Após ouvir 199 empresários do setor industrial de Pernambuco, a Federação das Indústrias do Estado (Fiepe), identificou que 61,8% das empresas já sentem uma queda superior a 50% no faturamento em virtude da pandemia do novo coronavírus. Embora, segundo a Fiepe, tenha havido um esforço para manutenção dos empregos, pelo menos um terço das indústrias já precisaram demitir - alcançando quase 1 mil funcionários desligados.
Do total das empresas com impacto no faturamento, 38,1% já apresentam queda acima dos 75%, e são justamente essas que têm o cenário de manutenção dos empregos agravado. Segundo o estudo, as demissões foram adotadas, em maior grau, pelas empresas que sofreram quedas mais significativas. Acima dos 75% de impacto no faturamento, o nível de demissão é de 49,3%. Já entre as que sofreram queda entre 51% e 75%, o índice cai para 36,9%.
Quando analisado o quadro geral, 33,2% das empresas - o equivalente a um terço delas - já realizaram demissões devido à pandemia. Dentre os setores mais afetados, destacam-se os segmentos de confecção e têxtil, construção civil, gesso, cerâmica vermelha, indústria moveleira, bebidas (cervejas artesanais) e metalmecânico. A construção civil foi o setor responsável pela maior parte dos desligamentos. Das 955 demissões declaradas na pesquisa, 129 foram feitas pelo segmento, o que corresponde a 13,5% do total.
Suspensão e redução de jornada
A pesquisa também identificou que apenas 15,98% das indústrias não foram afetadas pela pandemia. E segundo a Fiepe, a redução de salário e jornada de trabalho e a suspensão dos contratos, alternativas oferecidas pela Medida Provisória 936/2020, vêm sendo adotadas pelos empresários de forma ainda incipiente. A redução de salário e de jornada foi realizada por apenas 31,56% das empresas pesquisadas. Já a suspensão dos contratos foi adotada por 27,46% das indústrias. Entre as que adotaram essa medida, a maior parte (48%) optou pela suspensão por 60 dias.
Embora não esteja não esteja totalmente paralisada, em função do decreto estadual de suspensão das atividades não essenciais, a indústria tem sentido a redução da demanda pela produção. Desde o fim do mês de março, o segmento vem tentando negociar com o governo de Pernambuco medidas como prorrogação do recolhimento do ICMS, ampliação e flexibilização de linhas de crédito e prorrogação para pagamento das taxas de serviços essenciais para o setor produtivo.
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