Por causa das medidas de isolamento social determinadas pelos governos de Pernambuco e outros estados do país para conter o avanço do novo coronavírus (covid-19), pequenas e médias empresas têm tido um grande desafio pela frente manter-se vivas, apesar do pouco ou até mesmo inexistente faturamento. Para ajudar os empreendedores, especialistas em gestão de negócios ouvidos pela reportagem do Jornal do Commercio dão dicas de como minimizar os impactos da pandemia nos pequenos negócios.
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Planejamento é a principal ação a ser realizada neste momento. Apesar de não ser possível prever com exatidão o tempo em que o novo coronavírus permanecerá avançando, autoridades da área sanitária acreditam que o isolamento total ou parcial pode durar entre dois e quatro meses. Este também é o tempo estimado que os empreendedores devem considerar quando forem fazer um planejamento detalhado para sua empresa a fim de preservar os negócios.
De acordo com o economista William Matos, o primeiro passo é o focar no essencial e fazer uma análise detalhada de todos os custos e despesas para que seja possível garantir uma sobrevivência mais prolongada neste período desafiador. “É preciso direcionar os recursos do empreendimento para o lugar certo", explica Matos, ressaltando que para aqueles que já vinham estudando um crédito e fizeram a lição de casa com o direcionamento correto de onde aplicar o dinheiro, o crédito pode até ser uma opção para o momento.
No entanto, o economista faz um alerta, é necessário manter a operação e ainda o pagamento da dívida a ser adquirida. "É recomendado que os empreendedores analisem e tentem ver algumas linhas de crédito que façam sentido para o negócio”, aconselha ele, lembrando que a capacidade financeira, para que esta dívida não se torne um problema no futuro.
Acordo com bancos e funcionários
Para o consultor empresarial Marcos Rodrigues, empresas que contraíram dívidas antes da chegada da pandemia ao Brasil devem apostar na renegociação deles com as instituições financeiras. “Os bancos devem renegociar contratos antigos. Então, os empresários podem conseguir um fôlego importante se fizerem bons acordos”, aponta. Ele, porém, cita as dificuldades enfrentadas por quem está optando por este caminho, como já revelado pelo JC. No dia 18 de março de 2020, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na última quarta-feira (18), em decorrência da pandemia do novo coronavírus (covid-19), mas clientes dos cinco maiores bancos do país encontraram empecilhos para usufruir do benefício.
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Outro ponto sensível para os empreendedores são os funcionários. Por isso, Rodrigues prefere não fazer nenhuma recomendação sobre o ponto porque ele afirma que cada caso é um caso. "É preciso olhar não só para a saúde da empresa, mas, principalmente, para a dos colaboradores. Vale a pena estudar e ver o que faz sentido", pondera, apontando que um acordo baseado no bom senso entre empregador e empregados pode ser a solução para enfrentar o momento atual. Ele diz ainda que as férias coletivas ou a antecipação individual delas e de feriados devem ser levadas em conta.
Segundo a advogada especialista em direito trabalhista Bianca Dias, é possível adotar as férias coletivas mesmo em pequenas empresas com um, dois ou três funcionários. "A noção dessa concessão não é apenas a ideia de quantidade, mas é quando há o fechamento de toda um setor ou empresa" explica Dias, ressaltando que a medida pode ser aplicada a pessoas que já cumpriram os 12 meses necessários para as férias e também aos que ainda não alcançaram esse período.
Ainda de acordo com a advogada, empreendedores que já concederam férias coletivas ao seus colaboradores recentemente podem optar pela medida mais uma vez, mas ela lembra que isso pode não ser financeiramente vantajoso. “O mais apropriado seria antecipar os feriados, como permite a MP assinada pelo presidente da República”, aconselha ela, se referindo à Medida Provisória 927, que fixa regras para a relação entre empresas e trabalhadores durante a pandemia do novo coronavírus e foi publicada no Diário Oficial da União no domingo (22).
Oportunidades de investimentos
Apesar de ser um período marcado por dificuldades, especialistas destacam que este é um momento em que a criatividade pode salvar os negócios. O superintendente do Sebrae em Pernambuco, Francisco Saboya, destaca que já existem empresas mantendo suas vendas online, sobretudo em um dos setores mais afetados pelo isolamento de seus clientes, o comércio. "Muitos empreendimentos já estão olhando para atuação online, nas redes sociais e delivery, e modificando seus canais de atendimento", destaca.
Além dessas medidas, o consultor empresarial Marcos Rodrigues destaca que buscar ajuda de entidades de classe, como associações empresariais, é importante em momentos como este, porque estas instituições são facilitadoras para os empresários de todos os tamanhos. “Por meio das entidades fica muito mais fácil cobrar ações dos governos, negociar com bancos e sindicatos”, explica, reforçando que planejamento e repactuação de contratos de forma amigável são o melhor caminho para passar por esta crise e sair vivo.
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