Após uma noite de sábado (22) "morna", o 31º Festival de Inverno de Garanhuns subiu a temperatura (apenas por força de expressão, claro) com shows de Simone Mendes, Geraldo Azevedo e uma homenagem ao Mestre Dominguinhos, que partiu há exatos dez anos, sendo um dos filhos mais célebres da cidade.
A noite começou com o grupo Cantoria Crua, formado pelos músicos pernambucanos Adalberto, João Euzé e Neto Sales. Os artistas apresentaram um trabalho que mescla ancestralidade e vivências pessoas.
Em seguida, Liv Moraes, filha e herdeira musical de Dominguinhos, quem celebrou o legado e o valor da obra do artista. A cantora recebeu no palco grandes forrozeiros que ora foram parceiros de longa data de Dominguinhos ou que são diretamente influenciados pelo trabalho do músico: Mestre Genaro, Terezinha do Acordeon, Beto Hortis e Luizinho de Serra.
Ao fim da apresentação, Liv reuniu os convidados especiais no palco para juntos celebrarem Dominguinhos, enquanto um vídeo do mestre forrozeiro era transmitido no telão. Praticamente todos os sucessos do artista estiveram no repertório, incluindo "Lamento Sertanejo", "Eu Quero um Xodó", "De Volta Pro Aconchego" e "Isso Aqui Tá Bom Demais".
Em termos de público, a atração mais aguardada da noite foi Simone Mendes, cantora sertaneja que segue em carreira solo após o fim da dupla com a irmã Simaria. Atualmente, ela está no topo das paradas de sucesso com “Erro Gostoso”.
Logo quando confirmado, o nome de Simone (uma atração surpresa divulgada posteriormente) causou certa estranheza por parte do público, recebendo algumas críticas nas redes. Parte disso ocorre porque a programação do FIG não costumava incluir nomes do sertanejo universitário - curadoria sempre prezou por um crivo de MPB, música regional, pop e algum espaço para o hip hop.
Em coletiva na abertura da sexta-feira (21), a governadora Raquel Lyra chegou a comparar o FIG com o São João de Caruaru, evento que tem espaço para o sertanejo, o que pode indicar um pouco sobre as mudanças do festival nos próximos anos.
Apesar das críticas, contudo, ainda pelas 21h, já era possível ver filas nos acessos à Praça Dominguinhos. Algo típico de uma artista radiofônica, conhecida e que agrada um público amplo. Simone cantou sucessos como "Foi Pa Pum", "Regime Fechado" e "Loka". Ela também apresentou novas faixas de seu primeiro projeto solo, o DVD "Cintilante". Antes de "Dois Fugitivos", por exemplo, a cantora explicou todo o contexto por trás da canção.
Simone desfilou uma série de canções de ritmos como sertanejo, piseiro e pop nacional. Músicas como A Maior Saudade de Todos os Tempos (Henrique e Juliano), Americana na Vaquejada (Nattan), e Manda um Oi (Guilherme e Benuto em parceria com Simone Mendes) ganharam nova roupagem na voz da Coleguinha.
A cantora pediu mais de uma vez durante o show para ser convidada para a próxima edição do evento. Chegando inclusive a intimar publicamente o prefeito da cidade por um convite numa brincadeira.
Um dos "titãs" da música popular brasileira, o pernambucano Geraldo Azevedo voltou ao palco principal do FIG após apresentar o show Violivoz, com Chico César, na edição do ano passado.
O filho de Petrolina trouxe um show mais efervescente, ainda ligado ao espírito junino, homenageando o legado de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Dominguinhos. Também incluiu sucessos seus, como “Dona da Minha Cabeça”, “Estação Lunar e “Dia Branco”, que sempre emociona a multidão.
“As canções precisam inspirar e unir as pessoas”, disse o cantor, em breve coletiva antes do show. “A gente vê que o mundo ganhou a internet para ter uma comunicação bem maior, mas ela terminou sendo um pouco negativa, onde as pessoas que criam essas comunicações acabam gerando polarização. Mas a música sempre une as pessoas”.
“A gente tem que acreditar que a música é um sentimento positivo e temos que comungar esse sentimento através das canções. Eu uso os meus versos para isso, porque a canção tem essa mobilidade de entrar no sentimento das pessoas.”
O FIG continua nesta semana com Priscila Senna, Otto Canta Reginaldo Rossi e Conde Só Brega (segunda-feira); Maestro Forró & OPBH, Academia da Berlinda, Pato Fu e Atitude 67 (terça-feira); Tiago Natuza, Tiago Iorc e Baile do Simonal (com Wilton Simoninha, Max de Castro e Sandra de Sá, na quarta).
Além da programação musical, estão confirmadas ações de literatura, formação, teatro, circo, audiovisual, dança, cultura popular, patrimônio, design, moda, artes visuais, fotografia e artesanato.