Onde conferir obras de J. Borges? Conheça o memorial do artista em Bezerros

Espaço fundado em 2003 reúne o acervo completo do mestre, entre matrizes e xilogravuras; lá é possível apreciar obras gráficas, plásticas e poéticas

Publicado em 26/07/2024 às 12:12 | Atualizado em 26/07/2024 às 15:22

Quem quiser conhecer mais da obra de J. Borges, xilogravurista falecido nesta sexta-feira (26), pode visitar o Memorial J. Borges, um dos principais pontos turísticos de Bezerros, terra natal do artista, no Agreste de Pernambuco.

O espaço, localizado no número 68 do Loteamento Bairro Novo, detém as funções de ateliê, oficina e galeria.

Fundado em 2003, reúne o acervo completo do mestre, entre matrizes e xilogravuras. Lá é possível apreciar as obras gráficas, plásticas e poéticas. Quando ele estava vivo, os visitantes tinham o privilégio de desfrutar de um dedo de prosa com o artista, conhecido por ser bom de papo.

TRIPADVISOR/REPRODUÇÃO
Memorial J.Borges foi fundado em 2003, em Bezerros - TRIPADVISOR/REPRODUÇÃO

"Nossas xilos são impressas em papel apergaminhado simples, liso, branco 180gr, com tinta gráfica, todo o processo é feito de forma manual e original. Todo o trabalho é desenvolvido pelo artista e seus familiares, a arte de Borges sendo perpetuada pelas novas gerações", diz a apresentação no site.

Versão online do Memorial J.Borges

Para quem seja obter orbas do artistas, também existe uma versão online do memorial no endereço memorialjborges.com/.

Todas as xilogravuras são assinadas a punho pelo artista. Os envios ocorrem até cinco das úteis após a confirmação do pagamento.

No TripAdvisor, site de viagens que fornece informações e opiniões de conteúdos relacionados ao turismo, o Memorial J.Borges conta com 4,5 estrelas de avaliação.

Exposições recentes

HERMES COSTA NETO/DIVULGAÇÃO
MOSTRA Xilogravurista expõe trabalhos numa mostra inédita, até o dia 30 de julho - HERMES COSTA NETO/DIVULGAÇÃO

No Recife, a exposição mais recente dedicada ao artista foi "Pernambuco por J.Borges", na Christal Galeria de Artes, localizada no Pina, Zona Sul. 

A mostra trouxe como temas a riqueza natural e cultural de Pernambuco representados pelas paisagens das regiões Zona da Mata, Agreste e Sertão; além da música e do folclore, personalidades ilustres da cultura nordestina como Luiz Gonzaga, Ariano Suassuna e Francisco Brennand.

A Christal possui um acervo exclusivo do artista e a galerista Christina Asfora esteve na Espanha, levando uma série exclusiva para o Museu Reina Sofia em Madri. Essas obras foram adquiridas pelo acervo do Museu.

Em 2022, ele ganhou uma exposição no Museu de Arte do Rio: "J. Borges – O Mestre da Xilogravura" trouxe uma coletânea de 40 xilogravuras.

Atualmente, a capital fluminense está com a exposição "J. Borges — O sol do sertão", no Museu do Pontal, na Barra, Zona Oeste do Rio de Janeiro; é a sua maior retrospectiva já feita.

Quem foi J. Borges?

José Francisco Borges nasceu em Bezerros, cidade do Agreste de Pernambuco, em 1935. Era filho de agricultores e frequentou a escola aos 12 anos, por apenas dez meses. Antes de dedicar-se exclusivamente às artes, foi marceneiro, mascate, pintor de parede, oleiro, entre outras atividades. Em 1956, comprou um lote de folhetos de cordel e começa a atuar como vendedor em feiras populares.

Em 1964, escreveu seu primeiro folheto, "O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina". J. Borges continuou produzindo cordéis nos anos 1970, mas as encomendas de xilogravuras tornaram-se cada vez maiores. Assim, ele cria a a gráfica Casa de Cultura Serra Negra, em Bezerros, na qual ensina o ofício a seus filhos.

Foi a xilogravura quem lhe deu projeção nacional e até internacional. Suíça, Estados Unidos, Venezuela, França, Alemanha, Portugal, Cuba foram países para onde viajou, além dos lugares aonde tem ido a obra do artista: Itália, Espanha, Holanda, Bélgica, México, Argentina.

A partir da década de 1980, seu trabalho recebe prêmios como o Manoel Mendive, na 5ª Bienal Internacional Salvador Valero Trujillo, Venezuela, em 1995; a medalha de honra ao mérito da Fundação Joaquim Nabuco, Recife, em 1990; a medalha de honra ao mérito cultural, do Palácio do Planalto, Brasília, em 1999; e o Prêmio Unesco, em 2000. Em 2006, tornou-se um Patrimônio Vivo de Pernambuco.

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