Apesar da queda nas exportações, a balança comercial fechou março com o menor saldo positivo em três anos. No mês passado, o Brasil exportou US$ 4,713 bilhões a mais do que importou. O resultado é 9,7% superior em relação ao superávit de US$ 4,296 bilhões registrado em março do ano passado.
No mês passado, o país exportou US$ 19,239 bilhões, queda de 4,7% em relação a março do ano passado pelo critério da média diária. As importações somaram US$ 14,525 bilhões, com recuo de 4,5% também pela média diária.
Com o resultado de março, a balança comercial acumula superávit (exportações menos importações) de US$ 6,135 bilhões nos três primeiros meses do ano, com recuo de 33,1% na comparação com o mesmo período de 2019, quando o superávit tinha atingido US$ 9,025 bilhões. O acumulado do ano ainda está influenciado pelo mês de janeiro, quando a balança registrou déficit de US$ 1,674 bilhão.
Nos três primeiros meses do ano, as exportações somaram US$ 50,095 bilhões, retração de 3,7% em relação ao mesmo período de 2019 pela média diária. As importações totalizaram US$ 43,960 bilhões, com alta de 2,6% na mesma comparação. Isso explica a retração no saldo deste ano.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, os principais produtos que tiveram queda nas exportações no mês passado foram milho, com recuo de 51,1% em relação a março do ano passado, celulose (-32,1%) e aeronaves e componentes de aeronaves (-22%). Em compensação, cresceram as vendas de açúcares e melaços (+36,4%), carne bovina (+27,1%) e petróleo bruto (+13%).
Apesar da queda média de 9,9% na cotação internacional do barril em março, o volume de petróleo embarcado aumentou 25,4%, resultado no aumento de 13% no valor exportado pelo Brasil.
Em relação aos setores da economia, a agropecuária puxou as exportações no mês passado, com crescimento nas vendas de 6,8% em relação a março de 2019. As vendas da indústria extrativa (categoria que inclui minerais) caíram 4%. Afetadas principalmente pela crise na Argentina, as exportações da indústria de transformação recuaram 9,8% na mesma comparação.
Nas importações, as compras de bens de capital – máquinas e equipamentos usados na produção – subiram 6,6% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado. As aquisições de bens intermediários caíram 3,4%. No entanto, por causa da recuperação da economia, as compras de bens de consumo subiram 6,9%. As importações de combustíveis e lubrificantes tiveram forte queda, com recuo de 15,3%.
Depois de o saldo da balança comercial ter encerrado 2019 em US$ 46,657 bilhões, o segundo maior resultado positivo da história, o mercado estima menor superávit em 2020, motivado principalmente pelas tensões comerciais entre países desenvolvidos, que reduz o comércio global, e pelo surto de coronavírus na China, o principal destino das nossas exportações.
Em nota, o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, afirmou que a retração no comércio global deve dificultar a retomada das exportações brasileiras no curto prazo. “É importante ressaltar que quedas bruscas na demanda nos mercados de destino podem demorar meses para se refletirem em redução das exportações brasileiras. Parte das mercadorias exportadas possuem contratos de fornecimento de longa duração. Além disso, as exportações são contabilizadas na saída da mercadoria do território nacional, e podem demorar 30 dias para chegar ao mercado de destino”, ressaltou.
Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, os analistas de mercado preveem superávit comercial de US$ 35 bilhões para este ano, contra previsão de US$ 36,35 bilhões registrada há um mês. O Ministério da Economia ainda não divulgou as projeções para o saldo comercial em 2020. Por causa da pandemia de coronavírus, a apresentação das estimativas, que ocorreria hoje, foi adiada para o início de maio.