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Ferro evoca ancestralidade e leveza em mostra individual de Diogum, no Recife

"Ferro Ifé – O Atlântico Negro de Diogum" abre neste sábado (1º) no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, no Centro do Recife, a partir das 15h

Publicado em 31/01/2025 às 16:23
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Pode o ferro evocar leveza, ancestralidade e os mistérios da natureza? Na visão artística de Diogum, sim. Essa premissa guia a exposição individual "Ferro Ifé – O Atlântico Negro de Diogum", que abre neste sábado (1º) no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, no Centro do Recife, a partir das 15h.

A mostra reúne 60 obras e expande a pesquisa apresentada na exposição homônima realizada em julho de 2024, na Amparo 60. Agora ampliada, ela ganha novos desdobramentos com um conjunto significativo de trabalhos inéditos. A curadoria é de Bruno Albertim, com produção da Amparo.

"Desde setembro de 2024, comecei a estudar possibilidades de expressar obras com volume. Além de dar continuidade aos pêndulos, colares e orixás, trago, desta vez, obras com volume que dialogam com a tridimensionalidade e as abstrações. Tentando representar, em ferro, movimentos e mistérios da natureza", explica Diogum.

Origens

Diogo José de Oliveira é filho de um serralheiro do bairro de São José, no Centro do Recife, e teve desde cedo sua vida e a de sua família forjada por esse material tão simbólico.

Na idade adulta, veio a percepção da ancestralidade, do poder libertador e das possibilidades que o ferro lhe dava como artista. Aquela matéria bruta, em suas mãos, ganha forma, se alonga, se espalha, dança, dialoga e traz elementos de sua ancestralidade.

Essa relação está expressa no título da mostra. "Ifé" significa amor em yorubá. "Ferro ifé!", saúdam, assim, esse metal que é carregado de memória, luta e espiritualidade.

Dominando o ferro

DANILO GALVA?O/DIVULGAÇÃO
Obras da exposição individual "Ferro Ifé - O atlântico negro de Diogum", montada no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães - DANILO GALVA?O/DIVULGAÇÃO

De acordo com o curador, o artista vem ganhando cada vez mais intimidade com a sua matéria-prima, o que vem ficando evidente com os novos trabalhos.

"Diogum consegue subverter o sentido histórico do ferro, que é uma matéria-prima que aprisiona, que aprisionou seus antepassados, e ele subverte o uso histórico deste material, amplia também esse ferro como elemento de ligação ancestral", diz Albertim.

"Ele bebe da fonte da tradição da ferraria religiosa afro-brasileira, iorubá-brasileira, mas ele a amplia. Tendo agora elementos tridimensionais, elementos com a tridimensionalidade que aumenta, de certa forma, o caráter, o traço do ferro, a característica do ferro como elemento para o desenho dessas peças".

Ressigificando

Em um discurso consonante, o artista diz que procura levar leveza ao ferro, matéria-prima pesada, dura, e que lembra força.

"Tudo isso acontece de uma forma muito natural, através da minha identificação com esses símbolos, pois sou negro, filho de Ogum e esses temas fazem parte do meu cotidiano como capoeirista, ogã e criador de ferragens para o candomblé e jurema. Comecei representando a liberdade dos pássaros, e logo em seguida passei a representar orixás e outros encantados", diz.

SERVIÇO
Exposição "Ferro Ifé: O Atlântico Negro de Diogum"
Onde: Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Rua da Aurora, 265, Boa Vista)
Abertura: neste sábado (1º), das 15h às 18h
Visitação: até 27 de abril de 2025, de quarta a sexta, das 10h às 17h, e sábado e domingo, das 10h às 16h
Quanto: Gratuita

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