O Governo de Pernambuco encontrou uma boa alternativa para aquecer e movimentar a produção do polo de confecções do Agreste, que foi duramente impactado pela suspensão das suas atividades por causa da pandemia do novo coronavírus. O Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco (NTCPE) produziu e passou a fornecer um caderno técnico com protótipos de equipamentos de proteção, como batas e máscaras, e que podem ser inseridos na linha industrial das fábricas. Nele, estão contidas as modelagens e os insumos necessários para a produção de cada equipamento de proteção.
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A medida tem como base dois pontos importantes: utilizar a base industrial já instalada e aproveitar a matéria-prima existente na região, inclusive com fornecedores locais. Pelo menos 50 empresas já estão cumprindo o protocolo para começar a produção.
Empregando cerca de 250 mil pessoas, entre empregos formais e informais em todo o Estado, o setor têxtil e de confecções da região Agreste movimenta quase R$ 6 bilhões, por ano. Atualmente, o setor é responsável por uma produção anual de mais de 225 milhões de peças.
Segundo o presidente do NTCPE, Wamberto Barbosa, o projeto prevê a recuperação de uma estrutura que se encontra ociosa na região, por conta da covid-19, e que pode aproveitar a demanda de atacadistas e do varejo que não tiveram impedimentos de continuar operando, como supermercados e farmácias. Outro canal de vendas são as redes sociais.
“O enfrentamento ao coronavírus impactou a economia global, mas a capacidade instalada do polo têxtil tem flexibilidade para atender essa nova demanda. A gente precisou pensar caminhos para reverter a situação e esse é um deles. Muita gente tem se reinventado nessa crise, então estudamos um modelo de produção que tivesse uma demanda que sustentasse a atividade e os empregos, mas que também permitisse aderência massiva do setor produtivo de confecções”, explicou Barbosa.
A medida, em tempos de coronavírus, é positiva, porque não exige investimentos no ajuste da estrutura das fábricas e utiliza matéria-prima que já se encontra presente nos estoques das empresas ou de fácil acesso, que são materiais de algodão (meia malha e moletinho). Os insumos são utilizados, atualmente, para a produção de roupas de bebês. O caderno técnico para a produção de batas e máscaras podem ser solicitado aos gestores do NTCPE e também está disponível para download, no site oficial do NTCPE.
Wamberto ressalta que os produtos citados acima não têm os requisitos para atender os profissionais da saúde, mas estão aptos para a população em geral e, também, para serviços essenciais fora da área médica, como segurança pública (policiais e bombeiros), de coleta de lixo e outras atividades que não conseguiram parar totalmente. Segundo ele, as empresas já estão se sensibilizando para essa necessidade.
Mesmo com essa alteração na produção e sendo uma novidade para boa parte das empresas, o padrão de qualidade seguirá sendo monitorado, reforça Maíra Fischer, secretária executiva de Políticas de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco.
O governo afirma que também tem estudado uma linha de crédito para o setor, que será ofertada via Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE). Em paralelo, o NTCPE vai buscar os canais de venda para movimentar essa produção nova, seja compras do governo ou o próprio atacado e o varejo que não foi impactado com a suspensão das atividades, que é o caso de supermercados e farmácias. “As empresas também devem reforçar a divulgação em seus canais próprios”, detalha Wamberto Barbosa.