O Conselho Estadual de Política Cultural (CEPC-PE) divulgou, nesta sexta-feira (12), uma nota pedindo para que o Governo de Pernambuco participe da organização do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) de 2024. Esta será a primeira vez que o Estado não realizará o FIG, após desgastes com a Prefeitura de Garanhuns.
O CEPC-PE argumentou que o governo "têm o dever legal de manter a existência do Festival e realizá-lo da melhor forma possível", e que o uso do nome do FIG sem autorização do governo é "uma usurpação de um bem público". Diante disso, enviou uma recomendação à Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) para criação "com extrema urgência" de uma comissão organizadora do FIG, que acontecerá entre 11 e 28 de julho.
"O CEPC faz um apelo à Governadora Raquel Lira e ao Prefeito Sivaldo Albino para que cheguem a um acordo para o bem dos fazedores de cultura, para o bem do Patrimônio Cultural pernambucano e para o bem da cultura do nosso Estado", pediu o conselho, instituição independente formada por 40 representantes, sendo 20 da sociedade civil e outros 20 designados pelo Governo.
A saída do Estado da organização do festival foi anunciada em 2 de abril, após a gestão da governadora Raquel Lyra (PSDB) dizer ter sido pega de surpresa com o anúncio da programação do principal polo da 32ª edição da festa pelo prefeito Sivaldo Albino (PSB) — que, por outro lado, também aponta falta de diálogo com o Estado.
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Diante disso, o governo não disponibilizará os R$ 17 milhões que previa para atrações e apoio estrutural que eram de responsabilidade da gestão em outros anos. Será, assim, somente uma patrocinadora do festival — aportando um valor ainda não especificado —, sob a condição de contratar artistas do Estado.
Assim, o festival deste ano será de responsabilidade total do município, um desejo expresso pelo prefeito logo após o evento de 2023, quando a Prefeitura de Garanhuns e parte do público criticaram o Governo de Pernambuco pelo anúncio tardio da programação.
A decisão teria sido tomada após consultar população e empresariado e teria apoio do deputado federal Felipe Carreras (PSB), ligado ao setor de eventos, anunciado como apoio, junto ao também parlamentar Carlos Veras (PT), que está como patrocinador.
FORA DA ORGANIZAÇÃO
Em entrevista ao JC, Renata Borba, a presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), órgão historicamente responsável pelo evento, e a secretária de Cultura, Cacau de Paula, alegaram que a Prefeitura de Garanhuns “politizou o festival”, minando a participação do governo a partir da tomada de decisões solo, como a ampliação do calendário e os artistas que vão se apresentar no Polo Mestre Dominguinhos.
“A governadora propôs que o que anunciaram, mesmo sem anuência e sem combinar com a gente, seria incorporado na grade. Ela pediu para a prefeitura colocar a proposta no papel. Para a surpresa da gente, a minuta enviada por eles era que o Estado faria tudo menos o Mestre Dominguinhos e todos os demais somente com anuência prévia. Como combinamos tudo e eles nada? Isso não é uma parceria”, denunciou Renata.
A presidente da Fundarpe também criticou a contratação de músicos sem o edital de convocatória, normalmente lançado pelo governo em parceria com a Prefeitura, e pela pouca presença de pernambucanos na grade principal: representados pelo Conde Só Brega e pela paulista, mas cidadã recifense, Raphaela Santos. (Veja a programação completa ao final da matéria).
"Este ano — bom deixar claro, não é uma posição perene — em vez de realizadores, vamos entrar como patrocinadores, por entendermos que não podemos estar de fora de jeito nenhum, mas não é a forma que a gente acredita. De antemão, colocamos nossa preocupação e o nosso compromisso em atender os artistas pernambucanos para serem incluídos na grade, que hoje não foram", concluiu Cacau.
PREFEITURA REBATE ACUSAÇÕES
O prefeito de Garanhuns afirmou, em coletiva de imprensa, que tentou dialogar com o governo, mas que precisou manter e divulgar a programação diante da falta de resposta. Ainda, que mesmo assim esperava dividir a responsabilidade da realização do festival com a gestão.
“A gente ainda tem mais de 20 polos para anunciar e o nosso desejo é continuar dialogando para gente fazer o festival de inverno mais forte, e eu entendo que juntos a gente consegue fazer um festival muito melhor”, disse ele, antes do governo informar que estava fora da organização.
Sivaldo diz buscar parcerias com o governo federal e com entidades privadas para tocar o principal evento da cidade, marcado para os dias entre 11 e 28 de julho. Com elas, espera ter em caixa em torno de R$ 18 milhões para o FIG.
PROGRAMAÇÃO DO FIG 2024
QUINTA-FEIRA (11/07)
14 BIS
ROUPA NOVA
SEXTA-FEIRA (12/07)
JOANNA
JOSÉ AUGUSTO
SÁBADO (13/07)
YAHOO
JOÃO BOSCO
RITCHIE
BIQUÍNI CAVADÃO
DOMINGO (14/07)
BANDA EVA
MARGARETH MENEZES
QUARTA-FEIRA (17/07)
CONDE SÓ BREGA
RAPHAELA SANTOS
PABLO
QUINTA-FEIRA (18/07)
TONI GARRIDO
BARÃO VERMELHO
OS PARALAMAS DO SUCESSO
SEXTA-FEIRA (19/07)
KELL SMITH
MARIA GADÚ
ANA CAROLINA
SÁBADO (20/07)
PAULO RICARDO
SAMUEL ROSA
PITTY
DOMINGO (21/07)
ART POPULAR
FUNDO DE QUINTAL
PÉRICLES
QUARTA-FEIRA (24/07)
MAGNÍFICOS
DORGIVAL DANTAS
NATTAN
QUINTA-FEIRA (25/07)
WALLAS ARRAIS
TRIBO DE JAH
EDSON GOMES
SEXTA-FEIRA (26/07)
WIU
TETO
HUNGRIA
SÁBADO (27/07)
ZÉLIA DUNCAN
ANAVITÓRIA
JOTA QUEST