Com uma vasta produção, o artista plástico Siron Franco (1947) quebrou um hiato de três décadas sem exposição individual no Recife com a mostra "Siron Franco – De dentro do Cerrado", em cartaz na Galeria Marco Zero, na Zona Sul.
Trata-se de um maiores expoentes das artes visuais nascidos em Goiás. As suas obras mesclam um vocabulário surrealista e abstrações passíveis de identificação alegórica.
Cerrado
Pela sua origem, as temáticas trazem problemas sociais e o cerrado goiano, que está especialmente presente na atual mostra. A exposição reúne cerca de 50 obras em pintura e escultura e conta com a curadoria de Agnaldo Farias.
"É uma alegria muito grande voltar a Pernambuco, estado que sempre me inspirou muito artisticamente. Fiquei muito feliz quando me deparei com a seleção presente na exposição porque me dá, também, a oportunidade de me relacionar com os trabalhos de outra forma", diz o artista.
"No meu ateliê, tenho uma gaveta na qual guardo desenhos desde a época em que era garoto. Quando reencontro algumas dessas obras, percebo que temas que estão aparecendo nos meus trabalhos do momento, já estavam em mim há décadas. Então, considero ter muita sorte em poder exercer o meu ofício, aos 76 anos. Me considero um aprendiz constante e o que me move é o mistério da vida."
A visitação ocorre até 3 de maio, de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 17h.
Obras
A vivência no cerrado do Brasil, com sua exuberância, tradições e contradições, permeia seu trabalho de múltiplas maneiras, seja nos seres grotescos, que misturavam figuras humanas com bichos, no início da sua carreira, ou na denúncia da exploração desenfreada da natureza.
Isso ocorre, por exemplo, na série "Césio", em referência ao acidente radiológico ocorrido em 1987, em Goiana. Se manifesta, também, de formas mais subjetivas, como sua aproximação com a causa indígena, para diferentes cosmologias e seu exercício constante de alteridade do olhar.
As 50 obras escolhidas para a mostra têm foco na produção de pintura a óleo, mas com a presença também da vertente escultóricado. A mostra oferece um mergulho em um período que vai de 1990 até 2023.
Brasil profundo
O curador Agnaldo Farias comenta que Siron Franco nunca tratou o político como uma questão menor. "Ele sempre teve uma visão de Brasil que ultrapassava o país urbano e, nesse sentido, fez vários trabalhos que traziam questões urgentes, de cunho social, como a causa indígena. Ele se interessa pelo que acontece ao seu redor, se incomoda".
"A natureza é muito presente na sua obra, de uma maneira muito particular. Desde que surge no cenário artístico, ele consegue se impor pintando o grotesco, se arriscando em diferentes mídias, no seu próprio tempo. Trabalhou com o figurativo, o abstrato, com a escultura, o vídeo, sempre no seu tempo, sem seguir tendências", conclui.
Figura importante na arte brasileira desde a década de 1970, Siron Franco já participou de exposições em museus como MASP, MAM-RJ, MAM-SP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, The Bronx Museum of the Arts nos Estados Unidos e Nagoya City Art Museum no Japão.
Suas obras integram coleções de museus nacionais e internacionais, como Metropolitan Museum of Art (Nova York, Estados Unidos); Essex Collection of Art from Latin America (Colchester, Grã Bretanha); Museu Salvador Allende (Santiago do Chile, Chile); entre outros.
SERVIÇO
Exposição "Siron Franco – De dentro do Cerrado"
Onde: Galeria Marco Zero (Av. Domingos Ferreira, 3393 - Boa Viagem, Recife – PE)
Visitação: até 03 de maio, de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 17h
Quanto: Entrada gratuita
Informações: (81) 98262-3393 e contato@galeriamarcozero.com