto de vista de 32 artistas brasileiros que fogem do ponto de vista do branco colonizador.

Segundo Neves, a tarefa de reescrever a História do Brasil, desse território tão diverso, de tantos povos e tantas culturas, só é possível se for reescrita de forma coletiva, com atenção às questões que envolvem atravessamentos pessoais e experiências dos próprios artistas.

"Quando se olha para a nossa história, é impossível ignorar perspectivas com problemáticas racistas, patriarcais e patrimonialistas. Reviver os fluxos migratórios pelo prisma da Arte, faz a gente revirar a nossa ancestralidade e repensar nosso pertencimento", pontua Galciani, cearense radicada em São Paulo e professora e pesquisadora no campo das artes visuais.

ARTISTAS

Segundo Marcelle Farias, sócia da Galeria Marco Zero, junto com Eduardo Suassuna, esta coletiva é uma oportunidade de o público enxergar as questões através do trabalho de artistas diversos. "São olhares de diferentes históricos, procedências, gerações que, justapostos, trazem uma excelente reflexão para temas que são urgentes e necessários", observa.

Na lista de artistas estão os nomes de Aislam Pankararu; André Vargas; Antonia Nayane; Bozó Bacamarte; Bruno Faria; Carmela Gross; Cícero Dias; Clara Moreira; Chico Albuquerque; Cristiano Lenhardt; Davi de Jesus do Nascimento; Edgar Kanaykõ Xakriabá; Elilson; Fernanda Porto; Fred Jordão; Guga Szabzon; Gustavo Caboco e Lucilene Wapichana; Ianah Maia; Janaina Wagner; Júlia Pontés; Juraci Dórea; Letícia Parente; Maria das Dores Cândido Monteiro; Maria do Socorro Cândido Monteiro; Maria Macedo; Marlene Costa de Almeida; Mestre Neguinha e Nanai; Rafael RG; Rubiane Maia; Tiago Sant'anna ; Tereza Costa Rêgo e Vitor Cesar.

Além da atual exposição, a Galeria Marco Zero reúne um acervo de diversas vertentes, expressões, períodos e estilos.

Entre os destaques, a representação do espólio do pernambucano Gilvan Samico, e a preservação e difusão de nomes como Abelardo da Hora, Cícero Dias, Gil Vicente, Francisco Brennand, Burle Marx, Vicente do Rego Monteiro, Tereza Costa Rêgo, Reynaldo Fonseca, Lula Cardoso Ayres, Carybé, Di Cavalcanti, Portinari, Tomie Ohtake, Abraham Palatnik, Rubem Valentim, José Cláudio e João Câmara.

A galeria também se corresponde com movimentos mais contemporâneos apresentando trabalhos de Tunga, Miguel Rio Branco, Paulo Pasta, José Damasceno, Rodrigo Andrade, Túlio Pinto, Emmanuel Nassar, Felipe Cohen, Tatiana Blass, Tulio Pinto, Paulo Whitaker.

E representa jovens artistas locais como Ramonn Veitez e Rayana Rayo, cujos trabalhos estão focados no desenvolvimento de suas poéticas e conectados com questões fundamentais da atualidade.

A Marco Zero também abriga uma biblioteca especializada, inclusiva e em constante formação, contribuindo para o exercício da diversidade e a construção e difusão do conhecimento.

SERVIÇO
Exposição 'Eu Não Enterrei meu Umbigo Aqui', curadoria de Galciani Neves
Onde: Galeria Marco Zero (Avenida Domingos Ferreira, 3393, Boa Viagem)
Visitação: de 26 de janeiro até 4 de abril, de seg à sex, das 10h às 19h, sáb e dom, das 10h-17h
Quanto: Acesso gratuito

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cultura Exposição galeria
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