Fundado à convite do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna para pesquisar e criar uma linguagem de dança Armorial, o Grupo Grial está quebrando um hiato de cinco anos com uma estreia nesta semana. O retorno aos palcos ocorre com a encenação de "Uma Mulher Vestida de Sol", inspirado na obra de Suassuna. O grupo de dança segue sendo dirigido pela coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo.
O espetáculo fica em cartas nos dias 23, 24, 25, 30 e 31 de maio e 1 de junho, sempre às 20h, no teatro da Caixa Cultural Recife, no Bairro do Recife.
"O retorno inaugura a quarta fase do grupo. As três primeiras estão contadas no livro 'Poeira, Sagrado e Festa - 25 anos do Grial', que lancei ano passado. O que temos de mais novo, agora, são os encontros da dança armorial com a poesia e musicalidade do Sertão do Pajeú", diz Maria Paula.
Nova fase do Grial
A nova fase traduz o interesse artístico do Grial de expandir seus horizontes para além da dança: canto, música, poesia e teatro. A novidade também está na transversalidade da criação coreográfica: o espetáculo é encenado por quatro intérpretes criadores. As músicas são originais e dois dos intérpretes são estreantes no Grupo.
"Quem conhece o Grial vai se surpreender e quem ainda não assistiu a nenhum de nossos espetáculos terá prazer de ser levado assim tão poeticamente longe a partir das nossas tradições populares. A magia e o encantamento são garantidos!", assegura a coreógrafa.
26 anos de história
Em 2022, o Grial completou 25 anos de história. A trajetória foi recontada no título da Cepe Editora, em textos do professor Carlos Newton Júnior, da crítica em dança Helena Katz, do intérprete e coreógrafo Kleber Lourenço, do jornalista Mateus Araújo e de Maria Paula.
A primeira fase do grupo reuniu seis dançarinos intérpretes, de 19 de março de 1997 com o espetáculo de estreia, "A Demanda do Graal Dançado", roteirizado por Ariano, até 2004. A segunda, com 11 dançarinos e brincantes, vai de 2004 a 2010 ("Brincadeira de Mulato" é um dos espetáculos dessa etapa), e a terceira, de 2010 a 2014, trouxe solo, duo e equipes de oito integrantes em apresentações como Castanho sua cor e Terra.
"O Grial aprofundou o mergulho no universo da dança e dos espetáculos populares, conseguindo promover, finalmente, a fusão do erudito com o popular com a qual Suassuna tanto sonhava", escreve Carlos Newton Júnior.
Para Helena Katz, "o Grial se tornou uma escola não formal de experimentações preciosas, passando a alfabetizar o Brasil de viés colonial – que se entendia como ‘de formação erudita’ e não reconhecia a força nefasta do colonialismo interno que fortalecia o peso do Sudeste e enfraquecia o das outras regiões."
Prêmios
O Grial já recebeu indicações de Melhor Espetáculo, pela Folha de São Paulo, por Castanho sua Cor e Travessia; o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de Intérprete Criadora, com Terra; e prêmio de Melhor Espetáculo, Melhor Espetáculo pelo Júri Popular, Melhor Figurino, Melhor Cenário, Melhor Iluminação e Melhor Bailarina pelo Janeiro de Grandes Espetáculos.
SERVIÇO
Uma Mulher Vestida de Sol, do Grupo Grial de Dança
Quando: Dias 23, 24, 25, 30 e 31 de maio e 1 de junho, às 20h
Onde: Teatro da Caixa Cultural (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia)