O jornalista, escritor, professor e crítico literário Mário Hélio Gomes de Lima foi eleito como novo imortal da Academia Pernambucana de Letras após pleito realizado pelos acadêmicos da instituição, a terceira academia de letras mais antiga do país, nesta segunda-feira (12).
Ele ocupará a cadeira de número 24, vaga que então era de Reinaldo de Oliveira, falecido em 2022. O patrono da cadeira é Joaquim Nabuco.
"Evidentemente é uma grande alegria ser eleito, pois a eleição em si já traz um grande simbolismo. Fazer parte de uma academia, de um grupo dedicado às letras, é muito importante, sobretudo sabendo da importância dessa instituição", diz Mário Hélio, ao JC.
Nascido em 1965, o escritor é natural de Sapé, na Paraíba. Durante sua trajetória, dedicou muitas das suas obras à temáticas do Recife e de Pernambuco. Dentre elas, destacam-se "O Recife melhor do que Paris" (poesia) e "Cícero Dias - uma vida pela pintura" (prosa).
Dos seus 12 livros, quatro são dedicados a Gilberto Freyre: "O Brasil de Gilberto Freyre", "Casa-Grande & Senzala: o livro que dá razão ao Brasil mestiço e pleno de contradições", "Gilberto Freyre Educador" e "A História Íntima de Gilberto Freyre". Mário Hélio também é o autor do livro "João Carlos Paes Mendonça: vida, ideias e negócios", sobre o fundador do Grupo JCPM.
O escritor é mestre em história pela Universidade Federal de Pernambuco e doutor em Antropologia pela Universidade de Salamanca (Espanha). Foi curador literário da Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), editor-fundador da revista Continente, coordenador-geral da Editora Massangana e diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco.
Nos últimos anos, os presidentes da Academia Pernambucana de Letras têm se posicionado favoráveis à aproximação da instituição da sociedade, sobretudo com eventos que dialoguem com jovens escritores e estudantes.
"Penso que é uma atitude generosa da instituição abrir-se. Me lembra de um livro que diz sobre instituições que são pátios abertos e pátios fechados. A academia tende a ser um pátio aberto. Não apenas de estar aberta ao ingresso das pessoas das mais variadas origens, mas também ao apontar uma postura de rejuvenescer-se. Ser uma academia do século 21 é ser uma instituição do seu tempo, o que significa valorizar o dinamismo permanentemente e ter um compromisso com a juventude", diz.
O novo imortal também exalta a figura de Reinaldo de Oliveira, ator e médico que se tornou uma unanimidade entre os seus contemporâneos. "Era uma pessoa extraordinária, um grande ser humano, de excelente convívio. Ele tinha um senso de humor dos mais interessantes que já vi, sendo uma figura emblemática de todo um tempo. Mais do que o teatro, ele representou o que há de melhor para se representar. Estar nessa cadeira é valorizar todas as qualidades dele, como autor de contos e crônicas, sempre com muito senso de humor."
Para o presidente da APL, Lourival Holanda, a eleição representa uma liturgia de continuidade e renovação. "As eleições põem à prova a juventude da Casa. Um novo acadêmico é uma promessa de atualização. Portanto, sobretudo uma alegria", comemora.
É autor ainda, entre outros livros, de "Livrório/Opus Zero" (poesia); de "Brasil profundo, Espanha Negra" (antropologia) e "Armando Monteiro Filho: Flashes da Vida e do Tempo". Possui também trabalhos sobre Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e outros escritores e artistas do modernismo.
O escritor também é membro do Pen Club Brasil (organização de escritores empenhada na defesa da liberdade de expressão e nos direitos e valores humanistas, fundada no Rio de Janeiro) e da Associação Espanhola de Antropologia Aplicada.
Recentemente, foi convidado para atuar como superintendente na Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), juntamente com o atual presidente João Baltar Freire, e já está coordenando e editando o Suplemento Cultural do Estado e a revista Continente, da qual foi fundador.