Em 2023, Doutores da Alegria, associação que possui um elenco de artistas profissionais que visitam os hospitais pelo menos duas vezes por semana, comemorou 20 anos no Recife abraçando uma nova possibilidade de ação social: a educação.
O curso de formação Jovens Brincantes – Iniciação à Palhaçaria, que atendeu 18 jovens que têm entre 17 e 25 anos e moram em comunidades do Recife e Região Metropolitana. Essa foi a primeira ação da Escola Doutores da Alegria voltada a jovens em situação de vulnerabilidade social na capital pernambucana.
"Nós propusemos aos alunos um percurso até chegarmos à palhaçaria. Tivemos aula de corpo, de dança, de voz, de instrumentalização e de habilidades cômicas e circenses. São ferramentas que servem tanto a jovens que desejam se aproximar da arte quanto aos que querem se tornar artistas", comenta Arilson Lopes, coordenador artístico do Doutores da Alegria no Recife, que assina a coordenação pedagógica do programa em parceria com Luciano Pontes, palhaço do elenco, ator, escritor e tutor do curso de formação no Recife.
Ao longo do curso, os alunos foram acompanhados pela assistente social Aline Nascimento. Todos receberam uma bolsa-auxílio de R$ 462 mensais, para colaborar com despesas de transporte e alimentação.
Alunos
Durante as aulas, Milleny Maria, 20 anos, lembrou que desde pequena já fazia a sala de casa de palco. "O tempo apagou essas memórias. Estou me reconectando comigo mesma, despertando o prazer e a atenção. Você descobrir o seu palhaço não é pintar o rosto e fazer palhaçada. É a essência, a criança que vê a vida de uma maneira leve e mesmo com todas as dificuldades, segue em frente", diz.
Thallis Ítalo, 19 anos, é estudante de Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e ator. Morador de Camaragibe, também não tinha tido contato com a palhaçaria. "Antes de estudar palhaçaria, tivemos aulas de danças populares, corpo, voz. Eu não associava esses outros elementos da arte à palhaçaria. O curso promove essa visão mais ampla, é aconchegante, bonito, recebemos suporte em vários sentidos", avalia.
Ana Neves, 25 anos, estudante do curso técnico em Artes Visuais no Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), conta que sempre pensou a arte de forma dissociada do corpo e que o curso a ajudou a estabelecer outra relação com o próprio corpo e com o seu cotidiano.
"O curso foi um achado! Além dessa questão de não usar mais o meu corpo de forma mecânica, foi muito importante nos vermos refletidos nos professores. Vimos cores parecidas com as nossas, vivências, questões próximas. Eles são referências", diz.
Continuidade
O curso de formação Jovens Brincantes – Iniciação à Palhaçaria é um projeto piloto, que vai passar por avaliação e continuar, inclusive de modo ampliado, em 2024. A intenção não é formar palhaços profissionais. Trata-se de um primeiro mergulho no universo da palhaçaria. O curso também não possui relação com a seleção do elenco do Doutores da Alegria, que realiza o programa de visitas aos hospitais.
As aulas vão até o dia 15 de dezembro e acontecem três vezes por semana, das 8h às 12h, no Compaz Miguel Arraes, na Madalena, na Zona Oeste do Recife.
Fundada em 1991 por Wellington Nogueira, o Doutores da Alegria transita pelos campos da saúde, da cultura e da assistência social. Desenvolve o Programa de Palhaços em 14 hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.
Ajude na manutenção
O trabalho da associação Doutores da Alegria, gratuito para os hospitais, é mantido por doações de empresas e de pessoas físicas, tanto por recursos próprios quanto por recursos advindos por meio das leis de incentivo fiscal.
Os recursos das contribuições permitem a continuidade e a expansão das atividades e da estrutura do grupo, a realização de atividades de formação, oficinas e o aprimoramento técnico dos artistas. Para contribuir com a manutenção do trabalho, basta acessar o site www.doar.doutoresdaalegria.org.br/ajude.