CRÍTICA

Bridgerton: 3ª temporada passa por crise de identidade (no bom sentido)

Novos episódios trazem o melhor "Bridgerton" e aumentam expectativa para o futuro da trama.

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Cadastrado por

Thallys Menezes

Publicado em 16/05/2024 às 7:01
Notícia

"Quantos eus existem aí dentro exatamente? E onde você esconde eles?"

Essa frase, dita por um dos personagens durante a 3ª temporada de "Bridgerton", sintetiza bem a temática dos quatro primeiros episódios, lançados nesta quinta (16/06) na Netflix. 

No novo ano da série, muitos dos personagens vivenciam um conflito de identidade, patinando entre quem são de verdade e quem sentem que precisam ser diante dos olhos alheios. 

Com foco em Penelope Featherington (Nicola Coughlan) e Colin Bridgerton (Luke Newton), os novos episódios retomam alguns dos elementos que fizeram a série ser o sucesso que é hoje, com uma história cativante. Confira nossa crítica! 

Que (re)comecem os jogos

Liam Daniel/Netflix
Colin Bridgerton e Penelope Featherington são o principal foco da 3ª temporada de "Bridgerton". - Liam Daniel/Netflix

Na nova temporada de "Bridgerton", mais uma temporada de casamentos começa, e o significado desse momento mudou bastante para alguns personagens.

Penelope está decidida a se casar para não depender mais da família que a maltrata. Sem esperanças de viver seu sonhado romance com Colin, decide contar com a ajuda dele para arranjar um bom marido.

Colin, por sua vez, está diferente e desenvolvimentos da história indicam que ele talvez comece a enxergar a amiga com outros olhos. A interação entre os dois tem tudo para ser diferente, como indicaram os atores em entrevista com o JC Cultura.

Porém, mais uma possível ameaça ao romance surge em forma de Lorde Debling (Sam Phillips), que balança a vida amorosa de Penelope.

Para complicar, a protagonista da temporada segue brigada com Eloise (Claudia Jessie), após a descoberta de que a personagem de Nicola Coughlan é Lady Whistledown, o que rende diversas "tortas de climão" entres as duas. 

Com Penelope e Colin agora totalmente em destaque, os novos episódios ganham um bom fôlego, amparados na química e no talento do casal.

A primeira parte da temporada foca bastante no desenvolvimento de Penelope enquanto pessoa, a medida que ela enfrenta os desafios de tentar se tornar menos "invisível" para, para conseguir um casamento.

Em meio às más línguas da sociedade londrina e seus tropeços na arte de cortejar, a "fofoqueira" Lady Whistledown acaba virando fofoca

Reprodução/Redes Sociais/Netflix
Eloise Bridgerton será destaque na 3ª temporada da série - Reprodução/Redes Sociais/Netflix

Com um desenvolvimento um pouco menos detalhado, Colin gradativamente começa a perceber que tem direito de viver para si mais do que para os outros. 

Até mesmo Eloise vive um momento de conflito após se afastar de Penelope e de ter virado escândalo por conta de seu interesse político, na temporada anterior. 

Essa disputa dos personagens com eles mesmos é interessante de ver e desenvolvida com destreza o suficiente para deixar um gostinho de "quero mais" ao fim dos quatro episódios disponíveis. 

O romance "friends to lovers" (de amigos a namorados) de Colin e Penelope é contado de forma dinâmica, com um grande momento no quarto episódio que deve agradar bastante os (muitos) fãs do par. 

Ponto de destaque também para o andamento ágil da história. A nova leva de episódios evita a lentidão da 2ª temporada, que arrastou por tempo demais um triângulo amoroso desconfortável e desinteressante, sem dar o destaque merecido a Kate (Simone Ashley) e Anthony (Jonathan Bailey) como casal.

Na verdade, o desenvolvimento e o tempo de tela de "Polin", como os fãs apelidaram o casal Colin e Penelope, felizmente se assemelham bem mais aos de Daphne (Phoebe Dynevor) e Simon (Regé Jean Page), que conquistaram o público na 1ª temporada

Vida além de "Polin"

Netflix
Francesca na nova temporada de "Bridgerton" - Netflix

Nem só do casal "Polin" vive "Bridgerton", mas os dois personagens ocupam espaço suficiente da trama para que muitos dos conflitos secundários sejam apresentados apenas de forma introdutória. 

Alguns deles, porém, recebem mais destaque, como a estreia de Francesca (Hannah Dodd) na temporada da alta sociedade.

A atriz faz sua estreia na pele da personagem com talento e carisma, ainda que o roteiro e a personalidade introspectiva de Francesca tornem um pouco complicado entender o que ela realmente quer da vida. 

Com o apoio de sua mãe Violet (Ruth Gemmel), a jovem busca um casamento de forma pragmática e se destaca por seus talentos, mesmo se sentindo sobrecarregada por algumas exigências sociais.

Por sua vez, a própria Violet começa a trilhar, discretamente, seu próprio caminho amoroso com lorde Marcus Anderson (Daniel Francis), um misterioso personagem ligado a Lady Danbury (Adjoa Andoh).

Netflix
Lady Danburry e Lady Violet terão novas histórias na 3ª temporada de "Bridgerton" - Netflix

Além dela, em doses mais discretas, também vemos outros personagens passando por crises de identidade, conflituosos sobre quem são, quem devem ser, e o que querem ser. 

É o caso de Cressida Cowper (Jessica Madsen), que segue com comportamento ocasionalmente cruel, mas mostra outras facetas diante de sua amizade com Eloise. 

Mondrich (Martins Imhangbe) e sua esposa Alice (Emma Naomi) também ganham destaque em uma história paralela interessante. Ambos tem que considerar o que é mais importante para suas essências quando adentram, de forma surpreendente, a vida na nobreza britânica.

Até mesmo a Rainha Charlotte (Golda Rosheuvel) passa a repensar seu comportamento, muito por conta de sua rivalidade com Lady Whistledown. 

Trata-se de histórias que soam um pouco incompletas até o momento e que devem tomar mais forma na segunda parte da temporada. 

Porém, são um complemento bem-vindo à história principal de Colin e Penelope e ajudam a prender a atenção juntamente com outros aspectos da série.

O figurino e a direção de arte seguem o alto padrão das temporadas anteriores, assim como as ricas cenas de baile, que agora são entoadas por hits como "Abcdefu", de Gayle e "Cheap Thrills", de Sia. 

Um outro ponto positivo da temporada é a presença, mesmo que pontual, de personagens com deficiência.

"Bridgerton" sempre se destacou pela representatividade feminina e racial, e agora traz pessoas surdas ou com deficiência motora como uma parte natural do seu universo, sem reduzi-las a seu status como PCD.

Um romance para recordar

A 3ª temporada "Bridgerton" é um prato cheio para admiradores dos romances de época que inspiraram a série e outras obras do gênero.

Ainda que deixe uma sensação de "incompletude" (afinal, são apenas quatro episódios), é difícil que fãs e entusiastas de romance não se deixem levar pela trajetória de Colin e Penelope.

Para quem não conseguiu se conter e já maratonou, resta esperar os quatro últimos episódios, que estreiam em 13 de junho na Netflix. Lady Whistledown ainda tem muita história para contar.


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