Artista pernambucano Jaildo Marinho realiza exposição na Maison Louis Carré, na França

"Círculos" é uma homenagem ao arquiteto finlandês Alvar Aalto: 'O diálogo do trabalho de um arquiteto com um artista pode ser eterno'
Emannuel Bento
Publicado em 16/05/2023 às 15:53
Jaildo Marinho nasceu em Santa Maria da Boa Vista, no interior de Pernambuco, e vive há 30 anos na Fraça Foto: DIVULGAÇÃO


Radicado na França há 30 anos, o artista pernambucano Jaildo Marinho inaugurou, no último sábado (13), uma exposição individual no Maison Louis Carré, fundação mantida pela Finlândia em Bazoches-sur-Guyonne, próximo a Paris.

O prédio da instituição foi assinado por Alvar Aalto, arquiteto finlandês que é o grande homenageado da mostra, intitulada "Círculos". A exposição fica em cartaz até julho.

Jaildo Marinho foi convidado pela Maison Louis Carré junto a Associação Alvar Aalto para idealizar obras que dialogassem com o legado do famoso arquiteto, cuja obra é considerada exemplar da vertente orgânica da arquitetura moderna da primeira metade do século 20.

O artista produziu mais de vinte trabalhos, entre esculturas e telas, que ocupam todos os cômodos da casa - onde antes estiveram artistas como Marcel Duchamp, Fernand Léger e Alexander Calder. A curadoria é de Mario Choueiry.

"Todos os anos a Maison Louis Carré escolhe um artista para homenagear o arquiteto nessa fundação, e dessa vez eu tive a chance de ser escolhido. Faço um trabalho do design dele com as minhas esculturas, buscando ainda um diálogo com a arquitetura brasileira de Oscar Niemeyer. O trabalho do Aalto é voltado para as curvas, o que justifica o título da exposição", diz Marinho, ao JC.

"Ao homenagear a nossa arquitetura e a arquitetura do Aalto, eu estou fazendo uma ligação com um extremo Sul, o Brasil, com um extremo Norte, que é a Finlândia. O diálogo do trabalho de um arquiteto com um artista pode ser eterno. Esse gesto está no uso do mármore de carrara, que representa a eternidade, com as cores, que representam a vida."

O curador Mario Choueiry procurou deixar evidente o diálogo entre o pintor-escultor e o arquiteto mostrando como até a escolha dos materiais - como os mármores - refletem o espaço, os volumes e os materiais da casa. Na visão dele, não há fronteira entre a obra e o ambiente. "Cria-se uma unidade superior dando a percepção de que a arquitetura é escultura e que a escultura é arquitetura".

Jaildo Marinho nasceu em Santa Maria da Boa Vista, no interior de Pernambuco. Iniciou sua formação artística no Recife e aperfeiçoou suas técnicas em Paris, onde vive há 30 anos. Suas obras, conta com mostras internacionais como La Vide Oblique na Maison de l'Amérique Latine, a exposição "Cristalização no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro" e "Derrière les Tableaux" na Biblioteca Histórica da Cidade de Paris.

Quando se mudou para Paris, há mais de trinta anos, Marinho nunca imaginou dialogar com o maior arquiteto finlandês. "Mas quando conheci suas construções e o mobiliário que ele projetou, encontrei uma sintonia imediata", ele diz. "As linhas, que são parte da essência do meu trabalho, encontram nas curvas desenhadas por Aalto uma correspondência. É um diálogo dentro do diálogo. Ambos 'conversa' com o espaço, dentro e fora, e sabem profundamente a vazio, que preenche todas as formas".

Atualmente, ele também está expondo em uma mostra em homenagem ao centenário de Jesús Rafael Soto, na Fundação Villa Datris.

Em agosto de 2022, Jaildo participou da exposição "Ponto de Não Retorno", montada na Pinacoteca do Instituto Ricardo Brennand, na Várzea, Zona Oeste do Recife. A iniciativa reuniu trabalhos de seis artistas pernambucanos que residem na França - além dele, Oscar Malta, Ana Araújo, Maurício Silva, Rodrigo Braga e Sérgio Bello.

Jaildo Marinho participou com a obra Fortaleza, uma outra instalação, em madeira e aço em grandes proporções composta de agulhas gigantes - um instrumento considerado ancestral para o artista.

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